terça-feira, 10 de março de 2015


Obama prepara golpe contra Maduro na Venezuela... No Brasil, Casa Branca prefere ver Dilma sangrar aplicando o programa neoliberal

O governo Obama acaba de decretar que a Venezuela é “uma ameaça à segurança nacional dos EUA e sua política externa”. Esta medida significa que o imperialismo ianque avisou publicamente que está preparando uma investida política e militar contra a pátria de Hugo Chávez, em um nível superior as agressões que vimos até agora! Obama anunciou sanções contra a Venezuela e proibiu sete altos-funcionários do governo Maduro de ingressarem no país poucos dias depois da prisão do reacionário prefeito de Caracas, responsável por organizar uma tentativa de golpe em que planejava o assassinato de Maduro. Cinicamente, a Casa Branca, a maior máquina de guerra, golpes e torturas do planeta, acusa a Venezuela de violações de direitos humanos e da liberdade de imprensa! Por sua vez, os EUA pretendem reduzir a importação de petróleo para aprofundar a crise econômica no país já que o óleo cru é o principal produto da pauta de exportação da Venezuela. Com esse conjunto de medidas os EUA estão preparando as condições para desestabilizar o país e desferir uma agressão militar contra a Venezuela, obviamente precedida de ações secretas da CIA para justificar aos olhos da chamada opinião pública mundial sua investida reacionária. Foi assim quando a embaixada dos EUA junto com um setor da FFAA e dos empresários orquestraram o golpe de 2002, acusando Chávez de cometer o massacre de seu próprio povo com franco atiradores nas ruas de Caracas. O mesmo script macabro se produziu na Líbia contra Kadaffi e na Síria contra Assad, mais recentemente a morte do procurador Nisman na Argentina e do opositor Boris Nemtsov na Rússia visam também desestabilizar esses dois países cujos governos não estão alinhados automaticamente com os ditames de Washington. A LBI, ao defender o voto crítico em Maduro nas eleições de abril de 2013 (enquanto todo o arco revisionista do trotskista desde o PSTU até Causa Operária pregavam o Voto Nulo em uma neutralidade criminosa) apontava a época que a Venezuela era de fato o país em que o imperialismo ianque preparava um golpe de estado cívico-militar, por esta razão afirmamos “Os bolcheviques leninistas da LBI acertaram plenamente, nesta nova conjuntura aberta na Venezuela, em depositar pela primeira vez o apoio crítico ao chavismo, tendo como foco de análise o brutal avanço da ofensiva imperialista mundial detonada após a derrubada do regime burguês nacionalista líbio pelas forças da OTAN. Se o triunfo ou derrota histórica da classe operária venezuelana não se definirá no terreno eleitoral, um resultado desastroso nestas eleições poderia significar um ‘start’ para a intervenção militar ianque aberta, já bem encaminhada com os golpes de estado em Honduras e Paraguay” (Editorial do Jornal Luta Operária nº 255, 1ª Quinzena de Abril/2013). O mais tragicômico é que o PCO e seus satélites liliputianos que agora veem o “golpe iminente” onde ele não existe, como no caso do Brasil de Dilma, optaram pela política do “nem, nem” na Venezuela, país onde de fato existia e segue existindo esta ameaça real! Por sua vez na Líbia de Kadaffi fizeram pior, apoiaram diretamente a “revolução made in CIA” enquanto a OTAN dava um verdadeiro golpe sangrento no país travestido de defensora dos direitos humanos contra um suposto “ditador sanguinário”, como repetiam à época estes canalhas pseudo-trotskistas. O impressionismo desses senhores é completo já que Dilma aqui aplica à risca o programa neoliberal ditado pela Casa Branca e não toma nenhuma medida (mesmo tímida!) de enfrentamento com o imperialismo. Por esta razão não há golpe em curso e sim uma sangria política na medida que o PT perde sua base político-social e abre caminho para o tucanato em 2018. Felizmente, como Marxistas Revolucionários não sofremos destes delírios camaleônicos próprio do revisionismo, portanto reafirmamos nosso chamado a vanguarda classista venezuelana e latino-americana a derrotar a investida do imperialismo ianque contra o governo Maduro através da resistência direta dos trabalhadores contra os golpistas “made in USA”!

Logo após as eleições na pátria do chavismo, a direita golpista ligada diretamente ao imperialismo ianque anunciou que não reconhecia os resultados das urnas e partiu para ataques fascistas contra várias sedes do partido chavista pelo país, incendiando-as e deixando um rastro de sangue de sete mortos. Sem dúvida alguma, houve um avanço da contrarrevolução na Venezuela, com a burguesia nativa e a Casa Branca partindo para uma dura ofensiva diante da aberta polarização política e social, que definitivamente não se revolverá no terreno eleitoral. Este quadro político dramático que dividiu a Venezuela ao meio confirmou plenamente o acerto da posição principista da LBI de convocar o apoio crítico a Maduro, com total independência do chavismo e seu programa nacionalista burguês. Longe de patrocinar ilusões na candidatura do PSUV afirmamos que ela expressava deformadamente o sentimento e a tendência política das massas de lutar contra o imperialismo e seus marionetes. Por esta razão, apontamos em plena campanha eleitoral, que era necessário combater centralmente nas ruas, fábricas e no campo os inimigos de classe do proletariado, perspectiva que só se reforçou após o resultado eleitoral apertado. No caso de um êxito eleitoral de Capriles, em um cenário imediatamente após o assassinato de Chavez, as consequências políticas seriam trágicas não só para o proletariado da Venezuela, mas para o conjunto da América Latina. A tarefa que se impõe nesta polarizada conjuntura, acompanhando a evolução política das massas, é a construção do partido operário revolucionário, única forma de combate consequente ao Estado capitalista, cabendo à vanguarda do proletariado adotar uma política de “estimular” as tendências de radicalização dos trabalhadores para que se choque com os limites impostos pelo próprio Maduro e a direção do PSUV a frente do governo!

Lembremos que em meio ao debate sobre o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, onde diversos setores da “esquerda” não integrados diretamente a frente popular passaram a professar o “voto crítico em Dilma”, alguns revisionistas contestam porque a LBI não defendeu o apoio à candidata do PT “para derrotar a direta” já que em 2013 advogamos o voto crítico em Maduro na Venezuela contra a ameaça concreta da direita golpista. Antes de mais nada é preciso compreender que a defesa do Voto Nulo (e também a participação nas eleições burguesas) não é uma questão de princípios para nossa corrente trotskista. O próprio núcleo fundador da LBI reivindica o voto crítico em Lula em 1989 porque naquele momento a candidatura da frente popular expressava (ainda que deformadamente) um enfrentamento de classe com o conjunto do regime político da “Nova República”, inclusive sendo o catalizador de diversas lutas diretas dos trabalhadores do campo e da cidade, apesar do programa de conciliação de classes do PT. De lá para cá (35 anos), houve a completa integração do PT a democracia burguesa e, mais particularmente em 2002, o partido de Lula assumiu o governo central no país em compromisso direto com o imperialismo ianque e a burguesia nativa de sustentação da ordem capitalista. O PT passou a ser um representante de classe do grande capital apesar da sua origem no movimento operário. Nesse sentido, deixou de ser um canal de expressão (mesmo limitado) da luta da classe operária contra a burguesia. O pacto social celebrado pela frente popular durante seu 12 anos de gerência é uma prova inquestionável do que afirmamos. Impôs o esmagamento das tendências de luta do povo pobre e bloqueou a radicalização dos combates nas ruas e locais de trabalho, optando-se por incrementar as políticas sociais “compensatórias” para os setores mais desorganizados e empobrecidos da sociedade capitalista e repressão a vanguarda classista enquanto foi garantido o lucro crescente aos bancos, empreiteiras e rentistas internacionais, como declarou recentemente o presidente do Bradesco, não por acaso apoiador da reeleição de Dilma.

A realidade venezuelana veio no sentido inverso desde que Chávez assumiu a presidência em 1999. O quadro político-eleitoral do país foi levando a uma radicalização da luta de classes, ao ponto do próprio Chávez denunciar o seu envenenamento pela CIA, assassinato que foi antecedido por uma tentativa de golpe de Estado (2002) que teve inclusive o sequestro do presidente. A morte do líder bolivariano levou milhares às ruas em mobilizações multitudinárias contra a direita golpista/fascista e colocou a candidatura de Maduro diretamente no centro deste enfrentamento protagonizado por gigantescas marchas de cunho anti-imperialistas. Não por acaso, durante a campanha eleitoral várias sedes do PSUV foram incendiadas e houveram enfrentamentos de ruas com dezenas de mortes. A vitória apertada de Maduro contra o fascista Capriles não foi sequer reconhecida pela Casa Branca, que incentivou a continuidade das mobilizações contra o “chavismo”. Neste quadro, foi mais do que justo chamar o voto crítico em Maduro para “estimular” as tendências de radicalização do setor popular e camponês que apoia o nacionalismo burguês, estabelecendo uma unidade tática eleitoral com o chavismo contra a candidatura de Capriles e sua “oposição unificada” arquitetada e dirigida desde a Casa Branca, sem capitular politicamente ao seu programa. Os marxistas apoiaram na Venezuela a tendência de giro à esquerda do movimento operário, utilizando os próprios instrumentos concretos construídos pela luta de classes, ainda que não sejam absolutamente “puros”, do ponto de vista de uma estratégia classista. A conjuntura de brutal ofensiva imperialista de “ajuste” contra suas semicolônias e o covarde assassinato do maior símbolo contemporâneo da resistência nacionalista a esta ofensiva imperial, obrigaram os marxistas a estabelecerem a tática da frente única, que no caso venezuelano aplicou-se também no terreno eleitoral.

Desde já declaramos que poderíamos até mesmo estabelecer um bloco com o PT, a ala esquerda da burguesia, mas não no terreno eleitoral e em outra conjuntura, onde a direita burguesa ameaçasse realmente o movimento de massas com um golpe fascista, como ocorreu na Venezuela e volta a acontecer agora. Neste momento a única ameaça concreta é a continuidade da política de “ajuste” neoliberal, que já vem sendo levada a cabo pelo governo do PT e com a possibilidade da volta do PSDB com certeza se intensificará, mas se trata de uma diferença de grau dentro das gerências da burguesia e não um conflito de classe. A “gerentona” petista que não faz nenhuma demagogia social e de “esquerda” para as massas como o chavismo, não tendo qualquer vínculo com o movimento operário! Estas diferenças são marcantes para definir a posição dos revolucionários tendo o marxismo como um “guia para a ação” e justamente é este o critério que adotamos na Venezuela mas que não estão atualmente presentes na realidade do Brasil.

Fazendo uma “comparação”, o governo do PT expressa um alinhamento político de “centro-esquerda” burguesa, mas suas iniciativas no campo estatal estão muito aquém de governos "progressistas" da América Latina como o de Maduro na Venezuela. Dilma adota um corte neoliberal em seu governo muito próximo ao próprio tucanato (privatizações), diferente portanto do governo nacionalista burguês de Maduro, que muito se assemelha Kadaffismo e ao Sandinismo nos 60 e 70, que tinham choques abertos com o imperialismo e eram considerados seus adversários políticos publicamente. Por sua vez, a atual coalizão encabeçada pelos tucanos não pode ser definida teoricamente como fascista, apesar do seu caráter reacionário e francamente direitista. A própria dinâmica da luta de classes, indicando uma etapa de correlação de forças abertamente favorável a burguesia não impõe as classes dominantes a necessidade de um regime fascista ou mesmo algo assemelhado no Brasil. Isto não significa de modo algum que no interior do PSDB, ou mesmo do REDE, não se fomente um “feto” com simpatias políticas pelo neonazismo, estamos evidentemente falando do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um candidato talhado para derrotar a Frente Popular em 2018 (ou antes mesmo do calendário eleitoral) com métodos golpistas e de “guerra civil” se necessário for. A ameaça fascista é uma resposta da burguesia a uma avanço da classe operária sobre as instituições apodrecidas do Estado burguês, corresponde a uma polarização aguda da luta de classes o que desgraçadamente está muito longe do que ocorre hoje no Brasil mas que estava presente claramente na Venezuela em 2013 e ainda mais atualmente. Neste marco, sem patrocinar nenhuma ilusão nestes gerências “progressistas”, declaramos que a ofensiva pró-imperialista que se avizinha deve ser combatida com os métodos de luta direta da classe operária na senda da construção de uma alternativa revolucionária de poder dos trabalhadores da cidade e do campo!