quarta-feira, 19 de outubro de 2016

IMPRESSÕES SOBRE O ARTIGO DE LULA NA “FOLHA”: UMA TÍMIDA DENÚNCIA DA OPERAÇÃO LAVA JATO NO MARCO DA POLÍTICA SERVIL DA FRENTE POPULAR DE SUSTENTAÇÃO DAS APODRECIDAS INSTITUIÇÕES DO ESTADO BURGUÊS 

Lula escreveu nesta terça-feira (18.09) um artigo para o Jornal Folha de São Paulo intitulado “Por que querem me condenar”. Nele o ex-presidente afirma que “Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram, na maioria das vezes a partir de reportagens facciosas e mal apuradas. Estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública” e conclui “Tenho a consciência tranquila e o reconhecimento do povo. Confio que cedo ou tarde a Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de história. O que me preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de Direito. É a sombra do estado de exceção que vem se erguendo sobre o país”.  É visível que Lula denuncia timidamente a Operação Lava Jato sem nunca questionar o caráter de classe da Justiça burguesa e das instituições apodrecidas do regime político. Ao contrario o dirigente do PT declara “É necessário frisar que nós, do PT, sempre apoiamos a investigação, o julgamento e a punição de quem desvia dinheiro do povo. Não é uma afirmação retórica: nós combatemos a corrupção na prática. Ninguém atuou tanto para criar mecanismos de transparência e controle de verbas públicas, para fortalecer a Polícia Federal, a Receita e o Ministério Público, para aprovar no Congresso leis mais eficazes contra a corrupção e o crime organizado”. Como se observa, Lula avaliza a caçada aos dirigentes históricos do PT (Dirceu, Genoíno, Delubio), apenas questiona os “abusos” contra ele, sua crítica seria uma reclamação pelo atual tratamento a um homem que representou a garantia da estabilidade do regime político burguês na gestão da Frente Popular, ou seja, por 13 anos. Por essa razão avisa “Não posso me calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição política. Basta observar a reta final das eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no resultado do pleito”. Aqui Lula é forçado a denunciar o conjunto da operação político-midiática que está em curso no país: liquidar o PT como partido político e eliminar as gerências estatais que ainda controla. Para além das “queixas”, o ex-presidente não aponta nenhum caminho de luta direta dos trabalhadores para barrar essa ofensiva reacionária. Ele apenas vislumbra que “Nossa gente não esquecerá dos milhões de jovens pobres e negros que tiveram acesso ao ensino superior. Vai resistir aos retrocessos porque o Brasil quer mais, e não menos direitos”. O artigo na verdade parece um “último alerta” à burguesia, reclamando da classe dominante ser “ingrata” com ele, um aviso protocolar para a história, testemunhal, mas sem indicar ou convocar nenhuma reação à altura. Apesar da tímida denuncia aos “agentes da lei” o mais importante não foi dito por Lula e tampouco convocado o movimento de massas para derrotar a ofensiva golpista que neste momento se apoia fundamentalmente na Operação Lava Jato, lastreada no suporte da mídia corporativa deste país. A equipe do justiceiro Moro tem sido poupada e foi até mesmo prestigiada desde o primeiro governo da presidenta Dilma, atuam acima da própria Constituição e agora já sonham em comandar diretamente o regime vigente, nacionalizando a malfadada “República de Curitiba”. A estratégia adotada pela cúpula do PT consiste em chamar a solidariedade da burguesia nacional contra a caçada humana a Lula promovida pela Lava Jato, acontece que a classe dominante compreende que o ciclo histórico do “neodesenvolvimento” lulista está encerrado. Por isso mesmo não é conveniente e oportuno arriscar a possibilidade de Lula chegar novamente ao Planalto em 2018. Trata-se de uma estratégia suicida, mesmo que Lula seja candidato em 2018 será derrotado por Moro, no marco dessa mesma operação fraudulenta em curso que une urna "roubotrônica", mídia e o grande capital que pavimenta pelo caminho eleitoral o estado de exceção que se gesta no Brasil. Convocamos a militância de base do PT e da CUT para somar forças na ação direta pela liberdade de todos os presos políticos deste autocrático regime democrático-burguês. A classe operária mesmo não reconhecendo o PT como um partido seu, deverá saber diferenciar seus inimigos principais e seus possíveis aliados circunstanciais, que neste caso se materializa na militância de base do partido e da CUT. Somente a mobilização permanente, com os métodos revolucionários da ação direta do proletariado, será capaz de libertar todos os presos políticos das masmorras do Estado capitalista. Ilusões disseminadas na defesa de em um suposto “Estado de Direito” no quadro desta República dos novos “barões” do capital só servirá para o movimento de massas acumular mais derrotas e retrocessos como estes que estamos assistindo agora, por essa razão nosso eixo político deve ser “Não a prisão de Lula pela farsa da Lava Jato! Superar a política de colaboração de classes do PT!”.