quinta-feira, 21 de novembro de 2013


Israel, petromonarquias árabes e “rebeldes” terroristas são responsáveis pelo atentado à embaixada do Irã no Líbano

Ao menos 25 pessoas morreram e 150 ficaram feridas em duas explosões na terça-feira, 19 de novembro, no sul de Beirute, capital libanesa, com o objetivo de atacar a embaixada do Irã. A área em que fica localizada a embaixada iraniana é considerada um reduto do Hezbollah. A representação persa foi um alvo do atentado terrorista por seu apoio ao Hezbollah e a Bashar Al-Assad, ambos atuando de forma conjunta estão derrotando os “rebeldes” financiados pelas potências capitalistas, as petromonarquias árabes agrupadas no Comando Geral do Golfo (CGG) e Israel na Síria. Entre os mortos encontram-se o adido cultural iraniano e um membro do corpo de segurança diplomático. O Líbano, um país mosaico onde essas tensões são mais latentes, tem sido progressivamente arrastado para a guerra civil. O Hezbollah combate os grupos mercenários na Síria, ao lado das forças do governo Assad sendo decisivo em algumas das mais importantes conquistas do regime sírio nos últimos meses. Por outro lado, vários dirigentes sunitas são apontados como os principais intermediários no financiamento e entrega de armas aos “rebeldes” cujos grupos são também formados por mercenários estrangeiros.

As brigadas Abdullah Azzam, ligadas à Al-Qaeda, teriam assumido a autoria do ataque, segundo a agência Reuters. Segundo o grupo que apoia os “rebeldes” sírios, “as operações no Líbano vão continuar se Deus quiser, até que duas reivindicações sejam atendidas: a primeira é a retirada da Síria do partido do Irã (o Hezbollah libanês apadrinhado por Teerã) e a segunda, a libertação de nossos prisioneiros nas mãos da injustiça no Líbano”, em referência aos prisioneiros salafistas (fundamentalistas sunitas) detidos no Líbano. O Irã acusou Israel de estar por trás dos atentados: “Sabemos que os sionistas e seus mercenários são os responsáveis pela explosão em Beirute”, disse a porta-voz das Relações Exteriores, Marzie Afjam. Por sua vez, a Síria condenou os ataques, informou a televisão pública, que acusou, sem citar nomes, os países do Golfo hostis a Damasco: “O governo sírio condena com veemência o ato terrorista cometido perto da embaixada iraniana em Beirute. O odor petrodólar se desprende de todos os atos terroristas contra a Síria, Líbano e Iraque”, completou o canal, em referência a Arábia Saudita e Catar, que apoiam os mercenários.

O chefe da coalizão anti-Hezbollah, o ex-primeiro-ministro sunita Saad Hariri, responsabilizou  o Hezbollah por provocar os atentados: “É necessário preservar o Líbano das chamas que o cercam e evitar que os libaneses caiam no envolvimento militar (do Hezbollah) na tragédia síria”. No último ano sucedem-se ataques violentos que ameaçam a frágil situação no Líbano, como o atentado que em 15 de agosto matou 27 pessoas na zona sul de Beirute, considerada um bastião do Hezbollah. Uma semana depois, 40 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas em explosões junto a duas mesquitas da cidade de Trípoli, no norte do Líbano. O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, acusou milícias integristas sunitas pelos atentados que visaram o movimento e que atingiram também o Exército libanês. Numa primeira reação, nesta terça, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou mais este “ato terrorista covarde”, dizendo não ter dúvidas de que o ataque “visa desestabilizar a situação no Líbano e usá-lo como arena para enviar mensagens”.

O Líbano já vive uma intervenção “humanitária” da ONU desde o último conflito com as forças militares sionistas que foram fragorosamente derrotadas na ocasião. A oposição cristã sunita objetiva ampliar esta intervenção imperialista até o território sírio, utilizando cretinamente os atentados terroristas em Beirute como um pretexto. Obviamente, nesta etapa do conflito interno sírio, onde todos os esforços dos EUA foram derrotados para derrubar o regime Assad, a “cartada libanesa” surge como a última esperança dos chacais imperialistas. O gendarme de Israel tem atuado em conjunto com os “rebeldes” sírios e a oposição libanesa no sentido de preparar um corredor militar “free way” entre Tel Aviv e Teerã. O regime Assad tem conseguido superar o isolamento internacional, seus únicos aliados são o Irã e o Líbano, com um forte apoio das massas que heroicamente tem combatido contra os mercenários a serviço da OTAN. O proletariado sírio mesmo tendo plena consciência que o atual governo não o representa, não está disposto a permitir a devastação do seu país pelas transnacionais, em nome das supostas “liberdades democráticas”.

A tática da generalização da chamada “Primavera Árabe”, induzida pelo departamento de estado dos EUA, já produziu seus “resultados” na Líbia, saqueada pela OTAN e seus títeres. Na Síria a força política do regime Assad vem bloqueando uma intervenção imperialista até o momento, mas a eclosão de uma nova “guerra civil” no Líbano pode incendiar novamente a situação. O Líbano com uma longa tradição de separatismo e guerras civis, hoje abriga a principal força militar de oposição ao sionismo. O Hezbollah fortemente apoiado pelo regime sírio deve ser esmagado para se chegar até Damasco, segundo a ótica dos estrategistas do Pentágono e dos terroristas do gendarme de Israel. Ao estabelecer a unidade de ação militar com os “rebeldes” contra o “ditador” Assad, o revisionismo acaba por apoiar as ações terroristas da OTAN e CIA, que objetivamente fortalecem seu campo militar. Os marxistas revolucionários que não nutrem a menor simpatia política pelo regime da oligarquia dos Assad sabem muito bem que no atual conflito sírio não está em jogo democracia versus ditadura, mas sim a subordinação de um país semicolonial aos ditames do imperialismo. Neste sentido, estabelecemos sem vacilações unidade de ação, com absoluta independência política, com todos os adversários reais do principal inimigo dos povos, o grande “amo do norte” e seu enclave na região, Israel!