sexta-feira, 6 de março de 2015


Lista de Janot enviada ao STF "joga merda" no ventilador para todo lado retirando do PT sua "exclusividade criminal" na Lava Jato. PMDB e PSDB prometem "vingança" na CPI da Câmara!

Enfim o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF sua famosa lista de indiciados (ou investigados ainda não se sabe com precisão) no processo aberto com os escândalos das "comissões" na Petrobras. Espera-se que nesta sexta-feira (06/03) o ministro Teori Zavascki, responsável pelo primeiro trâmite do processo no STF, decida se revela publicamente a lista entregue pelo Procurador-Geral. Porém a imprensa corporativa já divulgou, como de praxe, em "primeira mão" (não se tem conhecimento de como sempre os "barões" da comunicação tem acesso a estas informações privilegiadas) alguns dos nomes que foram incluídos na lista de Janot. Entre os "homenageados" por Janot estão os presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Cunha e Calheiros, senadores do PT como Lindhberg Farias e Gleisi Hoffmann, Collor de Mello do PTB e possivelmente o tucano Aécio Neves. Segundo a imprensa Janot teria recomendado o "arquivamento" no caso do presidente do PSDB. Entre governadores envolvidos estariam o do Rio de Janeiro, Acre e até o finado Eduardo Campos. Em resumo a temida lista de cerca de 45 parlamentares engloba praticamente todo o arco político burguês do país, "democratizando" assim o escândalo de corrupção da Petrobras que até então concentrava na "criminalização exclusiva" do PT privilegiado no foco da chamada operação Lava Jato, chefiada pelo juiz federal Sérgio Moro. A reação dos novos "sócios" do PT (incluídos a força por Janot) na crise política aberta com o "Petrolão" foi violenta e imediata. Renan recusou votar no Senado uma Medida Provisória que retirava benefícios fiscais de empresas, Cunha "puxou o tapete" do PT ao mandar criar várias sub-relatorias na CPI da Câmara e por último Aécio acusou o governo de mandar a PGR incluir o seu nome na famigerada lista. O certo mesmo é que "atirando pra todo lado" Janot estimulou intensificar a crise política em curso, retirando o centro das iniciativas de Moro e possivelmente colocando nos braços da CPI o grande "balcão de negócios" para chantagear o governo Dilma. Se Dilma ganha fôlego neste primeiro momento por estar fora da tal lista, ficará refém ainda mais do PMDB agora "ferido" diretamente pelo envolvimento nas "delações premiadas" da Lava Jato. Mas se engana redondamente quem pensa que o governo está "morto", ao contrário segue bem vivo na plataforma do "ajuste" e acaba de sinalizar aos rentistas que continuará firme na escalada de aumento dos juros. Aplaudida pelos "mercados" a equipe econômica palaciana assiste passiva o ataque especulativo ao país com o Dólar na casa dos 3 Reais. O resultado imediato desta política neoliberal de "câmbio livre" será intensificar a disparada dos insumos básicos da economia e de "quebra" agilizar a falência da Petrobras. Enquanto o governo Dilma prepara sua própria sepultura política com o ataque às conquistas sociais, fomentando a recessão e arrocho salarial, as massas esboçam os primeiros passos de auto defesa, como a greve geral dos professores no Paraná e as iniciativas sociais do MST e do MTST. Ainda é prematuro projetar um final institucional para a atual crise política do governo e agora do próprio Congresso Nacional, embora a alternativa parlamentar do impeachment esteja descartada neste momento. O "sangramento" de Dilma deve prosseguir até que se complete todo o cronograma do "ajuste", existindo inclusive a possiblidade da falência parcial da Petrobras e também da abertura do mercado nacional para a entrada de grandes construtoras ianques.

Com a centralidade das investigações da "Lava Jato" agora a cargo do STF e da Procuradoria Geral da República deve perder força a chamada "República de Curitiba" comandada pelo juiz federal Sérgio Moro. Este fato deixou a cúpula tucana bastante irritada, já que Moro dirigia suas denúncias exclusivamente na direção das lideranças petistas. Para a mídia "murdochiana", que apostou pesado na mitificação da figura "justiceira" Moro, se coloca com muita urgência a missão de produzir o novo "Joaquim" no STF, um ministro da corte que deve impingir ao PT a pecha de partido mais corrupto de toda a história do Brasil.

A CPI da Câmara, atuando em paralelo ao STF e ao que ainda resta para Moro "extrair" sob tortura de seus presos em Curitiba contra o PT, terá como eixo inocentar os caciques do PMDB dos escândalos de corrupção na Petrobras. Ainda que esta seja quase uma missão impossível, posto que tudo aponta para Renan considerado o maior cobrador de "comissões" das empreiteiras. O presidente do Senado foi acusado inclusive de "estourar" o teto do percentual das "comissões" cobradas, isto na contramão da orientação de Lula, que quando chegou ao governo central conseguiu baixar todos os percentuais das "comissões", anteriormente bem elevadas na era FHC.

No clima de "Lama Geral" instaurado no Congresso será quase impossível avançar em qualquer processo de cassação seja de presidente ou mesmo de parlamentares, mas este elemento não significa que o governo Dilma retome as iniciativas políticas no Congresso Nacional. A tendência mais geral é que somente as medidas de "ajuste" contra as massas consigam transitar sem maiores obstáculos da oposição e também da base aliada. O proletariado deve se preparar para uma etapa obscura, onde as classes dominantes decadentes sob a farsa da busca da ética e do combate a corrupção pretendem descarregar o ônus da crise estrutural do capitalismo na costas dos trabalhadores e do povo oprimido.