Apreensão de cocaína no
helicóptero da quadrilha Perrella: Onde estão os verdadeiros traficantes deste
país, nas favelas ou no parlamento burguês?
500 kg de cocaína foram
apreendidos pela Polícia Federal dentro do helicóptero da Limeira Empresa de
Pesquisa Agropecuária pertencente ao deputado estadual Gustavo Perrella
(SDD-MG), irmãos e a seu pai, o atual senador Zezé Perrella (PDT-MG), que
assumiu a vaga por ser suplente de Itamar Franco (PPS), morto em 2011. A meia
tonelada de pasta base de cocaína equivale a 10 milhões de reais e possui entre
92% e 96% de pureza. A droga estava em formato de tabletes, dentro de caixas,
que encheram quatro picapes Hilux da polícia. Cinicamente, a quadrilha Perrela
acusou o piloto da aeronave de usar o helicóptero “sem autorização” e deu
entrada de queixa por apropriação indébita do aparelho. Nada mais falso! O
piloto Rogério Almeida Antunes estava fazendo transporte de carregamento de
cocaína a mando da dupla de políticos burgueses, tanto que ligou para os mesmos
no curso da viagem e inclusive abasteceu o helicóptero com verbas da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais (gastos foram de R$ 14 mil entre janeiro e outubro)!
Nada mais “natural”, já que ele era homem de confiança de “Gustavinho”, estava
lotado como cargo comissionado na Assembleia Legislativa de MG (agente de
serviço de gabinete) e era funcionário da Limeira Agropecuária! O piloto teria
sido apresentado a Gustavo e Zezé pelo ex-governador mineiro Aécio Neves
(PSDB), conhecido no meio da “high society” como um inveterado consumidor de
cocaína. Gustavo e Aécio têm larga amizade e aparecem em várias fotos juntos
nas “colunas sociais” ao lado de Zezé, que foi presidente do Cruzeiro Futebol
Clube. Em resumo, a cocaína apreendida no helicóptero da quadrilha Perrella (de
alto teor de pureza) era para saciar o vício da decadente burguesia e sua elite
política, a mesma que diariamente manda a PM aos morros, favelas e bairros das
periferias para supostamente perseguir os “traficantes” e reprimir o conjunto
da população pobre destas comunidades quando, na verdade, os maltrapilhos
traficantes expostos a exaustão na mídia não passam de meros elos da cadeia de
distribuição controlada pelos barões do tráfico de drogas, gente como os
Parrella, Aécio e Sérgio Cabral.
O PIG, que tanto dá
destaque a suposta “formação de quadrilha” no caso do “mensalão” do PT em sua
ofensiva contra o conjunto da esquerda via STF, guardou silêncio o quanto pode
sobre o caso da cocaína traficada pela quadrilha Perrella, políticos ligados à
base de apoio de Aécio Neves (PSDB) e do atual governador tucano Anastasia. Na
segunda-feira, 25 de novembro, poucas horas depois da divulgação da apreensão,
o Jornal Nacional, da Rede Globo, não divulgou nada sobre o fato. O jornal O
Globo, também da “famiglia” Marinho, fugiu da história. E o jornal Folha de S.
Paulo, da “famiglia” Frias, noticiou o caso com cuidado e discrição, protegendo
nomes e históricos. Somente agora algumas notícias estão indo ao ar. Suplente
do senador Itamar Franco (PPS), o chefe da quadrilha, José Perrella de Oliveira
Costa, o Zezé, se tornou titular com a morte do ex-presidente, mas isso só foi
possível graças ao bom trânsito e à proximidade que tem com o presidenciável
tucano Aécio Neves. Em entrevista, de julho de 2011, quando se preparava para
tomar posse, Perrella explicava sua situação: “Tenho um compromisso com as
forças políticas que me elegeram, capitaneadas pelo senador Aécio Neves e pelo
governador Anastasia. No plano nacional, realmente o nosso partido tem
compromisso com a Dilma. Mas não posso esquecer também que pela Dilma nós
perderíamos a eleição. Ela apoiou o (ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior) Fernando Pimentel (PT). Sei que tenho compromisso com o
partido, mas conversei com o presidente. Quero ter posição bastante
independente. Obviamente não haverá alinhamento automático nem com a situação
nem com a oposição. Acho que, no que for do interesse de Minas, vou votar com o
governo do estado, e o que for interessante para o Brasil vou votar com o
governo federal. Realmente a situação é complicada. Tenho dever de lealdade com
as forças políticas que me elegeram, com Itamar Franco e Aécio”. Por isto, tanto
“zelo” por parte da Rede Globo e do PIG, ainda mais quando se sabe que os
diretores da emissora do Jardim Botânico têm ligações comerciais com
contrabandistas, traficantes e bicheiros, realidade denunciada com detalhes por
um alto executivo das Organizações Globo durante 10 anos, Roméro da Costa
Machado, ex-assessor especial de Boni, que conheceu a fundo os negócios obscuros
do grupo e seus escândalos.
A descoberta do
transporte de 500k de cocaína no helicóptero de um Senador da República e um
deputado estadual mineiro com estreitas ligações com um tucano “plumado”,
típicos representantes da classe dominante, nos leva a fazer uma “singela”
pergunta: Onde estão os verdadeiros traficantes deste país, nas favelas ou no
parlamento burguês? É obvio que um negócio bilionário como a distribuição de
cocaína só pode ser gerido por peixes graúdos do sistema capitalista, onde os
maltrapilhos traficantes são meros “corretores” ou parceiros da valiosa
“mercadoria”, descartáveis frente aos interesses dos verdadeiros reis do
tráfico. Os figurões da burguesia, como os Perrella, consomem cocaína de alta
qualidade em abundância, importam carregamentos bélicos para alimentar o crime
organizado e comanda sua distribuição em associação com os demais políticos
burgueses e policiais que controlam o Estado e o aparelho de repressão
(alfândega, monitoramento de fronteiras, entrada e saída de cargas em portos e
aeroportos, etc.). Nesse cenário, a população pobre que é reprimida diariamente
pela PM é vítima desse esquema mafioso em uma verdadeira manobra
distracionista, já que os verdadeiros traficantes estão instalados nas “nobres”
instituições da república!
Enquanto a burguesia,
seus políticos e a elite palaciana se “deleitam” livremente com a
cocaína/heroína de alta qualidade (a “puríssima”) sem serem perturbados pela
polícia em suas mansões e “rodas” de celebridades, os morros, favelas e as
“cracolândias” pelo país afora, cujos consumidores pobres de “crack” (a borra
da coca misturada com bicarbonato de sódio) sofrem a mais brutal repressão da
PM e são ameaçado através dos “internamentos compulsórios”, conformando uma
verdadeira operação de guerra e “higienização” contra os pobres nas principais
metrópoles do país. Desgraçadamente, parcelas cada vez maiores da população passaram
a consumir drogas com mais frequência e sistematicidade, um claro sintoma do
“imenso” vazio proporcionado pela profunda decomposição e barbárie social a que
chegou o capitalismo. Neste sentido, a classe dominante bestializada e
“cheirada” empurra de roldão a classe média, que já perdeu qualquer referência
cultural e ideológica após a queda contrarrevolucionária da URSS, para o gueto
das drogas, adotando uma “vida de micróbio”, acomodada e vazia sem a menor
perspectiva de um futuro melhor para a humanidade. Ainda parte deste sistema,
as massas populares muitas vezes sem emprego e marginalizadas, são os alvos
mais vulneráveis ao consumo das drogas baratas como o crack e o “oxi” (mistura
de pasta-base de cocaína, querosene e cal virgem), as quais transformam
inapelavelmente os seres humanos em “mortos-vivos” por causarem rápida
dependência e morte em poucos meses. Por seu turno, os “barões do tráfico”
fazem todo tipo de negócios nos bastidores obscuros do Estado burguês e depois
buscam “laranjas” nos morros e favelas para encobrirem seus crimes, os quais
são taxados de “traficantes” por esta mesma mídia venal. A quadrilha Perrella
logo sairá dos holofotes, enquanto o povo pobre dos morros e favelas
continuarão vítima da repressão policial! Somente com o norte programático da
revolução socialista, o proletariado e o povo pobre poderá conquistar o seu
direito ao pão, ao lazer e ao prazer, colocando abaixo todo o edifício da ordem
burguesa, responsável pela barbárie cultural e ideológica que assola a humanidade
nos dias atuais, varrendo de vez os barões do tráfico e escória burguesa, como
a quadrilha Perrella, do cenário político, econômico e social.