EM 25 DE DEZEMBRO DE 1977 NOS DEIXAVA CHARLES CHAPLIN: NOSSO LÚDICO “CARLITOS” ERA UM GENUÍNO “AGITADOR” DO SOCIALISMO NO MUNDO DAS ILUSÕES DA SÉTIMA ARTE
Charles Spencer Chaplin, mais conhecido como Charlie ou
Charles Chaplin, nasceu no dia 16 de abril de 1889, em Londres, na Inglaterra,
e morreu aos 88 anos, em um dia de Natal, no dia 25 de dezembro de 1977, em
Corsier-sur-Vevey, Vaud, na Suíça. Charles Chaplin se tornou uma figura
emblemática da era do cinema mudo e, em especial, ficou conhecido pelo
personagem Carlitos (ou O Vagabundo), criado e interpretado por ele mesmo. Além
de ator, Chaplin foi também diretor, produtor, humorista, empresário, escritor,
comediante, dançarino, roteirista e músico britânico. Chaplin é um dos
primeiros astros da história do cinema, elevando a indústria cultural a um
patamar que poucos ousaram imaginar na época. Entre os seus filmes mais
conhecidos estão Luzes da Cidade e Tempos Modernos. Em “Um Rei em Nova York”
seu filho, ao ler Karl Marx, faz um discurso de crítica ao capitalismo. Foi
perseguido pelo Marcarthismo. Pessoas que se recusassem apresentar nomes quando
comparecessem perante o Comitê de Atividades Anti-Americanas, seriam elas
próprias adicionadas a uma "lista negra" que tinha sido elaborado
pelos estúdios cinematográficos de Hollywood. Mais de 320 pessoas foram
colocadas nesta lista o que lhes obrigou a parar de trabalhar na indústria do
entretenimento. Nomes importantes do cinema norte-americano foram incluídos
nessa relação, como Leonard Bernstein, Charlie Chaplin, John Garfield, Dashiell
Hammett, Lillian Hellman, Arthur Miller e Orson Welles. Porém o que poucos
sabem é que Charles foi por muitos anos militante clandestino do Partido
Comunista dos EUA, organização política que nunca conseguiu obter a legalidade
institucional no país que se diz o "mais democrático do mundo".
Perseguido politicamente e criminalmente nos EUA, Chaplin auto-exilou-se na Suíça
onde ironicamente faleceu em um dia de Natal.
Charles Chaplin foi abandonado pelo pai Charles Spencer
Chaplin Sr., um alcoólatra, quando era muito pequeno. Sua mãe, Hannah Chaplin,
atriz e cantora, ficou com o menino e o meio-irmão mais velho, Sydney. Sua mãe,
que viria a sofrer problemas mentais graves e teve que ser internada em um
asilo, foi capaz de sustentar a família apenas por alguns anos. Contudo, ela
foi a responsável por inserir o filho mais novo no mundo da performance. Logo
cedo, Chaplin mostrou talento para comédia. Contudo, como sua mãe perdeu a voz
devido uma laringite e estava impedida de cantar, Charles e Sydney tiveram que
achar uma casa e moraram em lugares pobres de Londres.Chaplin estava
determinado a fazer do seu show o seu negócio e, em 1897, usando os contatos de
sua mãe, entrou para uma trupe de dança. Chaplin fez sua estréia como ator como
um pajem em uma produção de Sherlock Holmes. Em 1914, fez sua estréia no cinema
em um curta chamado Making a Living, nos Estados Unidos. A partir dali começou
a desenvolver o personagem Carlitos (ou o Vagabundo), que se tornaria um
verdadeiro sucesso. A primeira aparição de Carlitos para o público aconteceu no
filme Kid Auto Races at Venice, lançado em 7 de fevereiro de 1914, produzido
pelo estúdio Keystone.Durante o próximo ano, Chaplin apareceu em 35 filmes. No
mesmo ano trocou de estúdio e foi para a Companhia Essanay, que concordou em
pagar-lhe US$ 1.250 por semana. A essa altura, Chaplin, que havia contratado o
seu irmão Sydney para ser seu gerente de negócios, já era um astro.Mais tarde,
mudou novamente de estúdio, desta vez para a Companhia Mutual, que lhe pagava
US$ 670 mil por ano. Com a Mutual, ele fez alguns de seus melhores trabalhos,
incluindo Carlitos Boêmio (1916), Casa de Penhores (1916), Carlitos Presidiário
(1917), e Carlitos Guarda Noturno (1917).
Através de seu trabalho, Chaplin passou a ser conhecido por
seu exaustivo perfeccionismo. Seu amor pela experimentação muitas vezes
significava inúmeras refilmagens e não era incomum ele pedir a reconstrução de
um set inteiro. Também não era raro ele começar como um ator principal,
perceber que cometeu um erro no seu casting, e começar de novo com outra
pessoa.Mas os resultados de tanto trabalho eram compensados com sucesso.
Durante a década de 1920, ele fez alguns filmes marcantes, incluindo O Garoto
(1921), Pastor de Almas (1923), Casamento ou Luxo? (1923), Em Busca do Ouro
(1925) e O Circo (1928). Os três últimos foram lançados pela United Artists,
empresa de Chaplin co-fundada em 1919 com Douglas Fairbanks, Mary Pickford e DW
Griffith.Chaplin tornou-se igualmente famoso por sua vida pessoal. Seus casos
amorosos com atrizes que tiveram papéis em seus filmes eram constantes. Em
1918, ele rapidamente se casou com Mildred Harris, de 16 anos. O casamento
durou dois, e, em 1924, ele se casou novamente, com a atriz Lita Grey, também
de 16 anos. O casamento foi provocado por uma gravidez não planejada e da união
nasceram Charles Jr. e Sydney. O casal se separou em 1927.Em 1936, Chaplin
casou-se novamente, com Paulette Goddard. Ficaram juntos até 1942. A separação
foi seguida por um processo de paternidade desagradável com outra atriz, Joan
Barry, em que testes provaram que Chaplin não era o pai de sua filha, mas mesmo
assim o júri ordenou que ele pagasse pensão alimentícia. Em 1943, Chaplin
casou-se com Oona O'Neil, de 18 anos de idade, filha do dramaturgo Eugene
O'Neil. Os dois teriam um casamento feliz, que resultaria em oito crianças para
o casal.Chaplin continuou criando filmes interessantes e envolventes na década
de 1930. Em meio ao avanço dos filmes sonoros, produziu Luzes da Cidade (1931)
e Tempos Modernos (1936) antes de abraçar o cinema "falado". Esses
filmes foram essencialmente mudos, porém possuíam música sincronizada e efeitos
sonoros. Ambos os filmes seriam a sua consagração. Tempos Modernos, em
especial, traçava uma crítica mordaz sobre a economia e política mundiais.
Chaplin foi ainda mais longe com o filme O Grande Ditador (1940), em que
ridicularizou os governos de Hitler e Mussolini.No entanto, Chaplin não era
aplaudido universalmente. Suas inúmeras relações românticas atiçaram a fúria de
alguns grupos de mulheres, o que, por sua vez, o levou a ser impedido de entrar
alguns estados norte-americanos. Como a Guerra Fria, Chaplin não ficou mudo
diante de injustiças cometidas em nome da luta contra o comunismo em seu país
de adoção, os Estados Unidos. Logo ele se tornou alvo dos conservadores de
direita. Em 1952, o procurador-geral dos Estados Unidos anunciou que Chaplin,
enquanto navegava para a Grã-Bretanha em férias, não estava mais autorizado a
voltar para os Estados Unidos, a menos que ele pudesse provar "valor
moral". Foi o que bastou para Chaplin dizer adeus aos Estados Unidos e
passou a residir em uma pequena fazenda em Vevey, Suíça. Chegando ao fim de sua
vida, Chaplin fez uma última visita aos Estados Unidos em 1972, quando ele foi
premiado com um Oscar especial da Academia de Cinema. A viagem aconteceu
somente seis anos após o último filme de Chaplin, A Condessa de Hong Kong
(1966), primeiro e único filme em cores do cineasta. Apesar de um elenco
estrelado, que incluía Sophia Loren e Marlon Brando, o filme teve resultado
ruim nas bilheterias. Em 1975, Chaplin recebeu o reconhecimento de cavaleiro da
rainha Elizabeth. Nas primeiras horas da manhã de 25 de dezembro de 1977,
Charles Chaplin morreu em sua casa em Corsier-sur-Vevey, Vaud, Suíça. Sua
esposa Oona e sete de seus filhos estavam ao seu lado no momento de sua morte.
Em uma reviravolta que poderia muito bem ter saído de um de seus filmes, o
corpo de Chaplin foi roubado pouco tempo depois do seu enterro, perto do Lago
de Genebra, na Suíça. Dois homens exigiram US$ 400 mil como resgate. Os homens
foram presos e corpo de Chaplin foi recuperado 11 semanas mais tarde. Hoje o
legado humanista de Charles Chaplin serve de farol as novas gerações de
ativistas de esquerda, bombardeadas com a ideologia do neoliberalismo mercantil
em plena ofensiva mundial.