IMPRESSÕES SOBRE O ARTIGO DE LULA NA “FOLHA”: UMA TÍMIDA DENÚNCIA DA
OPERAÇÃO LAVA JATO NO MARCO DA POLÍTICA SERVIL DA FRENTE POPULAR DE SUSTENTAÇÃO
DAS APODRECIDAS INSTITUIÇÕES DO ESTADO BURGUÊS
Lula escreveu nesta terça-feira (18.09) um artigo para o
Jornal Folha de São Paulo intitulado “Por que querem me condenar”. Nele o
ex-presidente afirma que “Meus acusadores sabem que não roubei, não fui
corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem
recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das
mentiras que criaram, na maioria das vezes a partir de reportagens facciosas e
mal apuradas. Estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem,
serão eles os desmoralizados perante a opinião pública” e conclui “Tenho a
consciência tranquila e o reconhecimento do povo. Confio que cedo ou tarde a
Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de história. O que me
preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de
Direito. É a sombra do estado de exceção que vem se erguendo sobre o
país”. É visível que Lula
denuncia timidamente a Operação Lava Jato sem nunca questionar o caráter de
classe da Justiça burguesa e das instituições apodrecidas do regime político.
Ao contrario o dirigente do PT declara “É necessário frisar que nós, do PT,
sempre apoiamos a investigação, o julgamento e a punição de quem desvia
dinheiro do povo. Não é uma afirmação retórica: nós combatemos a corrupção na
prática. Ninguém atuou tanto para criar mecanismos de transparência e controle
de verbas públicas, para fortalecer a Polícia Federal, a Receita e o Ministério
Público, para aprovar no Congresso leis mais eficazes contra a corrupção e o
crime organizado”. Como se observa, Lula avaliza a caçada aos dirigentes
históricos do PT (Dirceu, Genoíno, Delubio), apenas questiona os “abusos”
contra ele, sua crítica seria uma reclamação pelo atual tratamento a um homem
que representou a garantia da estabilidade do regime político burguês na gestão
da Frente Popular, ou seja, por 13 anos. Por essa razão avisa “Não posso me
calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei
como instrumento de perseguição política. Basta observar a reta final das
eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia
contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros
de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no
resultado do pleito”. Aqui Lula é forçado a denunciar o conjunto da operação
político-midiática que está em curso no país: liquidar o PT como partido
político e eliminar as gerências estatais que ainda controla. Para além das
“queixas”, o ex-presidente não aponta nenhum caminho de luta direta dos
trabalhadores para barrar essa ofensiva reacionária. Ele apenas vislumbra que “Nossa
gente não esquecerá dos milhões de jovens pobres e negros que tiveram acesso ao
ensino superior. Vai resistir aos retrocessos porque o Brasil quer mais, e não
menos direitos”. O artigo na verdade parece um “último alerta” à burguesia,
reclamando da classe dominante ser “ingrata” com ele, um aviso protocolar para a história,
testemunhal, mas sem indicar ou convocar nenhuma reação à altura. Apesar da tímida denuncia
aos “agentes da lei” o mais importante não foi dito por Lula e tampouco
convocado o movimento de massas para derrotar a ofensiva golpista que neste
momento se apoia fundamentalmente na Operação Lava Jato, lastreada no suporte
da mídia corporativa deste país. A equipe do justiceiro Moro tem sido poupada e foi até mesmo prestigiada desde o primeiro governo da presidenta Dilma, atuam acima
da própria Constituição e agora já sonham em comandar diretamente o regime
vigente, nacionalizando a malfadada “República de Curitiba”. A estratégia
adotada pela cúpula do PT consiste em chamar a solidariedade da burguesia
nacional contra a caçada humana a Lula promovida pela Lava Jato, acontece que a
classe dominante compreende que o ciclo histórico do “neodesenvolvimento”
lulista está encerrado. Por isso mesmo não é conveniente e oportuno arriscar a
possibilidade de Lula chegar novamente ao Planalto em 2018. Trata-se de uma
estratégia suicida, mesmo que Lula seja candidato em 2018 será
derrotado por Moro, no marco dessa mesma operação fraudulenta em
curso que une urna "roubotrônica", mídia e o grande capital que pavimenta pelo caminho eleitoral o estado de exceção que se gesta no Brasil. Convocamos a
militância de base do PT e da CUT para somar forças na ação direta pela
liberdade de todos os presos políticos deste autocrático regime
democrático-burguês. A classe operária mesmo não reconhecendo o PT como um
partido seu, deverá saber diferenciar seus inimigos principais e seus possíveis
aliados circunstanciais, que neste caso se materializa na militância de base do
partido e da CUT. Somente a mobilização permanente, com os métodos
revolucionários da ação direta do proletariado, será capaz de libertar todos os
presos políticos das masmorras do Estado capitalista. Ilusões disseminadas na
defesa de em um suposto “Estado de Direito” no quadro desta República dos novos
“barões” do capital só servirá para o movimento de massas acumular mais
derrotas e retrocessos como estes que estamos assistindo agora, por essa razão
nosso eixo político deve ser “Não a prisão de Lula pela farsa da Lava Jato!
Superar a política de colaboração de classes do PT!”.