No dia da proclamação da
república PSOL lança o sarneysista Randolfe à presidência
No próximo dia 15 de
novembro a tendência majoritária do PSOL lançará oficialmente o nome do senador
amapaense Randolfe Rodrigues à presidência da república. Randolfe foi eleito
senador em 2010 após tentar sem sucesso uma eleição de deputado estadual em 2006
pelo PSOL. A “virada” na carreira política do pernambucano Randolfe (radicado
no Amapá desde criança) não “caiu do céu”, foi produto de alianças eleitorais
estabelecidas com o ex-presidente Sarney que chefia uma oligarquia regional “intrusa”
no estado. O clã dos Sarney além de dominar com “mão de ferro” há mais de meio
século o Maranhão, influencia de forma determinante a política do Amapá, com o
peso financeiro da corrupção estatal. O PSOL não se furtou a “imitar” a prática
do PT no Maranhão, e logo colou seus interesses aos da oligarquia Sarney,
conquistando no Amapá, em dois anos, os triunfos da eleição de um senador e da
prefeitura da capital do estado. Agora parece que o PSOL quer estender em nível
nacional as “vitórias” que Randolfe obteve meteoricamente no Amapá. Mas as “conquistas”
eleitorais do PSOL no Amapá não se realizaram sem um amplo arco de alianças com
os partidos da burguesia, incluindo até o ultrarreacionário DEM, agora Randolfe
pretende “nacionalizar” seu método policlassista agrupando também o PSTU e o
PCB. Em entrevista exclusiva concedida ao sítio “247” o jovem senador não
dissimulou suas intenções de “ampliar” ainda mais a chamada Frente de Esquerda:
“Vamos conversar com o PCB, com o PSTU. Eu acho que são partidos que se propõem
a dialogar e debater conosco. Vamos conversar em especial com esses dois e com
outros partidos que queiram debater nosso programa.” (sítio “247”, 05/10/13).
O PSTU já anunciou publicamente seu desejo de integrar a coligação reformista
com o PSOL em 2014, inclusive tendo como cabeça de chapa Randolfe, resta saber
o que dirão os Morenistas sobre os possíveis novos “convidados” (burgueses) da
Frente, levando em conta que o PCB já lançou um nome próprio do partido ao
Planalto.
No campo interno do PSOL o nome do único senador do partido para concorrer à presidência não é consenso entre as diversas correntes que coabitam este espaço revisionista. A “centro-esquerda” do PSOL (MES, CST e LSR) lançou a postulação da ex-deputada Luciana Genro, também defensora de alianças mais “amplas” e do financiamento de grandes empresas privadas ao PSOL. Entre os apoiadores da candidatura de Luciana estão figuras da “direita” do PSOL, apologistas de um “novo” perfil político para o partido (sem traços de esquerda), é o caso do deputado fluminense Marcelo Freixo, que interveio no ato de lançamento de Luciana para: “Mostrar que o partido deve analisar bem o momento atual e estar conectado com as ruas... defendeu que as pautas libertárias tem que estar no mesmo nível dos demais pontos programáticos do PSOL” (home page da CST, 25/10/13). Ou seja, para Freixo e a CST as novas “pautas libertárias” devem ter o mesmo peso programático das reivindicações históricas dos trabalhadores. Demagogia oportunista a parte, Freixo e Luciana tem em comum o fato de ambos se inclinarem para a formação de um bloco eleitoral mais à direita, “excluindo velhos companheiros” como o PSTU e PCB, não por coincidência o PSOL carioca vetou nas últimas eleições municipais qualquer possibilidade de acordo com o PSTU.
Embora a decisão
política do PSOL sobre as eleições de 2014 ficará a cargo do congresso nacional
partidário, no final de novembro, é certo que a “costura” em torno da
candidatura de Randolfe conta com uma ampla maioria interna. A questão a saber
é se o nome do senador é mesmo “pra valer” ou se trata de uma mera barganha
eleitoral. Com a migração de Marina Silva para o PSB, o arco de possibilidades
políticas para uma aliança eleitoral com a Frente de Esquerda se estreitou
bastante, sem o REDE fica “complicada” uma coligação “a seco” com o governador
Eduardo Campos. Mesmo rebaixando ao máximo seu programa Socialdemocrata, o PSOL
não encontrará no atual “mercado” eleitoral forças burguesas de “peso” que
possam catapultar suas candidaturas proporcionais ao parlamento ou governos
estaduais, ficando como praticamente certo o lançamento do sarneysista
Randolfe, em um movimento defensivo de sobrevivência política para “marcar
posição”.
Como se pode facilmente
observar o saldo da conjuntura política aberta com as “Jornadas de Junho” não
caminha em nenhum sentido para a esquerda. A ofensiva capitalista foi desatada
em todos os sentidos, do terreno econômico ao político (passando inclusive pelo
jurídico) o horizonte do país é completamente neoliberal. O movimento operário
amargou grandes derrotas no último semestre, e o “conto” revisionista da “revolução
dobrando a esquina” se desfaz a cada avanço da direita sobre nossas conquistas
sociais. Todas as candidaturas até então postas ao Planalto refletem, cada uma
a seu grau, esta realidade de inflexão reacionária da situação nacional. Em
comum todas primam pela via da institucionalidade burguesa, como se esta senda
reformista já não tivesse demonstrado sua nulidade histórica para o combate
vitorioso do proletariado. Os Marxistas Revolucionários devem redobrar seus
esforços no sentido de apontar a ação direta das massas com única “fonte” para
derrotar a brutal ofensiva capitalista em curso, ao mesmo tempo que “dialogam”
com a vanguarda classista a necessidade da agitação publicitária em torno de
uma anticandidatura operária e socialista à presidência da república.