FAMÍLIA MORENISTA (PSTU, CST, MRS) “FLERTA” COM O FORA
DILMA! OS GENUÍNOS TROTSKISTAS DEFENDEM DEFENESTRAR AS MANIFESTAÇÕES
REACIONÁRIAS E DERROTAR O AJUSTE NEOLIBERAL!
Demorou pouco para os Morenistas “acenarem” com simpatia
para as manifestações da direita e começarem a pedir o “Fora Dilma”. Uma semana
após as marchas “verde e amarelas” de 15 de Março, o MRS, uma das alas mais
“ortodoxas” que reivindicam a política revisionista de Nahuel Moreno no Brasil
lançou a palavra de ordem “Fora Dilma! Fora Todos!” (24.03). Dias antes, o PSTU
declarava “Chega de Dilma, PSDB e PMDB! Fora todos os corruptos!” (18.03) e a CST
complementava “Multidão repudia Governo Dilma nas ruas do país”.
Não é de se estranhar que esta canalha morenista veja com grande simpatia as
manifestações reacionárias contra o governo do PT. Esta é a política
pró-imperialista que estes grupos vem adotando desde 2011 quando a Casa Branca
financiou os “rebeldes” pró-OTAN na Líbia iniciando a sanha neocolonialista
travestida de “Primavera Árabe”. Esta onda depois se estendeu a Síria contra Assad,
servindo até mesmo para justificar o apoio ao golpe militar no Egito para depor
a Irmandade Muçulmana, ação militar apresentada a época pelos morenistas como uma “vitória das massas”. O
fato de que no Brasil estes grupos revisionistas do trotskismo não tenham (ainda)
engrossado as marchas contra Dilma convocadas pela direita deve-se
ao caráter claramente reacionário e a forte presença de bandos abertamente
fascistas. Lembremos porém que as manifestações dirigidas pelos neomonarquias
do rei Idris contra Kadaffi na Líbia e pelos neonazistas do setor direito
contra o governo pró-moscou na Ucrânia em 2014 não impediram os morenistas de todas as cores de apresentarem estes movimentos como uma “revolução”, se colocando entusiasticamente no campo
político e militar da reação burguesa pró-imperialista contra governos de corte
nacionalistas-burgueses. A linha política que vem adotando o PSTU,
CST, MRS e afins se aproxima cada vez mais destes agrupamentos da direita em nome do
suposto combate a corrupção e ao governo do PT. Não por acaso o PSTU afirma “Os
atos do dia 15, apoiando-se no sentimento tremendamente majoritário e
progressivo de oposição e de indignação contra o governo do PT, acabaram tendo
na sua condução grupos de centro-direita e a participação explícita de partidos
da oposição de direita como o PSDB e o DEM, que tentam se beneficiar da crise
do governo para capitalizar eleitoralmente a insatisfação existente” no que é
apoiado pela CST: “Com um programa difuso, o protesto expressou, sem dúvida,
uma imensa insatisfação sobre tudo da classe média mas também em setores de
trabalhadores de diversas categorias, que rompem massivamente com o governo e
com o PT”. Os mais delirantes, como o MRS, chegam a afirmar “O que analisar
deste importante de 15 de março de 2015? Muitos aspectos políticos estão ainda
para ser destrinchados. O principal é que retoma em um patamar já forte,
crítico e de pressão total as lutas dos trabalhadores no Brasil – sim, foram os
trabalhadores, massivamente, que estavam nas ruas!”. Em resumo, para todo arco
morenista, as marchas do dia 15 foram movimentos progressivos e que devem ter
sua direção disputada com a direita. Ocorre que apesar do desejo destes
revisionistas é a direita que não permite ver nada parecido com “esquerda” em suas manifestações. Por isso chega a ser hilário que
o MNN (satélite dos morenistas oficiais) ao convocar o PSTU e o PSOL a
engrossar as marchas da direita, lembre de forma tragicômica que “É bem
possível que a esquerda ainda não possa intervir diretamente nos atos, por
questões de segurança”, ou seja, nós queremos a unidade com a reação burguesa
contra o PT mas se formos a suas marchas podemos não sair vivos!!! Como se
observa, esta política de conjunto jogo água no moinho de fortalecer uma saída
reacionária diante da crise política do governo Dilma e não aponta em uma
alternativa revolucionária para os trabalhadores intervir na polarizada
conjuntura em que vivemos. Diante desta realidade, qual a tarefa dos Marxistas
Revolucionários e da vanguarda classista que se opõem ao ajuste neoliberal
aplicado por Dilma-Levy e desejam derrotar a oposição demo-tucana e seus sócios
fascistas? Neste momento crucial é preciso deixar claro que não há perigo
de golpe (militar ou parlamentar) porque o grosso da burguesia e mesmo o
imperialismo ianque dão o aval para que Dilma prossiga no ataque aos
trabalhadores como vimos nas últimas medidas aprovadas no parlamento. Portanto, é preciso
convocar a mobilização direta contra o ajuste neoliberal e para esmagar a
direita fascista nas ruas. Como não podemos esperar que o arco da esquerda “chapa
branca” seja capaz de lutar dignamente contra o ascenso da extrema direita, é
tarefa das forças da esquerda mais consequente e de seus aliados genuinamente
democráticos impedir que as manifestações reacionárias galvanizem setores da
população mais castigados pela política neomonetarista do governo. Se impõe a
construção de uma mobilização operária e popular, que pela via da ação direta
das massas esmague o germe do fascismo e derrote seus cúmplices oficiais, uma
orientação oposta do “flerte” criminoso que os morenistas vem fazendo para a
direita, impressionados com as marchas multitudinárias que ocorreram no país no
dia 15 e podem se repetir em 12 de abril. Um bom começo para iniciar esta tarefa seria convocar manifestações em 1º de abril, quando se completam os 51
anos do golpe militar de 1964 para chamar pela derrota da reação burguesa e
contra o ajuste neoliberal, convocando inclusive os setores da frente popular
que se opõem as medidas neoliberais de Levy a de fato lutarem contra a
investidas do governo Dilma para retirar direitos dos trabalhadores através da construção de
uma dia nacional de luta rumo a construção da Greve Geral!
Para que façamos um debate mais preciso tendo como
referência o marxismo, vamos citar as caracterizações destes grupos sobre os
protestos do dia 15, para que não nos acusem de “falsificadores” e
“stalinismo”. Segundo o PSTU, “A manifestação do dia 15, então, embora tenha
por trás dos grupos que a organizaram a oposição de direita e tenham dela
participado setores de classe média que respondem a um ideário de centro-direita, não inaugura uma onda conservadora no país. Ao contrário, a classe
operária e toda a classe trabalhadora, que são a imensa maioria dos habitantes
deste país, estão indignados com o governo federal do PT e com todos os
governadores do PSDB, do PMDB e demais partidos que aplicam o ajuste fiscal,
além do próprio Congresso Nacional e sua maioria de deputados corruptos”. Por
sua vez, a CST declarou “nós, da CST/PSOL, não fomos nem ao ato do dia 13 e
como ao ato do dia 15. Mas não foi por não concordarmos com a justa indignação
dos manifestantes do domingo, 15 de março, mas pela manipulação que tentaram e
tentarão fazer os líderes e partidos da antiga direita, assim como os setores
golpistas, ainda que sejam minoritários”. Em ambas avaliações PSTU e CST tentam
mostrar os participantes do dia 15 como “indignados com o governo do PT”, por
essa razão estão simpáticos as marchas apesar das ressalvas. Seriam manifestações progressistas e não parte da onda conservadora que ganha corpo no país. O próximo passo
dessa política suicida seria justamente intervir nelas para disputar sua direção? Pelo
que parece esta é uma perspectiva que vem ganhando força entre os revisionistas nativos,
sua política pelo planeta já demonstrou isso.
Alguém duvida desta tendência? Vejamos o que dizem o MRS e MNN, que levam
adiante o caminho iniciado pelos dois grupos morenistas mais importantes no
Brasil. O MRS afirma claramente “Desde novembro de 2014 o sistema de palavras
de ordens do MRS - Movimento Revolucionário Socialista é: ‘Fora Dilma! Fora PT,
PSDB, PMDB! Fora o Congresso Corrupto! Fora todos!!! Que os trabalhadores
governem!’ E continua mais que nunca a chamar os trabalhadores e a juventude
trabalhadora nessa perspectiva - essas consignas estão nas ações das massas.
Mas precisam ser mais compactas, e ‘FORA DILMA, FORA TODOS, QUE OS
TRABALHADORES GOVERNEM’ pode sintetizar melhor os sentimentos das massas nas
ruas. Pois elas rechaçam Dilma, o PT, o Congresso Nacional, os políticos, mas
também ainda titubeiam e ainda estão e ou parecem guardar algumas ilusões e
pior, estão sendo fortemente assediadas pela direita tradicional – como o
PSDB/Aécio à frente. E é preciso disputar a consciência e as ações mais
radicalizadas das massas. Isso é algo fácil de promover? Não. Mas é preciso
dizer também, que em nossa época desafiadora, não cabe covardia, indiferença, ‘ficar
em cima do muro ‘,ou pior, se perfilhar ao lado do PT, do governo, que é de
direita sim (!) Como o fazem traidora e vergonhosamente o PSOL, PSTU, PCB e PCO
– que inclusive ou fizeram abertamente campanha e deram apoio
político-eleitoral ao PT no segundo turno, ou se fizeram velados, mortos-vivos
desde o segundo turno até aqui”. Note-se que não há qualquer referência na
palavra de ordem do MRS no sentido de derrotar a direita fascista, ao contrário, eles
defendem intervir nas marchas “verde-amarelas” para “disputar a consciência e
as ações”. Trata-se claramente de estabelecer uma frente única com a reação
burguesa. O MNN é ainda mais incisivo, inclusive convocando o PSTU e PSOL a
estarem a cabeça das manifestações reacionárias. Vejam o que dizem estes
canalhas: “Camaradas, os dias 13 e 15 não podem ser equiparados. Em vez de
equipará-los e propor uma terceira via, mais proveitoso seria, nos parece,
engrossar atos como o do dia 15 com setores organizados da classe trabalhadora.
Isso eclipsaria a direita que está se apropriando ilegitimamente da revolta da
imensa maioria da população brasileira contra a corrupção e a carestia de vida.
Essa direita não tem base social alguma; é formada em parte por jovens
adolescentes pequeno-burgueses como o ‘Movimento Brasil Livre’ (financiado por
JP Lemann). Não podemos aceitar que esse tipo de gente se aproprie de um
movimento de massas, com influência relevante sobre a casse trabalhadora! A
classe operária poderia paralisar seus locais de trabalho e participar de
atividades como a do dia 15, o que colocaria esses atos sob sua influência, bem
como colocaria a pressão sobre o governo num novo patamar”. Mais claro impossível, MNN e o MRS cobram coerência do
PSTU e da CST que na Líbia, Síria, Egito, Ucrânia e na Venezuela adotaram a
unidade de ação com a reação burguesa em nome de disputar a direção dos “rebeldes”. Por esta tese estamos vendo o início da "revolução verde amarela", assim como a das cores que ocorreu no Leste Europeu contra o stalinismo!!!
Diante da política da família morenista e seus satélites de “flertar”
com a direita reacionária em nome de “Fora Dillma” e, por outro lado, da
política do PT, PCdoB e do PCO em defender o governo da frente popular contra o
suposto “golpe da direita”, o que os genuínos trotskistas devem apontar
para os lutadores e a vanguarda classista: lutemos por defenestrar as
manifestações reacionárias e derrotar o ajuste neoliberal! A linha política
da burguesia de conjunto não é a do golpe de estado, incluindo a mídia
corporativa, mas a de sustentar nas cordas o governo diante do encurralamento
social, estimulando ao máximo seu “sangramento” seja no Congresso ou nas
mobilizações de rua que tendem a crescer ainda mais. Por seu turno o comando do
governo “pactuou” com a burguesia esta orientação defensiva, ou seja, absorveu
as manifestações do dia 15 como uma ‘expressão democrática e anunciou que seguirá
inflexível com a política do “ajuste” contra as massas. Para os Marxistas
Revolucionários não se trata de perfilar, em unidade de ação, com o governo
burguês contra a falácia de um golpe de estado em marcha. Também não se coloca
a defesa em geral do regime democrático supostamente ameaçado por uma
conspiração militar. Caso estivessem postos estes elementos na conjuntura, como
estiveram em 64, não hesitaríamos em momento algum de impulsionar uma frente
única com o governo Dilma contra o golpe e imperialismo. Porém a situação
nacional aponta em outra direção, este governo segue contando com o apoio “crítico”
do imperialismo para implementar as “contrarreformas” impostas pelo capital
financeiro internacional. A plataforma de lutas do movimento operário deve se
concentrar em derrotar o “ajuste” pela via da ação direta dos explorados. Dentro
desta conjuntura, onde a classe operária atomizada não estabelece uma
"ameaça" concreta de tomada do poder, e portanto, para a burguesia
não interessa politicamente romper a ordem institucional vigente, a tarefa que
se impõe aos que não se vergaram a política de cooptação da Frente Popular e
tampouco se "acovardam" com o fantasma de um golpe de estado
inexistente, é a da construção de uma Frente Operária, Popular e da Esquerda
classista para derrotar o ajuste neoliberal e enfrentar a direita fascista! Se
trata justamente de combater o governo do PT que não recua em suas investidas
contra os explorados e ganhar força através do movimento de massas, greves e
ocupações para enfrentar a reação burguesa que colocou a cabeça para fora com
força no último dia 15.