quarta-feira, 27 de novembro de 2013


BC eleva novamente os juros enquanto o país terá o primeiro déficit na balança comercial da “década petista”

O COPOM elevou pela sexta vez consecutiva a taxa básica de juros, passando dos atuais 9,5% para 10% ao ano. O Brasil mantém, com esta política neoliberal de beneficiar os rentistas do mercado financeiro, o desonroso título de campeão mundial da taxa de juros. Estima-se que os credores da dívida pública embolsem cerca de R$ 12 bilhões ao ano a cada 1% de aumento da Selic, que ainda no mês de abril estava em 7,5%. Opera-se através da atual política monetária do governo Dilma uma brutal transferência de recursos estatais para os parasitas da banca nacional que intermediam o fluxo de capitais internacionais que transitam no país. Na “contrapartida” desta medida neomonetarista da gerência petista pode verificar-se o retrocesso da atividade econômica industrial e a redução do consumo popular. No campo dos investimentos em projetos estruturantes, a equipe econômica palaciana responde com novos cortes nos gastos orçamentários justificados pela necessidade de “economizar” dinheiro para bancar os serviços da chamada dívida interna (juros e amortizações), cujo peso cresce enormemente com a alta da Selic. O “farto” pagamento dos juros, que já consome cerca de 50% do Orçamento da União, somada as verbas destinadas aos credores “vampiros” é a mesma que se mostra absolutamente insuficiente para a saúde pública, na educação, na Previdência Social, no transporte de massas e na habitação popular. Para um governo que prefere ser reconhecido na intelectualidade como “neodesenvolvimentista” aplicar a velha cartilha econômica do FMI, recessiva e dependente até a medula, representa uma contradição que só poderá ser resolvida com a ação independente do proletariado para desmascarar o engodo político da Frente Popular. De janeiro de 2011 a setembro de 2013, a gerência central (governo federal incluindo o Banco Central) passou R$ 462,948 bilhões aos bancos como juros. Se somarmos todo o setor público (governo central, governos estaduais, municipais e as estatais dos três níveis) essa magnitude vai para R$ 627,742 bilhões desperdiçados – na maior parte - em juros, com o governo aceitando elevadas taxas, para o conjunto de seus “papéis” (títulos da dívida), inclusive bem acima da taxa básica (em 2011: 19,1% ao ano; em 2012: 15,6% a.a.; em 2013, 14,1% a.a.). Essas taxas são apenas uma média de vários títulos ao longo do ano, na verdade, em setembro último, a taxa acumulada em 12 meses estava em 18,7% ao ano. Dilma está mesmo decidida a “roubar” a bandeira dos juros altos defendida pela dupla Marina&Eduardo, conquistando assim a simpatia dos barões de Wall Street e de seus parceiros “murdochianos” tupiniquins.

Mas enquanto o governo Dilma “canta loas” para os êxitos de sua orientação privatista, de entrega do nosso petróleo, aeroportos e estradas nacionais, a “pedra de toque” da década da Frente Popular se desmancha velozmente, estamos falando é claro da Balança Comercial Brasileira (BCB). Enquanto na “era tucana” a BCB era recorrentemente deficitária, o governo Lula buscou novos mercados para nossas commodities, invertendo fortemente a lógica da “economia dos bens importados”, atraindo desta forma uma enorme bolha de crédito ao país, além de pelo menos triplicar as reservas cambiais em Dólar. Nossa balança comercial registrou um déficit de US$ 1,455 bilhão no acumulado de janeiro a novembro (até o dia 24/11), segundo números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mesmo sendo contabilizadas as exportações de cinco plataformas de petróleo que nunca saíram do Brasil, no valor de US$ 5,315 bilhões. No mesmo período do ano passado, a balança comercial apresentou um superávit de US$ 17,714 bilhões. Sem a exportação fantasma, o déficit acumulado no ano é de US$ 6,77 bilhões. A principal razão deste drástico revés econômico reside fundamentalmente no colapso da produção nacional de combustíveis e derivados de petróleo (incluindo o gás), tanto para a indústria como para frota de veículos. A chamada “conta petróleo” vem se tornando um verdadeiro barril de pólvora que ameaça detonar toda a economia caso venha a se somar com uma provável retração das exportações das commodities agro-minerais.

Em todo o ano de 2012, o superávit da balança comercial brasileira somou US$ 19,43 bilhões, o menor saldo positivo em dez anos. Com isso, o superávit da balança comercial registrou queda de 34,7% em relação ao ano de 2011, quando o superávit totalizou US$ 29,79 bilhões. Para 2013, ano que ainda está sendo influenciado duramente pelos efeitos da crise financeira internacional e pela concorrência acirrada nos mercados que ainda registram crescimento econômico – como é o caso do Brasil – os “economistas do mercado”, assim como a autoridade monetária (BC) acreditam que o valor do superávit da balança comercial (exportações menos importações) registrará forte queda, atingindo cerca US$ 1,4 bilhão. Está em rápida gestação uma tendência de corte do fluxo de crédito internacional para o país, lastreado em nossas reservas cambiais, que por sua vez tem relação direta com o saldo positivo da BCB. Este fator poderá levar a uma queda do consumo de bens e serviços, que na sequência consequentemente produziria um aumento dos níveis de desemprego.

O horizonte econômico caminha para uma deterioração das “bases” de um crescimento baseado na combinação do consumo e crédito. Com juros altos e o déficit crescente na balança comercial o país se dirige para um estrangulamento fiscal das contas estatais. As gerências petistas mostraram-se incapazes de erigir um projeto consequente de desenvolvimento capitalista nacional, a “patética” situação das escassas refinarias brasileiras é apenas a ponta deste imenso “iceberg”. Certamente a burguesia não trocará sua “gerente” nesta situação delicada da economia, mas que ainda apresenta uma “camada de gordura” a ser queimada nos próximos quatro anos. A reeleição de Dilma em 2014 parece apontar claramente para o fim histórico do “ciclo petista”, preparando a transição para um novo bloco de poder organizado politicamente no seio das classes dominantes. A classe operária deve estar preparada nos próximos anos para enfrentar uma ofensiva ainda mais brutal da burguesia nacional, apoiada diretamente pelo comando imperialista ianque  que declarou guerra aberta contra todos os povos e nações oprimidas.