quinta-feira, 27 de outubro de 2016


99 ANOS DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO: NA VÉSPERA DO CENTENÁRIO DA TOMADA DO PODER PELO PARTIDO BOLCHEVIQUE NOSSA TAREFA É MANTER-SE FIRME E VIGOROSO NA TRINCHEIRA DA DEFESA DO LENINISMO!

Nós Trotskistas celebramos os 99 anos da Revolução de Outubro de uma maneira muito especial, própria, defensista-revolucionária. Como herdeiros políticos do criador e comandante do Exército Vermelho, jamais fomos apologistas da então URSS burocratizada pelo stalinismo, porém sempre nos postamos como defensores incondicionais do Estado operária soviético mesmo degenerado até o fim de seus dias, na última das barricas de agosto de 1991. Trata-se da posição nos legada por Trotsky em sua vida militante, como dirigente da URSS, membro da Oposição de Esquerda e depois fundador da IV Internacional. Por essa razão não nos admiramos que às vésperas do centenário da tomada do poder pelo Partido Bolchevique em 1917, a burguesia não descanse em propagandear na mídia mundial vendida que o “comunismo morreu”, tentando para sempre espantar o espectro da sociedade sem classes defendida cientificamente por Marx e Engels. Se os capitalistas não se casam em tripudiar a obra de Lênin, Trotsky e do proletariado soviético com argumentos reacionários próprios das classes dominantes, a intelectualidade de “esquerda” (na verdade socialdemocrata) não fica distante, mesmo a que se reivindica “marxiana”. Em um terreno supostamente “mais elaborado” também é em geral crítica da experiência soviética, sempre que pode repudia em suas “cátedras” ou blogs o leninismo por seu “modelo” de partido “totalitário” comandado por “chefes infalíveis”, disciplinado de forma militar, dividido hierarquicamente entre “dirigentes e dirigidos”, uma conduta que supostamente segundo esses cretinos “esmagou a energia revolucionária do proletariado” pavimentando o caminho da ditadura sobre o proletariado. O centralismo democrático, pilar mestre do Partido Bolchevique que garantiu a vitória de Outubro, é apresentado como um câncer burocrático responsável em última instância, segundo esses pústulas, pelo surgimento da URSS como um verdadeiro “cárcere dos povos”. Esses senhores chegam a identificar o leninismo com o stalinismo apesar de toda luta política e programática que o dirigente maior bolchevique levou no fim da vida contra a burocratização do Partido e do Estado, com revela seu Testamento Político. Por seu turno, os revisionistas do Trotskismo, apesar de comemorarem formalmente a vitória de Outubro, não souberam defendê-la quando atacada pelo bloco restauracionista comandado por Yelstin em agosto de 1991, ao contrário, se postaram no campo do imperialismo aplaudindo a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS como uma “vitória revolucionária” porque esse “acontecimento histórico” debilitaria o aparato stalinista mundial. Aliás, “Muro” que estes renegados passaram décadas repetindo como papagaios da furibunda reação capitalista que se tratava da “vergonha” mundial da esquerda stalinista, uma propaganda voltada a atacar a própria URSS. Ainda hoje celebram o fim da “Cortina de Ferro” atuando em uníssono com o capital, desta forma ajudaram a arrancar as conquistas operárias históricas de um terço da civilização humana, na destruição da URSS e em mais de uma dezena de Estados Nacionais onde a economia foi socializada com a extinção do mercado. Como se observa, defender Outubro hoje não se trata de um gesto formal, de olhar de forma saudosista o passado há quase 100 anos atrás, mas de forjar na atualidade a militância revolucionária com consciência de classe para defender a vigência ideológica, política e programática do Partido Leninista e o futuro comunista da humanidade, que hoje marcha a passos largos rumo a barbárie. Nesta questão encontra-se o grande desafio dos genuínos Trotskistas hoje, que mesmo isolados em função da ofensiva ideológica, política e cultural em curso patrocinada pelo imperialismo mantém-se firmes na defesa de Outubro e da construção do Partido Mundial da Revolução Proletária!

Para celebrar os 99 anos da Revolução de Outubro poderíamos escrever um longo texto descrevendo os fatos históricos e políticos que levaram o Partido Bolchevique ao poder em 1917. Não faltam “especialistas” no assunto, ainda que não apliquem uma vírgula do legado deixado por Lênin e Trotsky. Por esta razão, como uma corrente Leninista militante, optamos por ligar as lições de Outubro aos desafios do proletariado e sua vanguarda hoje, no Brasil e no mundo, até porque para as novas gerações o Estado operário soviético, liquidado em 1991, já não existe mais, sendo esse combate político e teórico a própria defesa concreta da revolução hoje. Nesse sentido, a principal tarefa dos marxistas revolucionários reside justamente em reafirmar em pleno século XXI, contra todos os modismos adotados pela “esquerda” em geral e o revisionismo em particular, a vigência da construção do partido Leninista como núcleo de vanguarda comunista organizado e apoiado no armamento da classe operária, para tomar o poder da burguesia, condição essencial que levou a vitória do proletariado naqueles dias de 1917 e que se faz ainda mais necessária diante de uma conjuntura mundial absolutamente desfavorável para os trabalhadores em todo planeta. Fazemos este alerta porque a melhor homenagem que podemos render a esse triunfo histórico do proletariado mundial, quase um século depois de ocorrido e quando a URSS já não existe mais, é fazer um balanço das lições programáticas que levaram ao fim do Estado Operário soviético pelas mãos dos bandos restauracionistas apoiados pelo imperialismo. Desde já, aproveitamos a “oportunidade” para dizer que as mesmas forças políticas e sociais que festejaram a queda da pátria de Lênin, seja no campo burguês ou no terreno do revisionismo Trotskista, são as que em nome da “defesa de democracia”, saudaram a charlatanesca “Revolução Árabe” no norte da África e no Oriente Médio levada a cabo pela OTAN e seus mercenários “rebeldes”, não por acaso financiados pelas mesmas potências capitalistas que apoiaram o mafioso Yelstin em 1991 como alternativa “democrática” à “ditadura stalinista”. O fim da URSS, em 1991, foi sem dúvida a maior tragédia política para os trabalhadores de todo o mundo no século XX. A contrarrevolução que restaurou o capitalismo na União Soviética, abriu uma etapa histórica de um profundo retrocesso político e ideológico do proletariado mundial, marcado pela quebra das conquistas sociais dos trabalhadores em todo o mundo e pela ofensiva da recolonização imperialista cada vez mais amparada na agressão militar contra as nações oprimidas. Vergonhosamente, a maioria da esquerda mundial, incluindo correntes pseudotrotskistas, saudaram a destruição do Estado operário e das conquistas sociais Revolução de Outubro como um fato progressivo, “uma grande vitória dos trabalhadores e do povo” (1991 – Um golpe de direita, disfarçado com a bandeira vermelha – sitio do PSTU 19/10/2011). De fato, o que ocorreu na Rússia foi que o aprofundamento da política restauracionista, através da Perestoika de Gorbachev, fez que um setor da burocracia, encabeçado por Boris Yeltsin, rompesse com o PCUS para alçarem-se à condição de representantes diretos do imperialismo e candidatos a novos proprietários dos meios de produção, concluindo definitivamente o processo de restauração capitalista. A tentativa de golpe do chamado Comitê Estatal de Emergência, foi último recurso de uma burocracia desmoralizada e sem apoio de massas, para assegurar os seus próprios privilégios de casta burocrática dirigente do Estado operário. Para as correntes revisionistas do trotskismo, em 1991 houve uma revolução, cuja vitória se consistiu em que “as massas conseguiram derrubar o regime e conquistaram liberdades democráticas” (Idem). Com essa grotesca falsificação, apresentam uma contrarrevolução imperialista como se fosse a revolução política antiburocrática proposta por Trotsky, que nunca defendeu um regime de democracia burguesa como alternativa ao stalinismo, mas sim a democracia proletária, ou seja, a ditadura do proletariado exercida através dos sovietes, para assegurar as conquistas da Revolução de Outubro e impulsionar a revolução proletária mundial. Todo o malabarismo dos pseudotrotskistas para justificar seu apoio à destruição da URSS em nome das “liberdades democráticas”, só fazem revelar sua vergonhosa capitulação política ao imperialismo, da mesma forma como fazem hoje quando defendem com unhas e dentes a fantasiosa “Revolução Árabe”, dando coro à propaganda ideológica das grandes potências capitalistas e seus órgãos de inteligência. Fizeram isto de forma criminosa contra a Líbia, um país semicolonial não alinhado, ao convocarem  um movimento reacionário, armado e financiado pelo imperialismo, de “revolução democrática” levado a cabo pelos “rebeldes”. Na verdade, as correntes de esquerda que apoiaram descaradamente a intervenção imperialista na Líbia e hoje fazem o mesmo na Síria e no Irã, negam categoricamente as lições mais elementares da Revolução de Outubro, porque há muito abandonaram o leninismo e a estratégia da luta revolucionária pela conquista do poder pelo proletariado e se deixaram corromper pela mídia pró-império e pelos encantos da democracia burguesa. Para essa escória, já não é mais necessário, como faziam os mencheviques e outras correntes oportunistas do século XX, apresentar a revolução democrática como uma etapa para chegar ao socialismo, pois, na atual etapa de reação política e ideológica, já fizeram da democracia dos ricos e instituições corruptas do Estado burguês o seu próprio objetivo.

Com posições abertamente pró-imperialistas as correntes pseudotrotskistas vão muito além do campo do revisionismo do marxismo, passando a estabelecer uma clara aliança com a reação capitalista das transnacionais do petróleo em sua ofensiva sobre os povos árabes. Para os que acusaram a LBI de “capitular a Kadaffi” por defender a Líbia da agressão da OTAN em frente única com as forças que apoiavam o regime e agora fazem o mesmo na Síria, quando estamos contra a escalada terrorista dos mercenários que desejam derrubar o governo da oligarquia Assad para impor um títere da Casa Branca em Damasco, a escória política da mesma cepa dos que caluniavam Trotsky de capitular a Stálin, respondemos com as sábias lições nos deixada pelo “velho bolchevique”, plenamente válidas até nossos dias: “Stalin derrubado pelos trabalhadores: é um grande passo para o socialismo. Stalin eliminado pelos imperialistas: é a contrarrevolução que triunfa” (Em Defesa do Marxismo). Estes revisionistas foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma “triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Não por coincidência, cometeram hoje a mesma traição de ontem, ao renegarem a defesa incondicional da URSS. Agora se colocam ao lado da OTAN e de seus “rebeldes” mercenários na Síria em nome de derrotar as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio, quando na verdade está em curso um processo de desestabilização dos decadentes regimes nacionalistas daquela região!

Como dizia Trotsky, “A emancipação dos operários não pode ser senão obra dos próprios operários. Não há, pois, crime pior do que enganar as massas, do que fazer passar as derrotas por vitórias” (A moral deles e a nossa, 09/1938). Para encobrir sua impotência diante dos acontecimentos, os revisionistas do trotskismo tentam vender as derrotas como vitórias. Apresentaram a restauração capitalista na URSS e Leste europeu como revoluções e o crash de 2008 apontaram como sendo o próprio fim do capitalismo. Não tendo um Partido Revolucionário para sequer se defender, são os trabalhadores que pagam a crise da grande burguesia que usa as perdas de suas empresas para justificar uma apropriação inaudita de recursos estatais. Em que pese ser o epicentro da última crise, os EUA sequer perderão seu posto hegemônico na economia mundial, enquanto seu domínio estiver lastreado por seu poderio militar dominante, enquanto o proletariado estadunidense seguir intoxicado por sua própria burguesia através do Partido Democrata auxiliado por reformistas (Sanders) e não poucos pseudotrotskistas que defendem o direito a existência do enclave sionista e se opõem à vitória militar dos povos oprimidos sobre os EUA. Para Trotsky como para Lenin não há situação sem saída para o capitalismo, cujo único coveiro é a tomada do poder estatal pelos trabalhadores organizados em um Partido Comunista.

Para os autênticos Revolucionários Marxistas, que não se curvaram diante da ofensiva ideológica do imperialismo, cabe à tarefa de resgatar as tradições revolucionárias dos Bolcheviques e as lições da grande Revolução de Outubro como ferramentas elementares na construção do partido revolucionário para libertar o proletariado da influência dos agentes da burguesia e do imperialismo, colocando o movimento operário novamente sob a bandeira da revolução proletária mundial e do socialismo, esta incumbência destinada à reconstrução da IV Internacional. Para tanto é necessário que a vanguarda da classe operária abstraia com toda perspicácia as lições das derrotas que o proletariado tem sofrido nas últimas décadas por causa precisamente da ausência de uma direção verdadeiramente revolucionária. A necessidade de derrotar o imperialismo faz da Revolução Bolchevique, mais do que nunca, uma referência para a luta dos trabalhadores de todos os países. Portanto, a tarefa que se coloca para os revolucionários de hoje, é resgatar o legado político e teórico de Lênin e Trotsky, para potenciar a vitória da revolução mundial imprimindo uma derrota definitiva ao imperialismo, abrindo o caminho ao futuro socialista da humanidade.