As manchetes da grande mídia corporativa não dão trégua a
famiglia Bolsonaro, a revelação do relatório do COAF acerca da movimentação
financeira do funcionário Fabrício Queiroz, um "caixa estafeta" que
prestava serviços ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro, arrecadando a
"cota" obrigatória dos funcionários dos gabinetes parlamentares do
clã neofascista, é apenas a ponta do iceberg. Como uma pequena oligarquia
oriunda do "baixo clero" legislativo, a famiglia Bolsonaro amealhou
seu patrimônio pessoal das benesses do regime democrático da Nova República,
afinal no Brasil gabinetes parlamentares (em todos os níveis) movimentam
"pequenas fortunas", e quando estes gabinetes chegam a somar quatro
"escaninhos" as quantias movimentadas ultrapassam a casa dos milhões
de Reais. Mas todo o escândalo midiático atualmente produzido contra os
Bolsonaros tem um objetivo bem maior do que o "zelo" da "coisa
pública" por parte dos barões "murdochianos". Os dados da
famiglia Bolsonaro desnudados pelo COAF, um organismo estatal gerenciado por
tecnocratas à serviço dos rentistas, tem um endereço certo: forçar a aceleração
máxima das reformas neoliberais que devem ser operacionalizadas já no início do
novo governo neofascista. A chantagem dos rentistas consiste exatamente no fato
de que o entorno parlamentar (baixo clero do Congresso Nacional) do presidente
Jair Bolsonaro manifestou alguma resistência em acelerar as duras
"reformas" prometidas na campanha eleitoral, apesar do comando da
equipe econômica ter sido entregue ao "Chicago Boy" Paulo Guedes.
Como o imperialismo ianque exige o máximo de celeridade no desmonte da economia
nacional, não há espaço para o governo neofascista "engessar" o
processo de privatizações das empresas estatais consideradas economicamente
"estratégicas". Acontece que a fração militar que integra com
bastante peso o governo Bolsonaro manifestou divergências sobre a necessidade
de privatizar o Banco do Brasil, CEF, Petrobras e mesmo o "sucateado"
Correios. Esta linha política "antiprivatista" assumida pelo setor
militar do gabinete neofascista assustou os rentistas comandados pelo banqueiro
Paulo Guedes, ainda mais quando o próprio Jair Bolsonaro declarou que o
"BB, CEF e Petrobras não estão na mira de privatizações do seu
governo". Até mesmo a anunciada liquidação do BNB foi cancelada, gerando a
"fúria" do mercado com o clã Bolsonaro. Então a alternativa
encontrada pela burguesia nacional, lacaia das ordens do "Consenso de
Washington", para garantir o êxito da ofensiva neoliberal, foi chantagear
o governo neofascista martelando na mídia o escândalo do "caixa" da
famiglia Bolsonaro. Ainda é cedo para finalizar um prognóstico político acerca
da primeira luta fracional que envolve o governo neofascista, porém podemos
afirmar que existe um pré acordo entre as camarilhas reacionárias das classes
dominantes para atacar as conquistas sociais e democráticas dos trabalhadores e
do povo brasileiro. É necessário desde já organizar nossa resistência calcada
nos métodos da ação direta na luta concreta do proletariado!