quarta-feira, 26 de outubro de 2016

CÂMARA DOS PICARETAS APROVA PEC 241: A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO AJUSTE NEOLIBERAL IMPOSTO PELOS RENTISTAS AO GOVERNO DILMA E “HONRADO” A FUNDO PELO GOLPISTA TEMER


Durante os oito anos do governo Lula os rentistas mantiveram com mão de ferro o controle do Banco Central, na asquerosa figura do estafeta Henrique Meireles, porém o "presidente metalúrgico" resistiu até o fim a pressão dos banqueiros para nomearem também o ministro da Fazenda. O setor financeiro não podia se queixar do governo da Frente Popular, que em seus oito anos de gerência estatal aferiu lucros bem superiores aos que contabilizou na chamada "Era FHC", paraíso do neoliberalismo e da privataria tucana. Lula tinha plena noção de que sua gestão teria que dominar instrumentos de indução econômica, como o crédito público e os investimentos estatais, por isso era necessário manter a Fazenda sob sua guarda, deixando à regulação da taxa de juros e câmbio nas mãos dos rentistas pela via do ventrículo Meirelles. Era um período de "vacas gordas" com a explosão do valor das commodities no mercado mundial permitindo o acúmulo de muita "gordura" das reservas cambiais, enfim o pacto com os banqueiros funcionou e todos "foram felizes" com a política de colaboração de classes do PT. Entretanto a "felicidade" dos mercados se viu ameaçada com o aguçamento da crise capitalista mundial, e já no final de de 2013 a cotação das principais commodities da cesta de exportação nacional atingia seu valor mais baixo dos últimos 10 anos, o alarme "vermelho" foi acionado...Com a reeleição de Dilma em 2014 o cenário econômico do país era totalmente distinto da reeleição de Lula em 2006, a bolha de crédito internacional não "pairava" mais sobre o Brasil e o refinanciamento do déficit público que tinha como fiador as reservas cambiais estava ameaçado. Sem a garantia total de retorno financeiro os rentistas simplesmente não "trabalham", afinal quem arcará com um possível "default" da colossal dívida interna? A resposta é única: o povo brasileiro, leia-se todos os investimentos do governo federal em áreas sociais devem ser sacrificados para garantir o pagamento dos spreads dos títulos públicos. Por esta razão os rentistas não aceitaram mais que o PT nomeasse o ministro da Fazenda na segunda gerência Dilma, já não só bastava ter o controle do BC era também necessário comandar diretamente os gastos orçamentários do governo. O "office boy" Joaquim Levy regeu o draconiano ajuste neoliberal em todo ano de 2015, uma após uma foram adotadas medidas retirando direitos previdenciários, trabalhistas e cortando as verbas do governo dos setores sociais, além de estratégicos investimento estatais terem sido paralisados com a justificativa da Lava Jato. Instalada a profunda recessão econômica no país sob as ordens dos rentistas, Dilma não possuía mais as condições mínimas de governabilidade, o estelionato eleitoral da "vaca tossindo" exigia um golpe palaciano e nada melhor do que a própria "base aliada" do governo do PT para promover o impeachment. O ajuste neoliberal patrocinado por Temer não é muito distante do que vinha sendo praticado no "dia a dia" por Dilma, só que agora os rentistas exigem "constitucionalizar" a longo prazo as garantias para que o Estado possa "honrar" os compromissos financeiros de uma dívida fraudulenta. A PEC 241 representa o sepultamento do "sonho reformista" de um neodesenvolvimentismo convivendo em plena harmonia com a sanha dos rentistas e parasitas do mercado. Com o repique da crise mundial o "sonho acabou" e agora o Estado nacional deverá novamente ser "mínimo", nada mais de mega projetos estratégicos para o Brasil ou a construção de uma sólida rede de proteção social, para os pobres e trabalhadores só devem valer de agora em diante as inflexíveis regras do mercado... Foi o que a Câmara dos picaretas aprovou por ampla margem de votos (359 votos a favor e 116 contrários) na madrugada desta quarta-feira 26/10. Os rentistas esperam um resultado similar no próximo dia 13, quando a "PEC das maldades" será votada pelo plenário do Senado Federal. Sinal verde dado aos investidores imperialistas, os golpistas de plantão no Planalto esperam que pelo menos não arquitetem um novo ataque especulativo contra o que ainda resta de nossas reservas cambiais, "esperança" que também em breve se desmanchará como uma bruma diante da voracidade dos "apostadores"do cassino de Wall Street. No processo de votação da PEC 241 o que não faltou foi demagogia por parte da Frente Popular, desde a ex-presidente Dilma passando pelos parlamentares do PT até findar na vergonhosa inação das burocracias sindicais da CUT e CTB. Por sua vez o PSOL, embelezado pelos revisionistas como a nova trincheira da "resistência socialista", pouca ou nenhuma importância deu ao combate de massas da PEC dos rentistas, nem o programa eleitoral televisivo de Marcelo Freixo convocava para a tímida mobilização ocorrida no Rio. É completamente equivocado esperar dos que iniciaram o ajuste neoliberal uma reação à altura do que a conjuntura exige, golpistas e a Frente Popular tem em comum a mesma subordinação programática ao capital financeiro, mais além da demagogia eleitoral da atual "oposição" ao projeto Temer. A vanguarda classista deve tomar a iniciativa política de convocar, não um lobby frente a este Congresso de corruptos, mas um verdadeiro chamado para a ação direta das massas, rumo a preparação da greve geral por tempo indeterminado!