TRUMP, ANTECIPADAMENTE DERROTADO, DENUNCIA A FRAUDE
ELEITORAL NA MAIOR "DEMOCRACIA DO MUNDO OCIDENTAL"
O último debate entre os candidatos a presidência dos EUA
realizado na noite desta quarta-feira (19.10) foi marcado pela grave denúncia
feita por Donald Trump de que estava em curso uma fraude eleitoral para
garantir a vitória de Hillary Clinton. Antecipadamente derrotado, o magnata da
hotelaria mundial e palhaço no circo eleitoral (abandonado pelo próprio comando
do Partido Republicano) conhece bem as entranhas do poder burguês no coração do
monstro imperialista e disse textualmente como estava sendo consumada a fraude
na “maior democracia do mundo ocidental”: “É óbvio que está em curso uma ampla
fraude no voto antes e durante a eleição. Por que os líderes republicanos negam
o que está acontecendo? Que ingenuidade!” Segundo ele, a grande mídia garantia
notícias diariamente sempre favoráveis a “Madame” Clinton, enquanto milhares de
pessoas que não constavam na listagem oficial estavam sendo cadastradas de
última hora nos condados para engordar os votos da Democrata com o aval das
lideranças republicanas. Trump também denunciou que as petromonarquias árabes,
Israel e as grandes corporações estavam financiando com bilhões de dólares a
campanha de Hillary para ela levar a cabo a guerra contra a Síria. Ele concluiu
que esse consórcio integrado pela mídia, o grande capital e a fraude na urna
propriamente dita estava alterando o resultado eleitoral, impondo-lhe uma
derrota com uma margem de 7% dos votos. Na média das pesquisas anteriores ao
debate Hillary venceria no voto popular por 48,6% a 42,1% , já no Colégio Eleitoral
essa vantagem seria maior de 333 a 205. Trump chegou a pedir a seus
simpatizantes que monitorassem os locais de votação para identificar os
aspectos mais visíveis da fraude eleitoral. Segundo sondagens, 41% dos
eleitores – e 73% dos republicanos – acreditam em uma possível fraude eleitoral
em favor da candidata democrata. A grave denúncia de Trump rapidamente
conseguiu unificar toda a mídia corporativa e o establishment ianque para
condenar a "inadmissível irresponsabilidade" do candidato republicano. Ocorre
que nos EUA a organização das eleições está a cargo dos Estados e das
instituições locais, majoritariamente controlados pelo Partido Republicano. Uma
fraude maciça só poderia acontecer com sua cooperação. A denúncia de Trump
implicaria que os Republicanos participarão de uma fraude contra seu candidato
e em favor de Clinton, daí o motivo da “pergunta” de Trump no debate. Como a
denúncia parte de um burguês bilionário que está provando na própria pele a
fraude em pleno EUA trata-se de fato de grande importância política que não
pode ser creditado apenas a um “desespero” de final de campanha, como querem
passar seus adversários e outros “adoradores da democracia” no interior da
esquerda reformista. Até porque esse “método” farsesco de garantir os candidatos
preferenciais do imperialismo ianque via fraude eleitoral é importado para todo
o planeta, tendo o Brasil seu principal laboratório com a urna eletrônica sem a
impressão física do voto, o que impede inclusive a recontagem e pode ser
manipulada através de um software. Apesar da insistência do “mediador” âncora
Chris Wallace, da Fox News que afirmou peremptoriamente em tom de “pergunta”
que o derrotado deve aceitar a vitória de seu adversário, Trump disse que
achava que não iria aceitar os resultados finais: “Não estou avaliando nada
agora. Vou olhar na hora”, disse. Pressionado mais uma vez, afirmou “O que
estou dizendo agora é que vou dizer na hora. Vou mantê-los em suspense, ok?”. É
a primeira vez que um candidato de um dos dois grandes partidos norte-americanos
assume essa atitude em um debate de TV, o que deixou a Democrata bastante
irritada. Sua “irritação” não se trata apenas de uma questão eleitoral
doméstica, com a denúncia do Republicano fica cada vez mais claro aos olhos de
qualquer “cidadão comum” como funciona o farsesco circo eleitoral da democracia
burguesa voltado apenas a garantir os interesses políticos e econômicos das
grandes corporações, dos rentistas e do complexo industrial-militar, que no
grosso apoia a víbora Clinton independente do resultado "real" do
sufrágio eleitoral. A madame Clinton que compartilha da política burguesa
norte-americana há várias décadas conhece bem todos os mecanismos que
determinam a fraude em favor de uma das alas do "grande partido ianque"
em função da necessidade conjuntural das classes dominantes. Não precisa ir
muito longe na história para aferir a aberrante fraude que derrotou o então
candidato democrata Al Gore no ano de 2000, neste período a burguesia ianque
necessitava de um "falcão agressivo" para levar adiante a invasão do
Iraque, a escolha recaiu de forma determinada (para além da vontade popular)
sobre o republicano George W. Bush.
O tema da fraude eleitoral vem ganhando tanto importância no
país que Obama foi forçado a se pronunciar. Ele fez duras críticas às denúncias
“sem precedentes” e “irresponsáveis” do Republicano e ressaltou que nunca tinha
visto em sua vida um candidato à presidência “tentando desacreditar” as
eleições antes mesmo da votação, algo sem precedentes na história política moderna.
Obama declarou “Uma das melhores coisas da democracia americana é que, quando
uma disputa política termina, mesmo que seja implacável, historicamente a
pessoa que perde parabeniza o vencedor. Assim é como a democracia sobrevive,
porque é algo mais importante que qualquer campanha individual”. No mesmo
sentido, o presidente da Câmara dos Representantes, o Republicano Paul Ryan, se
pronunciou “Nossa democracia se baseia na confiança nos resultados eleitorais,
e confiamos plenamente que os Estados conduzirão esta eleição com integridade”.
Essa cantilena comum entre Obama e a direção do Partido Republicano contra as
posições de seu próprio candidato reforçam ainda mais as denúncia de Trump.
Mais do que isso, revelam a necessidade comum da classe dominante de conjunto
de defesa da “democracia” como forma de regime político para melhor controlar
as massas, fraudando se necessário a soberania do sufrágio universal para impor
os interesses que melhor servem ao imperialismo e suas alas, que mesmo
divididas formam um partido único imperialista.
As denúncias de Trump levaram a comparação imediata com o
candidato democrata Al Gore nas eleições de 2000. O Partido Democrata pediu a
recontagem dos votos em três distritos na Flórida, que era governada pelo irmão
de seu adversário, Jeb Bush. Gore havia derrotado George W. Bush na votação
popular nacional por 543.895 votos, mas perdera na Flórida por 537. Mesmo
assim, quando a Suprema Corte derrubou a recontagem, por 5 votos a 4, ele
reconheceu a vitória de Bush, pedindo ao partido para não entrar com novas
ações. Mas agora a situação é substancialmente diferente. Trump está, de
antemão, colocando em suspeição a lisura do sistema eleitoral americano. Não
existem muitos precedentes de candidatos de um grande partido que, de forma
explícita e pouco antes da jornada eleitoral, minem abertamente confiança no
processo que os levaria à Casa Branca. Esse fato tem deixado os comandos dos
Partido República e Democrata muito irritados, desaprovando em uníssono tais
denúncias que descortinam o real funcionamento da democracia dos ricos. Já
derrotado e no papel de franco atirador abandonado pelo comando do próprio
Partido Republicano, o palhaço do circo eleitoral está revelando os “segredos”
do imperialismo, o que tem deixado os outros barões da mídia e a alta burguesia
“sem graça”.
Cabe aos Marxistas Revolucionários que obviamente não nutrem
qualquer simpatia por nenhuma das candidaturas imperialistas aproveitarem o
debate aberto nas “alturas”, nas entranhas do monstro imperialista, para
denunciar a fraude do sistema eleitoral ianque, vendido ao mundo como “modelo
de democracia” mas que na verdade não passa de um grande teatro de manipulação
burguês. A “maior democracia do mundo ocidental” não passa de uma farsa,
manietada pela grande mídia, as corporações e agora produto da fraude
diretamente nas listagens eleitorais para garantir o gerente mais fiel a seus
interesses. Trump e Hillary são dois lados da mesma moeda, tanto que o
Republicano nesse último debate, já se pronunciando como derrotado, recuou de
suas posições anteriores sobre a Síria e a Líbia, quando chegou a denunciar a
Democrata como “senhora da guerra”. Defenestrar as duas alas do partido burguês
único do imperialismo ianque, continua a ser a tarefa nodal de todos aqueles militantes
internacionalistas que sabem honrar o legado programático do genuíno
Trotskismo! Nessa senda, defendemos o boicote ativo ao circo eleitoral da
democracia dos ricos no coração do monstro imperialista, que agora encontra-se
mais desmoralizado do que nunca! Somente por essa via forjaremos a construção
de partido revolucionário internacionalista, resgatando as melhores tradições
de luta classista e anti-imperialista do proletariado norte-americano!