sexta-feira, 2 de junho de 2017

6º CONGRESSO NACIONAL DO PT: LULA DIZ QUE “2018 ESTÁ LOGO ALI” PARA DAR O TEMPO NECESSÁRIO PARA A BURGUESIA APROVAR SUAS REFORMAS NEOLIBERAIS ATÉ O CIRCO ELEITORAL FRAUDADO DO PRÓXIMO ANO LEGITIMAR O REGIME


Em discurso na abertura do 6º Congresso Nacional do PT nessa segunda-feira (01/06), em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou “2018 está longe para quem não tem esperança, mas, para nós, 2018 é logo aí, já começou e não estamos com medo. Vamos voltar a governar esse país a partir de 2018”. Nenhum chamado para construir a Greve Geral ou mesmo de apoio ao "Fora Temer", ao contrário, ele defendeu as alianças burguesas com os partidos que tem maioria no Congresso Nacional para sustentar seu futuro governo de colaboração de classes. Chamou o presidente da CUT, Wagner Freitas, a conversar com os empresários, dizendo que "nós não queremos acabar com eles, o que  nós não queremos é que eles nos acabem. Não queremos tirar nada deles. Temos que falar com os latifundiários que nesse país tem terra para todo mundo comer". Por fim, chamou de canalha, Joesley Batista, dono da JBS, o grupo empresarial que o governo petista deu bilhões para se tornar um gigante do setor de carnes e derivados. Com esse cínico discurso totalmente voltado para as eleições do próximo ano, o dirigente petista deseja dar um recado direto à burguesia: utilizem o tempo que tem até 2018 para aprovar as reformas neoliberais, com Temer ou qualquer outro gerente que governo até as eleições presidenciais do próximo ano. Nesse sentido, todo o movimento da Frente Popular em defesa das “Diretas Já” não passa de um ensaio geral da campanha eleitoral de Lula. Essa estratégia de colaboração de classe já vinha sendo denunciada pela LBI que inclusive alertou que Lula tem interesse na permanência de Temer ou mesmo da realização de eleições indiretas para que se complete a agenda neoliberal exigida pelo imperialismo e os rentistas. Tanto que o governador do Ceará, Camilo Santana (PT) lançou Tasso Jereissati (PSDB) como candidato para um mandato tampão, um desejo que tem o aval da oligarquia Gomes, também ávida por ter Ciro como alternativa eleitoral da centro-esquerda burguesa em 2018, principalmente no caso da inelegibilidade de Lula. Nesse sentido, as manifestações em defesa das “Diretas Já” e a própria Greve Geral de 24hs marcada para o final de junho são parte da campanha para consolidar a candidatura Lula e não instrumentos de luta direta para derrotar as reformas neoliberais que Dilma iniciou e seu vice agora aprofunda. Dilma falou no mesmo sentido de Lula, dando inclusive a senha de que mesmo que Lula perca a eleições o importante para estabilizar o regime político da democracia dos ricos é um candidato legitimado pelas urnas: “A única alternativa viável é eleições diretas. Não porque tenhamos o melhor candidato. Perder eleição não é vergonha. Vergonha é ganhar no tapetão, sem voto”. Como alertamos há algum tempo, avaliamos que Lula irá concorrer em 2018 para legitimar o circo eleitoral fraudado, mas será derrotado por uma candidatura de tipo Bonapartista, na medida em que a burguesia empurrada pela crise econômica (ausência de crédito internacional) não vê espaço para um pacto de colaboração de classes novamente, necessita seguir aprofundando sua plataforma neoliberal (privatizações e corte de direitos) com um regime político cada vez mais militarizado, tarefa que nestas condições o PT obviamente não seria a melhor opção para a classe dominante. Mais uma vez, denunciamos que é necessário construir uma alternativa de poder própria dos trabalhadores por fora da institucionalidade burguesa, o que não passa pelas “Diretas Já”, Constituinte e muito menos “Lula 2018”. Nesse sentido, a greve geral insurrecional por tempo indeterminado é o primeiro degrau na construção dessa alternativa. A campanha por “Eleições Diretas”, sem qualquer conteúdo democrático real serve apenas como um escape para a profunda crise do regime vigente, servindo para Lula e a Frente Popular tentar se credenciar novamente como gerente dos negócios da burguesia, apesar da tendência é que a candidatura do PT sirva apenas para legitimar o circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos.