sexta-feira, 23 de junho de 2017

SANTOS ANUNCIA QUE “AS FARC DEIXAM DE EXISTIR HOJE” APÓS A GUERRILHA ENTREGAR SUAS ARMAS: REORGANIZAR A RESISTÊNCIA TENDO A CLASSE OPERÁRIA COMO VANGUARDA! RECONSTRUIR OS SINDICATOS COMO FERRAMENTA DE LUTA DOS TRABALHADORES CONTRA O PACTO SOCIAL EM CURSO!


O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou hoje em Paris que as FARC começaram a entregar as últimas armas que tinham no início desta semana e concluem nesta sexta-feira (23) a transferência da 100% de seu armamento para representantes da ONU no país: “A guerrilha mais poderosa e mais antiga, deixa de existir”. Santos fez o comunicado durante seu discurso em um fórum econômico dedicado a atrair investidores franceses à Colômbia e que contou também com a participação do ministro de Economia francesa, Bruno Le Maire. “Muitos investidores não iam à Colômbia porque era um país com um conflito armado interno, mas isso é coisa do passado” e concluiu “Hoje, mais de 7 mil homens e mulheres desta guerrilha estão concentrados em 26 zonas ao longo de nosso território, entregando as armas que tinham consigo às Nações Unidas”. Por sua vez, em entrevista à AFP, Jaime Parra, ou Mauricio Jaramillo, um dos atuas dirigente da ex-guerrilha disse que “As armas em si mesmas são um ferro [...] agora tomamos uma decisão de caráter político e não precisamos delas”. Aos 62 anos, está na localidade de Colinas, departamento de Guaviare, à frente de uma das 26 zonas onde estão concentrados cerca de 7 mil guerrilheiros para cumprir o processo de deposição das armas -- supervisionado pela ONU e que deve terminar na próxima semana -- e voltar para a vida civil. Em Colina, um dos maiores e mais complicados pontos de concentração do país, em parte pela presença de dissidentes das Farc, insiste que a anista aos guerrilheiros está atrasada e disse que a cúpula das Farc vai “aceitar” e “assumir” as sentenças da justiça de transição. Totalmente fragilizadas e vulneráveis do ponto de vista político e militar, as dissidências da guerrilha tornaram-se um alvo fácil das reacionárias FFAA e dos grupos paramilitares aliados a Uribe e das oligarquias. Apesar do quadro extremamente difícil em que a direção das FARC impôs ao conjunto da guerrilha, cabe a seus militantes romperem com essa orientação pacifista e suicida, para voltar a empunhar as armas contra Santos, Uribe e o capitalismo na Colômbia, em unidade de ação com o movimento de massas e com o ELN e outras frentes guerrilheiros que já tinham denunciado os termos inaceitáveis do “Acordo de Paz”. Os Marxistas Revolucionários sempre declararam seu apoio incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e do aparato repressivo de Santos. Simultaneamente, apontamos como alternativa a superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para liquidar o regime facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados colombianos. Defendemos que uma política justa para o confronto entre as forças guerrilheiras (ELN, Frente 1 e 7) e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta independência política em relação ao programa destes agrupamentos. Ao lado dos heroicos guerrilheiros e honrando o sangue derramado pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que morreram em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres, como hoje desgraçadamente defende o atual direção das FARC. As chamadas Frente 1 e 7, setores dissidentes das FARC, denunciam os campos de transição como "cárceres a céu aberto”. Para a Frente 1 -  Armando Ríos (que manteve Ingrid Betancourt como prisioneira de guerra) “A política do estado colombiano e seus aliados só busca o desarme e a desmobilização das guerrilhas. Não estão pensando nos problemas sociais e econômicos do país” (BBC, 08/08). Aos dissidentes o facínora Santos prometeu mão dura “Todo o poder de nossas forças se concentrará em quem ficar fora desse processo. Qualquer deles que tiver alguma dúvida, melhor que a deixe de lado. É a última oportunidade que eles têm para mudar de firma. De outro modo, terminarão, eu garanto, em um túmulo ou em uma prisão”, afirmou de forma taxativa o presidente colombiano no que foi vergonhosamente reforçado pela direção da própria FARC “O setor de comando e combatentes da Primeira Frente que decidiu renegar de sus princípios, apela a argumentações ideológicas e políticas a fim de ocultar a evidente influencia de interesses econômicos opostos ao termino do conflito. Não só adotam um temerário comportamento contrario as determinações da Direção Nacional das FARC, chocam-se frontalmente com os sonhos de paz que estão dentro do coração do povo” assinalou o comunicado assinado pelo Estado Maior das FARC. Para nós, revolucionários trotskistas, não há nada a comemorar! As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas pelas FARC foram sendo tomadas desde 2012 no marco de uma enorme pressão “democrática” de seus “aliados”, particularmente do governo venezuelano e os irmãos Castro, comandantes da burocracia cubana, elas não fortalecem a luta revolucionária na Colômbia e no mundo, na verdade a sabotam . A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria, apoiando-se na onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio, é a prova do que afirmamos. Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticam publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC porque estas medidas desgraçadamente levam paulatinamente à sua rendição política e não “só” militar. Através de concessões crescentes se aposta na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere como prega Piedad Córdoba e seu movimento “Colombianos pela Paz”. É vital para o movimento de massas colombiano reorganizar os sindicatos operários que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias proletárias para implodir o pacto social em curso entre a direção da antiga guerrilha e Santos.