sexta-feira, 1 de setembro de 2017

HISTÓRIA DA IV INTERNACIONAL: A CARTA ABERTA DE CANNON REFORÇA A LUTA POLÍTICA DEFENSIVA CONTRA O PABLISMO DANDO ORIGEM AO COMITÊ INTERNACIONAL (CI-QI)


Como parte da luta pela reconstrução da IV Internacional, resgatando sua história e a disputa interna no partido mundial fundado por Trotsky em 1938, o BLOG da LBI publica um documento político raro no Brasil, a carta histórica de J. Cannon do SWP norte-americano, escrita em novembro de 1953, que impulsionou a fundação do Comitê Internacional da Quarta Internacional (CI-QI). Foi a partir deste documento, escrito também para combater a fração secreta que Michel Pablo estava fomentando no interior do SWP comandada pela dupla Cochran-Clarke, que se reforçou a luta política contra as teorias revisionistas naquele momento. O pablismo, nome dado ao revisionismo de Pablo e Mandel, seguido por Moreno e Posadas, difundia que o estouro da terceira guerra mundial era inevitável, que não daria tempo construir a IV Internacional e que o stalinismo se converteria em revolucionário. Decidiu então que os trotskistas deveriam fazer entrismo nos PCs (embora em alguns países, como na Alemanha e na Inglaterra, a tática entrista de Pablo tivesse sido aplicada à socialdemocracia), o que fizeram muitos grupos europeus por 20 anos. Esta orientação significou uma capitulação à burocracia stalinista, que se estenderia também pouco depois a outras direções burguesas e pequeno-burguesas, como fizeram Moreno e Posadas na América Latina. Isto provocou a quase extinção do trotskismo na Europa e o domínio tranquilo do movimento operário por direções populistas burguesas, como é o caso argentino em que o peronismo segue à cabeça da quase totalidade das direções sindicais nas últimas seis décadas. Esta escandalosa revisão liquidacionista do trotskismo foi questionada por vários setores da Internacional, particularmente, pela maioria da seção francesa do Partido Comunista Internacionalista, liderada de Pierre Lambert, que logo é expulsa e acaba levando consigo a seção inglesa, Socialist Labour League (SLL), dirigida por Gerry Healy e o Socialist Workers Party (SWP) norte-americano de James P. Cannon, autor do documento que publicamos abaixo, dando origem a primeira grande cisão da IV Internacional em 1953. Os antipablistas fundaram o Comitê Internacional (CI-QI) que, apesar de se apresentar como uma alternativa ao revisionismo do Secretariado Internacional (SI) pablista, caracterizavam-se pela frouxidão organizativa (eram uma mera federação de partidos sem nenhum centralismo). O racha ocorreu no III Congresso da IV Internacional. Michel Pablo com o documento 'Aonde Vamos?', de 1951, teoriza sobre a iminência de uma "guerra civil internacional, que nestas condições, com as relações de forças existentes, seria essencialmente a revolução, portanto, o avanço da revolução anticapitalista no mundo coloca ao mesmo tempo o perigo de uma guerra geral."('Aonde Vamos?' - Michel Pablo). Seguindo o raciocínio da iminência de uma guerra entre os dois blocos, "americano" e "soviético", Pablo afirma que não haverá tempo para construção de partidos trotskistas e, que nestas circunstâncias, "os partidos comunistas conservam a possibilidade de esboçar uma orientação revolucionária"(Idem). No primeiro momento, a maioria dos dirigentes da IV, inclusive Mandel, coloca-se em oposição às teses revisionistas de Pablo, Mandel chegou a divulgar um manifesto conhecido como "Dez Teses" contra os "exageros" de Pablo. Mas a pressão dos aparatos sob a direção da IV a fez naufragar completamente no caudal do estalinismo, arrastando a quase totalidade de suas seções. Em oposição à orientação pablista conformou-se um bloco "antipablista" com a maioria da seção francesa e inglesa e o SWP norte-americano, que acusa Mandel de "Zinoviev" e ausente "desta pequena coisa chamada caráter" (La Verite, fev./51). A heterogeneidade política do Comitê Internacional (antipablista) composto até por Nahuel Moreno, que na Argentina era entusiasta apoiador do General Perón, assim como sua confusão programática (seu documento mais importante consiste em reafirmar o caráter anti-estalinista de Tito e Mao) e frouxidão organizativa (nunca adotou o centralismo político, funcionando como uma federação internacional), fez com que este agrupamento não fosse uma alternativa político-programática de fato ao Secretariado Internacional da IV, que no início dos anos 60 já tinha Mandel como seu principal dirigente. Apesar das limitações, a carta de J. Cannon, um documento fundamental na hisória do trotskysmo pouco conhecido no Brasil, serviu de base política-teórica para opor-se ao Pablismo, combate que a LBI reivindica e leva a cabo até hoje contra os revisionistas do século XXI, adaptados a social-democracia e as frente populares.


UMA CARTA ABERTA AOS TROSQUISTAS DO MUNDO INTEIRO 
(16 de novembro de 1953)

Caros Camaradas:

No 25º aniversário de fundação do movimento trotskysta nos Estados Unidos, a Plenária do Comitê Nacional do Partido Socialista dos Trabalhadores (Socialist Workers Party—SWP) envia saudações socialistas revolucionárias aos trotskystas ortodoxos de todo o mundo. Apesar de o SWP, devido às leis antidemocráticas promulgadas pelos democratas e republicanos, não mais ser filiado à IV Internacional—o Partido Mundial da Revolução Socialista fundado por Leon Trotsky para carregar e realizar o programa traído pela II Internacional dos social-democratas e pela III Internacional dos stalinistas—defendemos o desenvolvimento da organização mundial criada sob a direção de nosso líder assassinado.

Como todos sabemos, há 25 anos, os precursores trotskystas americanos atraíram a atenção da opinião pública mundial ao programa de Trotsky, censurado pelo Kremlin. Esse ato mostrou-se decisivo para quebrar o isolamento imposto a Trotsky pela burocracia stalinista e para lançar as bases para a fundação da IV Internacional. Em seu exílio pouco tempo depois, Trotsky iniciou uma colaboração estreita e de confiança com a direção do SWP que durou até o dia de sua morte.

A colaboração incluiu um esforço conjunto para organizar partidos socialistas revolucionários em vários países. Isso culminou, como se sabe, na fundação da IV Internacional em 1938. O Programa de Transição, que permanece como chave do programa do movimento trotskysta internacional hoje, foi escrito por Trotsky em colaboração com os dirigentes do SWP e a seu pedido foi assumido por eles em seu Congresso de fundação.

A proximidade e plenitude da colaboração entre Trotsky e a direção do SWP pode ser avaliada pela trajetória de luta em defesa dos princípios trotskystas ortodoxos em 1939-40 contra a oposição pequeno-burguesa liderada por Burnham e Shachtman. Essa atuação teve profunda influência nos rumos da IV Internacional nos últimos 13 anos.

A partir do assassinato de Trotsky por um agente da polícia secreta de Stalin, o SWP assumiu a direção da defesa de seus ensinamentos. Assumimos a direção não por escolha, mas por necessidade—a II Guerra Mundial obrigou os trotskystas ortodoxos a passar para a clandestinidade em muitos países, especialmente na Europa sob os Nazistas. Junto aos trotskystas da América Latina, Canadá, Inglaterra, Ceilão, Índia, Austrália e outras partes, nós fizemos o possível para levantar a bandeira do trotskysmo ortodoxo ao longo dos difíceis anos de guerra.

Com o fim da guerra, estávamos contentes com a saída da clandestinidade, na Europa, dos trotskystas que empreenderam a reconstituição da organização da IV Internacional. Desde que fomos impedidos de fazer parte da IV Internacional devido a leis reacionárias, lançamos nossas maiores esperanças na emergência de uma liderança capaz de continuar a grande tradição legada por Trotsky ao nosso movimento mundial. Acreditamos que à jovem e nova direção da IV Internacional na Europa devemos dar toda confiança e apoio. Quando, por iniciativa dos próprios camaradas, sérios erros foram corrigidos, sentimos que nosso caminho se mostrava correto.

Todavia, nós temos que admitir que o fato de não termos, nós e mais alguns, lançado uma crítica severa a essas lideranças, isso facilitou a consolidação de uma fração fora de nosso controle, secreta e personalista na administração da IV Internacional, fração que abandonou o programa fundamental do trotskysmo.

Essa fração, centrada em Pablo, está agora trabalhando consciente e deliberadamente para quebrar, romper e dilacerar os quadros do trotskysmo historicamente formados em vários países e para liquidar a  IV Internacional.

O PROGRAMA DO TROTSKYSMO

Para demonstrar precisamente o que está em jogo, retomemos os princípios fundamentais sob os quais o movimento trotskysta internacional está construído:

1. A agonia mortal do sistema capitalista ameaça a civilização de destruição através do aprofundamento das crises, guerras mundiais e manifestações de barbárie como o fascismo. O desenvolvimento das armas atômicas, hoje, enfatiza o perigo na sua forma mais grave possível.

2. A queda ao abismo só pode ser evitada substituindo o capitalismo pela economia planejada do socialismo em escala mundial, retomando assim a espiral de progresso aberto pelo capitalismo no seu início.

3. Isso pode apenas ser realizado sob a direção da classe trabalhadora, a única e verdadeira classe revolucionária na sociedade. Mas a própria classe trabalhadora enfrenta uma crise da sua direção, apesar de as forças sociais não terem sido nunca tão favoráveis como hoje para os trabalhadores se lançarem no caminho para a tomada do poder.

4. A fim de organizar-se para cumprir essa tarefa histórica mundial, a classe trabalhadora em cada país deve construir um partido socialista revolucionário segundo o modelo desenvolvido por Lênin; ou seja, um partido combativo capaz de combinar dialeticamente democracia e centralismo—democracia na tomada de decisões e centralismo para leva-las a cabo; uma direção controlada pela militância, uma militância capaz de seguir adiante, debaixo de fogo, de maneira disciplinada.

5. O principal obstáculo a isso é o stalinismo, que atrai trabalhadores explorando o prestígio da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia, para depois, traindo sua confiança, arremessa-los nos braços da social-democracia, na apatia ou de volta às ilusões no capitalismo. Essa traição é paga pela classe trabalhadora sob a forma de consolidação das forças fascistas e monarquistas, e da deflagração de novas guerras criadas e preparadas pelo capitalismo. Desde seu início, a IV Internacional coloca como uma de suas principais tarefas a derrota revolucionária do stalinismo dentro e fora da URSS.

6. A necessidade de táticas flexíveis para as muitas seções da IV Internacional, e de partidos ou grupos simpáticos ao seu programa, torna imperativo que eles saibam lutar contra o imperialismo e todas as agências pequeno-burguesas (tais como os grupos nacionalistas ou a burocracia sindical) sem capitular para o stalinismo; e, por outro lado, saber lutar contra o stalinismo (que em última análise é uma agência pequeno-burguesa do imperialismo) sem capitular ao imperialismo.

Esses princípios fundamentais apresentados por Leon Trotsky mantêm toda a validade na política cada vez mais complexa e fluida do mundo atual. De fato, as situações revolucionárias que se abrem em todos os lugares, como previu Trotsky, apenas agora trazem concretude para o que uma vez pode ter aparecido como abstrações remotas não diretamente ligadas à realidade viva do tempo. A verdade é que esses princípios hoje se sustentam com mais força tanto nas análises políticas como na determinação da direção da ação prática.

REVISIONISMO DE PABLO

Esses princípios foram abandonados por Pablo. Ao invés de enfatizar o perigo de uma nova barbárie, ele vê o caminho ao socialismo como algo “irreversível”; todavia, não vê o socialismo para esta geração ou para as próximas. Ao contrário, ele desenvolve a ideia de uma onda “avassaladora” de revoluções que darão origem a Estados Operários “deformados”, do tipo stalinista, que durarão por “séculos”.

Isso revela um grande pessimismo em relação à capacidade da classe trabalhadora, pessimismo que está totalmente de acordo com a ridicularização que ele faz da luta em construir partidos socialistas revolucionários independentes. Em vez de manter como caminho principal, a construção de partidos socialistas revolucionários independentes a partir de meios táticos, Pablo considera a burocracia stalinista—ou, pelo menos, uma de suas seções principais—capaz de mudar sob pressão das massas, podendo chegar a aceitar as “ideias” e o “programa” do trotskysmo. Sob o pretexto de uma “diplomacia” necessária—segundo ele—para aproximar trabalhadores no campo do stalinismo em alguns países como a França, ele agora encobre as traições do stalinismo.

Esse caminho já levou a inúmeras deserções das fileiras do trotskysmo para o campo dos stalinistas. A ruptura pró-stalinista no partido do Ceilão é um aviso aos trotskystas de todo o mundo sobre as trágicas consequências das ilusões com o stalinismo que o pablismo promove.

Em outro documento, apresentamos uma detalhada análise do revisionismo de Pablo. Nessa carta, nos limitaremos a algumas provas recentes que mostram no campo fundamental da ação o quão longe foi Pablo em suas conciliações com o stalinismo e o quão grave é o perigo para a existência da IV Internacional.

Com a morte de Stalin, o Kremlin anunciou uma série de concessões na URSS, nenhuma delas de caráter político. Em vez de caracterizá-las como apenas parte de uma manobra destinada a um posterior entrincheiramento da burocracia usurpadora e parte da preparação de um burocrata dirigente para assumir o capote de Stalin, a fração pablista tomou tais concessões como legítimas, apresentando-as como concessões políticas, e até projetou a possibilidade de que a burocracia stalinista “dividisse o poder” com os trabalhadores. (IV Internacional, jan-fev, 1953, p.13).

O conceito de “dividir o poder”, expressado na sua forma mais direta por Clarke, um dos sumo sacerdotes do culto a Pablo, foi indiretamente proclamado como dogma pelo próprio Pablo em uma questão não respondida, mas obviamente fundamental: Pablo pergunta: A liquidação do regime stalinista tomará a forma “de lutas interburocráticas violentas entre os elementos que lutarão para manter o status quo—se não para voltar para trás—e os elementos cada vez mais numerosos lançados pela poderosa pressão das massas?” (IV Internacional mar-abr, 1953, p.39).

Essa linha dá novo conteúdo ao programa trotskysta ortodoxo de revolução política contra a burocracia do Kremlin; ou seja, contra a posição revisionista de que as “ideias” e o “programa” do trotskysmo irão purificar e penetrar a burocracia, ou uma de suas importantes seções, destruindo então o stalinismo de maneira imprevista.

Na Alemanha Oriental, em junho [de 1953], os trabalhadores se levantaram contra governo dominado pelo stalinismo em uma das maiores manifestações na história da Alemanha. Esse foi o primeiro levante proletário de massas contra o stalinismo, desde que este usurpou e consolidou o poder na União Soviética. Como Pablo respondeu a esse notável acontecimento?

Ao invés de expressar claramente as aspirações políticas revolucionárias dos trabalhadores insurgentes da Alemanha Oriental, Pablo encobriu os dirigentes stalinistas contrarrevolucionários que mobilizaram tropas soviéticas para derrotar o levante (“os dirigentes soviéticos e aqueles das várias `democracias populares´ e Partidos Comunistas não poderiam continuar falsificando ou ignorando o profundo significado de tais acontecimentos por muito tempo. Eles foram obrigados a continuar no caminho de dar concessões ainda mais amplas e genuínas para evitar o risco de perder para sempre o apoio das massas e para evitar explosões ainda maiores. A partir de agora eles não mais poderão parar no meio do caminho. Serão obrigados a fazer concessões para evitar explosões mais sérias no futuro imediato e, se possível, efetuar uma transição `de maneira fria´ da situação presente para uma situação mais tolerável para as massas.”) (Declaração do Secretariado Internacional da IV Internacional publicado em The Militant, 6]de julho).

Ao invés de exigir a retirada das tropas soviéticas — a única força que sustenta o governo stalinista — Pablo criou a ilusão de que “concessões mais amplas e genuínas” estariam vindo dos gauleiters do Kremlin. Poderia Moscou ter tido melhor apoio enquanto procedia monstruosamente em falsificar o profundo significado daqueles acontecimentos, estigmatizando os trabalhadores em luta de “fascistas” e de “agentes do imperialismo americano”, e abrindo uma onda de bárbara repressão contra eles?

A GREVE GERAL NA FRANÇA

Em agosto [de 1953], na França, aconteceu a maior greve geral na história do país. Deflagrada pelos próprios trabalhadores, contra a vontade das suas lideranças oficiais, ela apresentou uma das mais favoráveis aberturas na história da classe trabalhadora para o desenvolvimento de uma luta real em direção à tomada do poder. Além dos trabalhadores, os camponeses franceses somaram-se com manifestações, indicando sua grande insatisfação com o governo capitalista.

A liderança oficial, tanto a socialdemocrata quanto a stalinista, traiu o movimento, fazendo o máximo para conte-lo e evitar o perigo ao capitalismo francês. Seria difícil encontrar, na história das traições, outra mais abominável se a compararmos à oportunidade que ali se apresentava.

Como a fração de Pablo respondeu a esse acontecimento colossal?

Eles consideraram a ação da socialdemocracia uma traição—mas pelas razões erradas. A traição, diziam eles, consistia na negociação com o governo pelas costas dos stalinistas. Essa traição, no entanto, era secundária, derivava de seu maior crime: a recusa em lançar-se no caminho da tomada do poder.

Quanto aos stalinistas, os pablistas encobriram sua traição e com isso foram cúmplices a ela. A crítica mais severa que foram capazes de formular contra o caminho contrarrevolucionário dos stalinistas, foi acusá-los de uma “falha” política.

Isso era mentira. Os stalinistas não fizeram uma “falha” política. Sua política consistia em manter o status quo dos interesses da política externa do Kremlin e assim, ajudar a sustentar o capitalismo francês em crise.

Mas isso não era tudo. Até para a educação interna do partido dos trotskystas franceses, Pablo recusou-se a caracterizar a ação stalinista como traidora. Ele afirmou “o papel de freio realizado, em maior ou menor medida, pela direção das organizações tradicionais”—uma traição é um mero “freio”! — mas também sua capacidade—especialmente da direção stalinistas—em ceder à pressão das massas quando essa pressão se torna poderosa, como foi o caso dessas greves”. (Political Note no. 1)

Poderíamos pensar que isso já é uma conciliação suficiente com o stalinismo por um líder que abandonou o trotskysmo ortodoxo, mas ainda procura encobrir-se sob a IV Internacional. No entanto, Pablo foi ainda mais longe.

UM PANFLETO VERGONHOSO

Um panfleto de seus seguidores, dirigido aos trabalhadores da fábrica Renault em Paris, declarava que na greve geral as lideranças stalinistas da CGT (maior central sindical na França) “estavam corretas em não apresentar demandas outras que as exigidas pelos trabalhadores”. Isso, lembrando o fato de que os trabalhadores, através de suas ações, estavam reivindicando o governo operário e camponês!

Arbitrariamente separando os sindicatos stalinistas do Partido Comunista — evidência do pensamento mais mecânico ou evidência do projeto deliberado de encobrir os stalinistas? — os pablistas declararam em seu panfleto que, em relação ao significado da greve e de suas perspectivas, “isso apenas se refere ao sindicato de maneira secundária. A crítica a isso não se aplica à CGT que é uma organização sindical, que deve primeira e principalmente agir como tal, mas sim aos partidos cujo papel era apontar o profundo significado desse movimento e de suas conseqüências” (Panfleto “Às organizações de trabalhadores e aos trabalhadores da Renault”, 3 de setembro de 1953. Assinado por Frank, Mestre e Privas.)

Nessas afirmações, vemos o completo abandono de tudo o que Trotsky nos ensinou sobre o papel e as responsabilidades dos sindicatos na época da agonia mortal do capitalismo.

Portanto, o panfleto pablista “critica” o Partido Comunista Francês por seu “afastamento do caminho”, por simplesmente colocar-se no nível do movimento sindical ao invés de explicar aos trabalhadores que essa greve era uma importante etapa(!) na crise da sociedade Francesa, o prelúdio (!) para uma grande luta de classes, onde o problema do poder dos trabalhadores seria colocado na ordem do dia para salvar o país da armadilha capitalista e abrir o caminho ao socialismo”.

Se os trabalhadores da Renault acreditassem nos pablistas, os burocratas stalinistas franceses traidores seriam culpados apenas de serem sindicalistas, e não de uma traição deliberada à maior greve geral na história da França.

A aprovação de Pablo à política da direção da CGT parece pouco verossímil, mas esse outro fato ainda salta aos olhos: na maior greve geral já vista na França, Pablo brandamente caracteriza como “correta” uma versão francesa da política burguesa de Gomper, a de manter os sindicatos fora da política. E isso em 1953!

Se é incorreto para as lideranças da CGT avançarem reivindicações políticas em consonância com necessidades objetivas, incluindo a formação de um governo operário e camponês, então por que o SWP exige dos atuais Gompers do movimento sindical americano que eles organizem um Partido dos Trabalhadores? Um Partido dos Trabalhadores que objetive colocar um governo operário e camponês no poder nos Estados Unidos?

A aprovação de Pablo parece ainda mais estranha se nos lembrarmos que a liderança da CGT é altamente política. Ao menor sinal do Kremlin, essa liderança não hesita em convocar os trabalhadores para a mais precipitada aventura política. Lembremos, por exemplo, seu papel nos acontecimentos iniciados com as manifestações anti-Ridgway no ano passado. Esses dirigentes sindicais stalinistas não hesitaram em chamar greves para protestar contra a prisão de Duclos, um líder do Partido Comunista.

O fato é que a direção da CGT revelou seu alto caráter político mais uma vez em greves gerais. Com toda a habilidade de anos de traição e jogo duplo, ela deliberadamente tentou eliminar os trabalhadores, sufocar suas iniciativas, impedir de avançarem suas reivindicações políticas. As lideranças sindicais stalinistas foram conscientemente traidoras. E esse caminho de traições é o que Pablo considera “correto”!

E isso não é tudo. Um dos principais objetivos do panfleto pablista é denunciar os trotskystas franceses que atuaram durante a greve na fábrica Renault como genuínos revolucionários. O panfleto nomeia especificamente 2 camaradas que “foram expulsos da IV Internacional e da seção francesa há mais de um ano.” Declara também que esse “grupo foi expulso por razões de indisciplina; e a orientação que seguiram, especialmente durante o último movimento grevista, era oposta àquela realmente defendida pelo PCI (Seção francesa da IV Internacional).” A referência ao “grupo” é, na verdade, à maioria da Seção Francesa da IV Internacional que foi arbitraria e injustamente expulsa por Pablo.

O movimento trotskysta internacional alguma vez ouviu tamanho escândalo como a denúncia de militantes trotskystas a stalinistas e ainda a apresentação de tal fato aos trabalhadores justificando-o como uma traição stalinista abominável?

Deve-se observar que a denúncia pablista desses camaradas aos stalinistas, se dá depois de um veredito do tribunal dos trabalhadores, absolvendo os trotskystas da fábrica da Renault das calúnias que lhes fizeram os stalinistas.

OS PABLISTAS AMERICANOS

O exame desses acontecimentos mundiais é suficiente, na nossa opinião, para indicar a profundidade da conciliação entre o pablismo e
o stalinismo. Mas nós gostaríamos de submeter à análise de todo o movimento trotskysta internacional alguns fatos adicionais.

Por mais de um ano e meio o SWP esteve comprometido em uma luta contra uma tendência revisionista liderada por Cochran e Clarke. A luta contra essa tendência foi uma das mais duras na história do nosso partido. Na verdade, se tratavam das mesmas questões fundamentais que nos dividiram do grupo de Burnham e Shachtman e do grupo de Morrow e Goldman no começo e final da II Guerra Mundial. Essa é uma nova tentativa de revisar e abandonar nosso programa fundamental. Suas posições comprometem a perspectiva da revolução americana, o caráter e o papel do partido revolucionário e seus métodos de organização, e as perspectivas para o movimento trotskysta internacional.

Durante o período pós-guerra, uma poderosa burocracia consolidou-se no movimento operário americano. Essa burocracia apóia-se sobre uma ampla camada de trabalhadores privilegiados, conservadores, que foram “amolecidos” pelas condições da prosperidade da guerra. Essa nova camada privilegiada saiu em grande medida das fileiras dos setores militantes da classe trabalhadora, da mesma geração dos que fundaram a CIO.

A relativa segurança e estabilidade das suas condições de vida paralisaram temporariamente a iniciativa e o espírito de luta daqueles trabalhadores que anteriormente estavam na linha da frente em todas as ações militantes de classe.

O Cochranismo é a manifestação da pressão dessa nova aristocracia operária, com sua ideologia pequeno-burguesa exercida sobre a vanguarda proletária. Os ânimos e tendências das camadas de trabalhadores passivos e relativamente satisfeitos atuam como um mecanismo poderoso transmitindo pressões contrárias para o nosso movimento. O slogan dos Cochranites, “abaixo o velho Trotskysmo”, expressa esse sentimento.

A tendência cochranista vê um grande potencial revolucionário da classe trabalhadora americana como um projeto distante. Eles acusam de “sectária” a análise marxista que revela os processos moleculares de criação de novos setores de luta no proletariado norte-americano.

À medida que há tendências progressistas no interior da classe trabalhadora nos Estados Unidos, eles as vêem apenas nas fileiras ou periferia do stalinismo e entre “sofisticados” políticos dos sindicatos—o restante da classe é considerada irremediavelmente adormecida, e somente o impacto de uma bomba atômica poderia acordá-la.

Sinteticamente, suas posições revelam: falta de confiança na perspectiva da revolução norte-americana; falta de confiança no papel do partido revolucionário em geral e no SWP em particular.

CARACTERÍSTICAS DO COCHRANISMO

Como bem sabem todas as seções do movimento internacional a partir de suas duras e difíceis experiências, as pressões que existem são maiores que as que se criaram com a prolongada prosperidade da guerra e com a onda de reação como a que ocorreu nos Estados Unidos. Mas o fator que sustenta os quadros sob as mais difíceis circunstâncias é a total convicção da concretude teórica do nosso movimento, é saber que eles são os meios reais para seguir adiante na tarefa histórica da classe trabalhadora, é compreender que, de uma maneira ou de outra, o destino da humanidade depende do que eles fazem, é a firme convicção de que quaisquer que sejam as circunstâncias momentâneas, a linha principal do desenvolvimento histórico exige a criação de partidos leninistas combativos que resolverão a crise da humanidade a partir da revolução socialista vitoriosa.

Cochranismo é a substituição desta visão de mundo trotskysta ortodoxa pelo cepticismo, improvisações teóricas e especulações jornalísticas. Foi isso que tornou irreconciliável a luta no SWP, no mesmo sentido em que a luta com a oposição pequeno-burguesa em 1939-40 era irreconciliável.

Os Cochranistas manifestaram as seguintes posições ao longo da luta:

1. Desrespeito à tradição do partido e à sua tarefa histórica. Os cochranistas dificilmente perdem uma oportunidade para denegrir, ridicularizar e desprezar os 25 anos de tradição do trotskysmo norte-americano.

2. Uma tendência a substituir a política fundamentada em princípios marxistas por combinações sem princípios contra o “regime” do partido. Assim, a fração cochranista é composta por um bloco de elementos contraditórios. Um grupo, centrado principalmente em Nova Iorque, favorece uma espécie de tática “entrista” no movimento stalinista norteamericano.

Outro grupo, composto por elementos conservadores do sindicato, centrados originalmente em Detroit, considera que pouco será ganho na aliança com os stalinistas. O grupo baseia sua perspectiva revisionista em uma super-estimação da estabilidade e duração do poder da nova burocracia operária.

Também se vêem atraídos pelos cochranistas indivíduos cansados que não mais podem suportar a pressão das condições adversas atuais e que estão buscando uma justificativa plausível para afastarem-se para a inatividade.

O cimento que une este bloco sem princípios é a comum hostilidade ao trotskysmo ortodoxo.

3. Uma tendência a afastar do partido aquilo que deve ser nosso principal campo de luta na América, os trabalhadores politicamente adormecidos das grandes indústrias. Os cochranistas, de fato, eliminaram do programa as palavras de ordem e reivindicações transitórias as quais o SWP tem usado como ponte a esses trabalhadores e argumentam ainda que a maioria que permanece nesse caminho está se adaptando ao atraso dos trabalhadores.

4. Uma convicção de que se deveria descartar toda a possibilidade da classe trabalhadora norte-americana avançar em oposição radical ao imperialismo norte-americano antes da III Guerra Mundial.

5. Uma absurda teorização experimental com o stalinismo de “esquerda” que se reduz à extravagante crença de que os stalinistas “já não podem mais trair”, de que o stalinismo inclui um lado revolucionário que torna possível aos stalinistas liderarem uma revolução nos Estados Unidos, no processo no qual eles absorveriam “idéias” trotskystas, de tal maneira que a revolução eventualmente “entraria para o caminho correto”.

6. Adaptação ao stalinismo diante dos novos acontecimentos. Eles apoiam e defendem a conciliação com o stalinismo baseados na interpretação de Pablo sobre a queda de Béria e as conseguintes desobstruções na URSS. Eles repetem todos os argumentos pablistas que encobrem o papel contrarrevolucionário do stalinismo no grande levantamento dos trabalhadores da Alemanha Oriental e na Greve Geral na França. Eles chegam a interpretar a aproximação do stalinismo norte-americano com o Partido Democrata como uma mera “oscilação” à direita dentro de um “processo de esquerdização”.

7. Desprezo pelas tradições do leninismo em relação à organização. Durante algum tempo eles tentaram implementar um “poder dual” no partido. Quando foram rechaçados pela esmagadora maioria do partido na Plenária de Maio de 1953, eles aceitaram por escrito submeter-se à decisão da maioria e à linha política tal como fora decidido na Plenária. Posteriormente romperam o acordo renovando sua sabotagem fracionista às ações do partido sobre bases mais febris e histéricas.

O cochranismo, cujas principais características mencionamos acima, nunca foi mais que uma fraca minoria no partido. Não teria tido mais que uma insignificante e fraca expressão de pessimismo, se não tivesse a ajuda e apoio de Pablo por trás das lideranças do partido.

A ajuda e apoio secretos dados por Pablo foram desmascarados logo depois da nossa Plenária de Maio, e desde então, Pablo vem colaborando abertamente com a fração revisionista no nosso partido, sendo inspirador da sua campanha de sabotagem das finanças do partido, destruição do trabalho do partido e da preparação para uma ruptura.

A fração Pablo-Cochran, por fim, culminou sua conduta desleal em um boicote organizado à celebração do 25º Aniversário do Partido, que se realizou em Nova Iorque, combinada com uma manifestação para a campanha às eleições municipais de Nova Iorque, que finalmente foram canceladas.

A ação traidora e de quebrar a greve constituiu, de fato, uma manifestação organizada contra a luta de 25 anos do trotskysmo norte-americano e, ao mesmo tempo, um ato de apoio direto ao stalinismo, que havia expulsado os núcleos iniciadores do trotskysmo norte-americano em 1928.

O boicote organizado a esse encontro foi, de fato, uma demonstração contra a campanha do SWP nas eleições municipais de Nova Iorque.

Todos os que participaram deste ato traidor anti-partido, obviamente consumaram a ruptura com o partido, a qual vinham planejando há muito tempo e perderam o direito de fazer parte do nosso partido.

Em um reconhecimento formal desse fato, a Plenária do 25º Aniversário do SWP expulsou os membros do Comitê Nacional que organizaram o boicote, e declarou que todos os membros da fração Pablo-Cochran que participaram dessa ação traidora e de quebra da greve ou que se negaram a repudiar esses atos, colocavam-se, por isso, fora das fileiras do SWP.

MÉTODOS DO COMINTERN

O jogo duplo de Pablo ao apresentar uma face à liderança do SWP enquanto secretamente colaborava com a tendência revisionista cochranista é um método que está fora da tradição do trotskysmo. Mas existe uma tradição à qual ela pertence—ao stalinismo. Tais instrumentos, usados pelo Kremlin, são os mesmos usados para corromper a Internacional Comunista. Muitos de nós experimentamos isso no período de 1923-1928.

A evidência agora é clara de que aquela forma de atuação não é uma aberração isolada por parte de Pablo. Um padrão consistente aparece.

Por exemplo, em uma das principais seções europeias da IV Internacinal, um destacado dirigente do partido recebeu uma ordem de Pablo, segundo a qual ele deveria conduzir-se como alguém que “defende até o 4o Congresso Internacional, a linha e a disciplina da IV Internacional”. Junto a esse ultimato, Pablo anunciava represálias àqueles que não obedecessem às ordens.

A “maioria” a que Pablo se refere é simplesmente a modesta etiqueta que ele coloca sobre si mesmo e sobre a pequena minoria hipnotizada pelas suas novidades revisionistas. A nova linha de Pablo está em violenta contradição com o programa fundamental do trotskysmo e está apenas começando a ser discutida em muitas partes do movimento trotskysta internacional. Não havendo sido sustentada por qualquer organização trotskysta, ela não constitui a linha oficial aprovada da IV Internacional.

Os primeiros informes que temos recebido indicam a indignação que provoca sua vontade arbitrária de introduzir à força suas concepções revisionistas na organização em nível mundial, sem esperar por uma discussão ou votação. Já temos informações suficientes para afirmar que a IV Internacional está decidida a rechaçar a linha de Pablo por esmagadora maioria.

A exigência autocrática de Pablo a um dirigente da IV Internacional, de abster-se de criticar a linha política revisionista de Pablo, já é ruim o suficiente. Mas Pablo não para por aí. Enquanto tenta silenciar esse líder e impedi-lo de participar de uma discussão na qual a militância se beneficiaria de sua experiência, conhecimento e percepção, Pablo continuava a intervir organizativamente, tratando de consolidar uma fração minoritária revisionista que levasse adiante a luta pela liderança da seção.

Esse fato é típico da asquerosa tradição do Cominterm, quando este caiu em degeneração sob a influência do stalinismo. Se não houvesse outro problema como este, seria necessário vencer o pablismo até o final para salvar a IV Internacional da corrupção interna.

Tais táticas têm um objetivo claro. Fazem parte da preparação de um golpe pela minoria pablista. Utilizando o controle administrativo de Pablo, eles pretendem impor sua linha revisionista na IV Internacional e onde encontrarem resistência, provocarem rupturas e expulsões.

O método organizativo stalinista começou, como podemos perceber agora, com o brutal abuso do controle administrativo por Pablo.na sua campanha contra a maioria da seção francesa da IV Internacional, há mais de um ano e meio.

Por ordem do Secretariado Internacional, a maioria eleita da seção francesa foi proibida de exercer seus direitos de liderar o trabalho político e de propaganda do partido. Em vez disso, o Bureau Político e a imprensa foram colocados sob o controle de uma minoria, a partir do modelo cominternista de uma “comissão paritária”.

Nesse momento, nós desaprovamos profundamente essa ação arbitrária na qual uma minoria foi usada para contrariar e derrubar arbitrariamente uma maioria. Assim que soubemos disso, nós comunicamos nosso protesto a Pablo. No entanto, nós devemos admitir que cometemos um erro em não tomar atitude mais vigorosa. Esse erro foi devido a uma insuficiente apreciação da nossa parte dos reais problemas que estavam envolvidos. Pensamos que as diferenças entre Pablo e a seção francesa eram táticas, o que nos levou para o lado de Pablo, apesar de nossa desconfiança quanto aos seus procedimentos organizativos, quando, depois de meses de uma luta destruidora de frações, a maioria foi expulsa.

No fundo, as diferenças eram de caráter programático. O fato é que os camaradas franceses da maioria viram o que estava acontecendo de maneira mais clara do que vimos. O 8º Congresso do seu partido declarou que “um grave perigo ameaça o futuro e inclusive a existência da IV Internacional... Concepções revisionistas, produto da covardia e do impressionismo pequeno-burguês apareceram no interior da sua direção. A fragilidade ainda grande da IV Internacional, separada da vida de suas seções, facilitaram momentaneamente a instalação de um sistema de domínio pessoal, que baseia a si mesmo e os seus métodos anti-democráticos no revisionismo do programa trotskysta e no abandono do método marxista” (La Verité, 18 de setembro de 1952)

Toda a situação francesa deve ser reexaminada à luz dos acontecimentos subsequentes. A atuação da maioria da seção francesa na greve geral demonstrou de maneira decisiva que eles, sim, sabem carregar os princípios fundamentais do trotskysmo ortodoxo. A seção francesa da IV Internacional foi injustamente expulsa. A maioria francesa, agrupada em torno do periódico La Verité, são os verdadeiros trotskystas da França, e o SWP os reconhece abertamente como tais.

Particularmente repugnante é a declaração caluniosa de Pablo sobre as posições políticas da seção chinesa da IV Internacional. A fração pablista os apresentou como “sectários” e “desertores da revolução”.

Contrariamente à impressão deliberadamente criada pela fração de Pablo, os trotskystas chineses atuaram como verdadeiros representantes do proletariado chinês. Eles foram escolhidos como vítimas do regime de Mao, da mesma maneira que Stalin condenou à morte toda a geração de bolcheviques leninistas na URSS, imitando os Noskes e Scheidemanns alemães que decidiram executar os Luxemburgos e Liebknechts da revolução de 1918. Mas a linha de Pablo, de conciliação com o stalinismo, a leva inevitavelmente a defender o regime de Mao, enquanto ataca a posição principista de nossos camaradas chineses.

O QUE FAZER?

Resumindo: o abismo que separa o revisionismo pablista do trotskysmo ortodoxo é tão profundo que nenhum compromisso político ou organizativo é possível. A fração de Pablo demonstrou que não permitirá decisões democráticas que reflitam a opinião da maioria. Eles exigem a completa submissão à sua política criminosa. Eles estão decididos a eliminar da IV Internacional todos os trotskystas ortodoxos, a calá-los ou atar-lhes as mãos.

Seu plano tem sido introduzir a conciliação com o stalinismo de forma fragmentada e, ao mesmo tempo, livrar-se daqueles que veem o que se passa e levantam objeções. Esta é a explicação da estranha ambiguidade de muitas das formulações e evasões diplomáticas pablistas.

Até agora, Pablo tem tido um certo êxito em suas manobras maquiavélicas e sem princípios. Mas chega-se a um ponto em que há uma mudança qualitativa. As questões políticas se apresentam liquidando as manobras, e a luta é agora um enfrentamento aberto.

Se pudermos dar um conselho às seções da IV Internacional, da nossa posição forçada de estarmos fora das filas, pensamos que é o momento de atuar, e atuar de maneira definitiva. É chegada a hora da maioria da IV Internacional mostrar sua vontade contra a usurpação da autoridade feita por Pablo.

Eles deveriam, além disso, salvar a direção da IV Internacional retirando Pablo e seus agentes de seus cargos, e levando para lá, quadros que têm demonstrado na ação que sabem conduzir o trotskysmo ortodoxo e manter o movimento no caminho correto tanto do ponto de vista político como organizativo.

Saudações fraternas trotskystas,
Comitê Nacional do SWP