ARÁBIA SAUDITA BOMBARDEIA O IÊMEN PARA MANTER O PAÍS COMO
ALIADO SERVIL DOS EUA! FRENTE ÚNICA COM A MILÍCIA HOUTHIS E O IRÃ PARA DERROTAR
O ATAQUE A SERVIÇO DO IMPERIALISMO IANQUE!
O Iêmen foi bombardeado nesta semana por 100 caças da força
aérea saudita, deixando centenas de mortos e feridos. O objetivo da operação
apoiada pelo imperialismo ianque é deter o avanço da milícia xiita Houthis. A
situação é tão crítica que cerca de 100 agentes das Forças Especiais
norte-americanas deixaram a base militar de Al Anad, no sul do país, depois que
surgiram “questões de segurança”. Nos últimos dias, um grupo de rebeldes tomou
o controle de uma cidade próxima a base e centenas de prisioneiros escaparam de
prisões locais. Mesmo depois do bombardeio, o presidente do Iêmen, Abdo Rabbo
Mansour Hadi, deixou o país neste sábado em direção à Arábia Saudita para ter
proteção da monarquia saudita. Em declarações afirmou não ter intenção de
retornar ao território iemenita. Por sua vez grupos sunitas ligados a
petro-monarquia saudita atacaram por terra colunas da milícia Houthis. A
operação envolve a participação de outros países do chamado Comando Geral do
Golfo (CGC) como Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein e Egito, uma aliança
militar pró-imperialista, tanto que o embaixador saudita em Washington, Adel Al
Jubeir, declarou que “consultou” os EUA sobre a operação. Após seu
pronunciamento, a Casa Branca divulgou que o presidente Obama autorizou apoio
de logística e de inteligência para apoiar a Arábia Saudita na operação. O
governo militar golpista do Egito também divulgou que oferece ajuda militar e
política, com participação aérea, naval ou terrestre. Como se observa trata-se
de uma nova intervenção do imperialismo na região. Desde já, os marxistas
revolucionários se postam no campo da luta aberta contra a agressão
imperialista e em frente única de ação com as forças nativas que se colocam
contra a investida dos EUA, Israel e da Arábia Saudita, principalmente por que
esta ofensiva está direcionada estrategicamente contra o Irã, que apoia os
Houthis. A milícia xiita Houthis está sendo alvo dos bombardeios e deve ser
defendida. Ainda que não tenhamos a menor identidade programática com esse
grupo, muito pelo contrário, denunciamos seu programa reacionário, teocrático e
burguês, nos postamos em seu campo militar na medida em que se enfrentam com a
agressão imperialista e no calor do combate buscamos forjar uma alternativa
proletária e comunista no Iêmen.
Em seu discurso na cúpula da Liga Árabe realizada a poucos
dias no Egito e ante de fugir do país, o presidente do Iêmen Abdo Rabbo Mansour
Hadi, pediu que a operação militar liderada pela Arábia Saudita continue em seu
país até que os rebeldes houthis “se rendam”. Ele declarou que os Houthis
“saiam das províncias e instituições que ocuparam e devolvam as armas, médias e
pesadas, que saquearam dos quartéis militares”. Hadi também afirmou que os
rebeldes xiitas “conspiram com o Irã contra a unidade do Iêmen”. Segundo ele
“Os houthis violaram a soberania do Iêmen e são fantoches do Irã. A culpa da
crise generalizada no país não é de ninguém além deles. A intervenção militar
precisa continuar até a rendição dos houthis”. A fala de Hadi teve apoio do
facínora presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, que apoiou a criação de uma
junta militar para conter grupos insurgentes em países que estejam “com a
estabilidade ameaçada”. Em resposta, o governo do Irã pediu, nesta sexta-feira
(27), que a Arábia Saudita pare imediatamente seus ataques contra posições do
movimento insurgente Houthis, ao considerá-los uma violação da soberania do
Iêmen que só conduzirá a um banho de sangue: “Demandamos o fim imediato das
operações militares sauditas no Iêmen”, assinalou um pronunciamento do ministro
de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, pelo canal televisivo árabe
Al-Alam. Zarif afirmou que a denominada Operação Tempestade Al-Hazm (Firme),
iniciada na madrugada de quarta-feira (25) para quinta-feira (26) por Riad,
constitui uma transgressão da soberania iemenita e advertiu que Teerã “não
medirá esforços para conter a crise no Iêmen”. “Os sauditas estão irritados por
terem perdido seu quintal na região, e isso fez com que adotassem medidas
injustificáveis e desumanas e atacassem o povo do Iêmen. No entanto o povo do
Iêmen não vai deixar sem resposta a agressão saudita”, declarou o
vice-presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do
Parlamento iraniano, Mansur Haqiqatpur.
Como resultado dos ataques aéreos sauditas, 40 civis foram
mortos e dezenas ficaram feridos. No mesmo dia centenas de milhares de
iemenitas organizaram uma marcha contra a agressão liderada pela Arábia Saudita
e reiteraram o seu apoio ao movimento popular que comanda a capital do país
Sanaa, que teve cortes de energia e suspensão do serviço de Internet. Os
Houthi, são uma tribo poderosa do norte do Iêmen, controlam a capital desde
setembro do ano passado e provocaram a saída do presidente do país. O líder dos
Houthi do Iêmen disse que a Arábia Saudita conduz ataques injustos e hediondos
no povo iemenita, dizendo que o reino árabe está servindo como um fantoche para
os Estados Unidos e o regime israelense. Abdul Malik al Houthi fez as
declarações em um discurso transmitido pela televisão em reação à
“injustificável” ação de ataques mortais da Arábia Saudita no povo iemenita. A
Arábia Saudita é um fantoche à disposição das superpotências, declarou o líder
Houthi disse, acrescentando que Riyadh está colocando em ação a conspiração
israelense no Iêmen. Ele observou que o plano dos EUA e Israel no Iêmen tem
como objetivo acabar com o país caótico e privar as pessoas de segurança e
liberdade. Ao lado da Arábia Saudita, o Iêmen é o grande aliado do EUA na
região estratégica da Península Arábica. Em outras palavras: esta nação foi
transformada em Estado títere dos interesses ianques por sua petromonarquia
vende-pátria, que agora fazem a intervenção militar para não perder o controle
do país. O regime saudita agora se aliou à opção israelense: estará mais
alinhado com os interesses israelenses na região e será também mais agressivo e
violento na busca dos interesses do regime. Em todas as questões da política
árabe, o regime saudita está alinhado ao lado de Israel. Que ninguém se engane
quanto a isso: Israel é o membro secreto da coalizão de países do Conselho de
Cooperação do Golfo (CCG) que está bombardeando o Iêmen.
Lembremos que em novembro de 2011 foi assinado na Arábia Saudita um “acordo da transição” no Iêmen. O então ex-presidente do país, Ali Abdullah Saleh, no comando de um regime títere das potências imperialistas há 33 anos, pactuou com os líderes da oposição burguesa um acordo em que se comprometeu a deixar o governo e de “quebra” abandonar o país rumo aos EUA. Pelo acordo assinado em Riad, o governo foi transferido ao seu vice, Hadi, considerado na época um nome de consenso entre todas as facções políticas do país. Ele foi o responsável de iniciar uma “transição democrática” sob a “supervisão” direta do governo Obama. Pelo acordo, Saleh e sua família também ganharam imunidade de 90 dias, na condição de permanecer como presidente “honorário” do país. O Iêmen estava sacudido por um levante popular. No curso da crise política do regime vigente, o presidente Saleh foi alvo de um ataque militar das forças de oposição, o que o obrigou a se refugiar na vizinha Arábia Saudita. Mesmo isolado politicamente, Saleh retornou ao Iêmen, sob a proteção da temida guarda republicana, para coordenar o pacto de transição com os setores da oposição considerada “moderada”, o que exclui as forças da Al Qaeda, contrária ao acordo. Já os Estados Unidos comemoraram o acordo, afirmando que era um “passo significativo”. “Os Estados Unidos aplaudem o governo iemenita e a oposição por chegar a um acordo para uma transição pacífica e organizada do poder”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner. O acordo segundo a Casa Brabca marcava “um passo significativo para o povo iemenita”, foi este pacto que explodiu agora e provocou o bombardeio do país pela Arábia Saudita.
Como o conflito do Iêmen envolve também diretamente o Iraque
deixamos claro que os revolucionários não são partidários do regime dos Aitolás
no Irã, embora reconhecemos os avanços anti-imperialistas conquistados pelas
massas em 1979. Ao mesmo tempo, defendemos integralmente o direito deste país
oprimido a possuir todo arsenal militar atômico ao seu alcance. É absolutamente
sórdido e cretino que o imperialismo ianque e seus satélites pretendam proibir
o acesso à tecnologia atômica aos países que não se alinham com a Casa Branca,
quando esta arma “até os dentes” Estados gendarmes como Israel com farta
munição atômica. Como marxistas não dissimulamos em um só momento o caráter
burguês e obscurantista dos regimes nacionalistas do Irã ou do próprio
Hezbollah, braço armado do islamismo mais “radical”. Mas estes fatos em nada
mudam a posição comunista diante de uma agressão imperialista contra uma nação
oprimida. Não nos omitiremos de estabelecer uma unidade de ação com o regime
dos aiatolás, diante de uma agressão imperialista, utilizando a lógica canalha
de que se trata um estado “fundamentalista”, como fazem os bastardos da LIT. É
bom lembrar que os marxistas já estabeleceram uma frente única com os aiatolás
na derrubada do Xá Reza Pahlevi e seu regime pró-imperialista, apesar de
conhecermos o caráter de classe da direção religiosa muçulmana. No caso
específico do Iêmen, os comunistas revolucionários devem postar no campo
militar da milícia Houthis que se opõem à investida neocolonialista e buscam paralelamente
forjar a construção de um partido revolucionário internacionalista, porque uma
vitória do imperialismo no Iêmen fortalece seu domínio sobre a região,
favorecendo seus planos de atacar a Síria e o Irã. O eixo central da atuação
dos marxistas leninistas na região continua a ser a frente única de ação com
todas as forças que combatam concretamente pela derrota militar da OTAN e o
enclave de Israel, no campo de luta da Palestina, Líbano, Síria e Irã.