sábado, 28 de março de 2015


ARÁBIA SAUDITA BOMBARDEIA O IÊMEN PARA MANTER O PAÍS COMO ALIADO SERVIL DOS EUA! FRENTE ÚNICA COM A MILÍCIA HOUTHIS E O IRÃ PARA DERROTAR O ATAQUE A SERVIÇO DO IMPERIALISMO IANQUE!

O Iêmen foi bombardeado nesta semana por 100 caças da força aérea saudita, deixando centenas de mortos e feridos. O objetivo da operação apoiada pelo imperialismo ianque é deter o avanço da milícia xiita Houthis. A situação é tão crítica que cerca de 100 agentes das Forças Especiais norte-americanas deixaram a base militar de Al Anad, no sul do país, depois que surgiram “questões de segurança”. Nos últimos dias, um grupo de rebeldes tomou o controle de uma cidade próxima a base e centenas de prisioneiros escaparam de prisões locais. Mesmo depois do bombardeio, o presidente do Iêmen, Abdo Rabbo Mansour Hadi, deixou o país neste sábado em direção à Arábia Saudita para ter proteção da monarquia saudita. Em declarações afirmou não ter intenção de retornar ao território iemenita. Por sua vez grupos sunitas ligados a petro-monarquia saudita atacaram por terra colunas da milícia Houthis. A operação envolve a participação de outros países do chamado Comando Geral do Golfo (CGC) como Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein e Egito, uma aliança militar pró-imperialista, tanto que o embaixador saudita em Washington, Adel Al Jubeir, declarou que “consultou” os EUA sobre a operação. Após seu pronunciamento, a Casa Branca divulgou que o presidente Obama autorizou apoio de logística e de inteligência para apoiar a Arábia Saudita na operação. O governo militar golpista do Egito também divulgou que oferece ajuda militar e política, com participação aérea, naval ou terrestre. Como se observa trata-se de uma nova intervenção do imperialismo na região. Desde já, os marxistas revolucionários se postam no campo da luta aberta contra a agressão imperialista e em frente única de ação com as forças nativas que se colocam contra a investida dos EUA, Israel e da Arábia Saudita, principalmente por que esta ofensiva está direcionada estrategicamente contra o Irã, que apoia os Houthis. A milícia xiita Houthis está sendo alvo dos bombardeios e deve ser defendida. Ainda que não tenhamos a menor identidade programática com esse grupo, muito pelo contrário, denunciamos seu programa reacionário, teocrático e burguês, nos postamos em seu campo militar na medida em que se enfrentam com a agressão imperialista e no calor do combate buscamos forjar uma alternativa proletária e comunista no Iêmen.

Em seu discurso na cúpula da Liga Árabe realizada a poucos dias no Egito e ante de fugir do país, o presidente do Iêmen Abdo Rabbo Mansour Hadi, pediu que a operação militar liderada pela Arábia Saudita continue em seu país até que os rebeldes houthis “se rendam”. Ele declarou que os Houthis “saiam das províncias e instituições que ocuparam e devolvam as armas, médias e pesadas, que saquearam dos quartéis militares”. Hadi também afirmou que os rebeldes xiitas “conspiram com o Irã contra a unidade do Iêmen”. Segundo ele “Os houthis violaram a soberania do Iêmen e são fantoches do Irã. A culpa da crise generalizada no país não é de ninguém além deles. A intervenção militar precisa continuar até a rendição dos houthis”. A fala de Hadi teve apoio do facínora presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, que apoiou a criação de uma junta militar para conter grupos insurgentes em países que estejam “com a estabilidade ameaçada”. Em resposta, o governo do Irã pediu, nesta sexta-feira (27), que a Arábia Saudita pare imediatamente seus ataques contra posições do movimento insurgente Houthis, ao considerá-los uma violação da soberania do Iêmen que só conduzirá a um banho de sangue: “Demandamos o fim imediato das operações militares sauditas no Iêmen”, assinalou um pronunciamento do ministro de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, pelo canal televisivo árabe Al-Alam. Zarif afirmou que a denominada Operação Tempestade Al-Hazm (Firme), iniciada na madrugada de quarta-feira (25) para quinta-feira (26) por Riad, constitui uma transgressão da soberania iemenita e advertiu que Teerã “não medirá esforços para conter a crise no Iêmen”. “Os sauditas estão irritados por terem perdido seu quintal na região, e isso fez com que adotassem medidas injustificáveis e desumanas e atacassem o povo do Iêmen. No entanto o povo do Iêmen não vai deixar sem resposta a agressão saudita”, declarou o vice-presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano, Mansur Haqiqatpur.

Como resultado dos ataques aéreos sauditas, 40 civis foram mortos e dezenas ficaram feridos. No mesmo dia centenas de milhares de iemenitas organizaram uma marcha contra a agressão liderada pela Arábia Saudita e reiteraram o seu apoio ao movimento popular que comanda a capital do país Sanaa, que teve cortes de energia e suspensão do serviço de Internet. Os Houthi, são uma tribo poderosa do norte do Iêmen, controlam a capital desde setembro do ano passado e provocaram a saída do presidente do país. O líder dos Houthi do Iêmen disse que a Arábia Saudita conduz ataques injustos e hediondos no povo iemenita, dizendo que o reino árabe está servindo como um fantoche para os Estados Unidos e o regime israelense. Abdul Malik al Houthi fez as declarações em um discurso transmitido pela televisão em reação à “injustificável” ação de ataques mortais da Arábia Saudita no povo iemenita. A Arábia Saudita é um fantoche à disposição das superpotências, declarou o líder Houthi disse, acrescentando que Riyadh está colocando em ação a conspiração israelense no Iêmen. Ele observou que o plano dos EUA e Israel no Iêmen tem como objetivo acabar com o país caótico e privar as pessoas de segurança e liberdade. Ao lado da Arábia Saudita, o Iêmen é o grande aliado do EUA na região estratégica da Península Arábica. Em outras palavras: esta nação foi transformada em Estado títere dos interesses ianques por sua petromonarquia vende-pátria, que agora fazem a intervenção militar para não perder o controle do país. O regime saudita agora se aliou à opção israelense: estará mais alinhado com os interesses israelenses na região e será também mais agressivo e violento na busca dos interesses do regime. Em todas as questões da política árabe, o regime saudita está alinhado ao lado de Israel. Que ninguém se engane quanto a isso: Israel é o membro secreto da coalizão de países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) que está bombardeando o Iêmen.

Lembremos que em novembro de 2011 foi assinado na Arábia Saudita um “acordo da transição” no Iêmen. O então ex-presidente do país, Ali Abdullah Saleh, no comando de um regime títere das potências imperialistas há 33 anos, pactuou com os líderes da oposição burguesa um acordo em que se comprometeu a deixar o governo e de “quebra” abandonar o país rumo aos EUA. Pelo acordo assinado em Riad, o governo foi transferido ao seu vice, Hadi, considerado na época um nome de consenso entre todas as facções políticas do país. Ele foi o responsável de iniciar uma “transição democrática” sob a “supervisão” direta do governo Obama. Pelo acordo, Saleh e sua família também ganharam imunidade de 90 dias, na condição de permanecer como presidente “honorário” do país. O Iêmen estava sacudido por um levante popular. No curso da crise política do regime vigente, o presidente Saleh foi alvo de um ataque militar das forças de oposição, o que o obrigou a se refugiar na vizinha Arábia Saudita. Mesmo isolado politicamente, Saleh retornou ao Iêmen, sob a proteção da temida guarda republicana, para coordenar o pacto de transição com os setores da oposição considerada “moderada”, o que exclui as forças da Al Qaeda, contrária ao acordo. Já os Estados Unidos comemoraram o acordo, afirmando que era um “passo significativo”. “Os Estados Unidos aplaudem o governo iemenita e a oposição por chegar a um acordo para uma transição pacífica e organizada do poder”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner. O acordo segundo a Casa Brabca marcava “um passo significativo para o povo iemenita”, foi este pacto que explodiu agora e provocou o bombardeio do país pela Arábia Saudita.

Como o conflito do Iêmen envolve também diretamente o Iraque deixamos claro que os revolucionários não são partidários do regime dos Aitolás no Irã, embora reconhecemos os avanços anti-imperialistas conquistados pelas massas em 1979. Ao mesmo tempo, defendemos integralmente o direito deste país oprimido a possuir todo arsenal militar atômico ao seu alcance. É absolutamente sórdido e cretino que o imperialismo ianque e seus satélites pretendam proibir o acesso à tecnologia atômica aos países que não se alinham com a Casa Branca, quando esta arma “até os dentes” Estados gendarmes como Israel com farta munição atômica. Como marxistas não dissimulamos em um só momento o caráter burguês e obscurantista dos regimes nacionalistas do Irã ou do próprio Hezbollah, braço armado do islamismo mais “radical”. Mas estes fatos em nada mudam a posição comunista diante de uma agressão imperialista contra uma nação oprimida. Não nos omitiremos de estabelecer uma unidade de ação com o regime dos aiatolás, diante de uma agressão imperialista, utilizando a lógica canalha de que se trata um estado “fundamentalista”, como fazem os bastardos da LIT. É bom lembrar que os marxistas já estabeleceram uma frente única com os aiatolás na derrubada do Xá Reza Pahlevi e seu regime pró-imperialista, apesar de conhecermos o caráter de classe da direção religiosa muçulmana. No caso específico do Iêmen, os comunistas revolucionários devem postar no campo militar da milícia Houthis que se opõem à investida neocolonialista e buscam paralelamente forjar a construção de um partido revolucionário internacionalista, porque uma vitória do imperialismo no Iêmen fortalece seu domínio sobre a região, favorecendo seus planos de atacar a Síria e o Irã. O eixo central da atuação dos marxistas leninistas na região continua a ser a frente única de ação com todas as forças que combatam concretamente pela derrota militar da OTAN e o enclave de Israel, no campo de luta da Palestina, Líbano, Síria e Irã.