A FARSA DO "SPCIRO" OU O VELHO ENGODO DA "BOLHA DE CRÉDITO" QUE TODOS QUEREM COPIAR DO PT: DE BOLSONARO A BOULOS...
Ciro, o candidato que alugou a legenda do PDT para disputar
a corrida ao Planalto nestas eleições, vem tentando se recuperar das
"rasteiras" sofridas em sua curta campanha com uma bombástica e
demagógica proposta eleitoral, que "dialogaria" diretamente com o
"bolso e a alma" do povão: tirar 60 milhões de inadimplentes do
SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Os "gurus" da campanha do
ex-governador do Ceará, mais precisamente o economista Roberto Mangabeira
Unger, tentaram com a proposta do "SPCiro", uma fusão das teses
acadêmicas do neodesenvolvimentismo com a demagogia barata de prometer crédito
"mais barato" para as camadas populares reativarem pela via do
consumo a estagnada economia nacional. Se analisarmos com um pouco mais de
cuidado a "proposta bomba" com que Ciro pensa em cravar seu lugar no
segundo turno das eleições de outubro, vamos verificar que se trata de uma
reedição da própria "plataforma" do SPC e Serasa que oferece para os
inadimplentes de seus clientes (grandes empresas e bancos). Já algum tempo no
país os consumidores inadimplentes recebem "cartas" de empresas de
recuperação de crédito, oferecendo super descontos e parcelamento de dívidas,
além da promessa de iniciada a quitação do débito retirar os devedores da
temida "lista negra" do SPC e Serasa. Também não é novidade que
financeiras de médio porte já oferecem "crédito novo" aos chamados "negativados", com
taxas de juros um pouco maiores em função do risco, a CREFISA, por exemplo, tem
uma política agressiva na mídia nacional ofertando crédito consignado ao nicho
de mercado considerado "negativado". A "pitada"
neodesenvolvimentista da entourage cirista seria que os bancos públicos, como
Caixa e BB, passariam a também oferecer o "crédito novo" aos milhões
de inadimplentes para se endividarem um pouco mais. O que é realmente mais
"fake", para usar uma expressão da moda, na proposta de Ciro Gomes é
o fato de que mesmo saindo do SPC e Serasa os milhões de devedores não terão a
menor garantia de que as grandes financeiras concederão crédito suplementar
para além da quitação de seus débitos, ou seja, você pode estar com o nome
absolutamente "limpo" na praça e nem por isso o Bradesco e Itaú são
obrigados a lhe conceder novos cartões de crédito ou empréstimos pessoais, como
ocorre com milhões de consumidores que estão totalmente adimplentes mas possuem
um passado de restrições em suas "fichas" bancárias. Se o truque
fajuto do candidato do PDT poderá engrupir alguns milhares de tolos, com toda
certeza não terá a capacidade de levar Ciro sequer ao segundo turno das
eleições presidenciais. Porém a falta de originalidade da proposta cirista ,
copiado "porcamente" do programa econômico que embalou os doze anos
de governo da Frente Popular e que resultou no fiasco da recessão que hoje o
país atravessa, parece atrair candidatos da esquerda até a direita. A equipe de
assessoria do neofascista Bolsonaro também acenou com o reaquecimento da
economia nacional pela senda do "crédito generoso", com a distinção
de que a "operação" teria que ser manejada pela iniciativa privada. O
PSOL, com seu candidato "Boulula", apresentou uma plataforma de
governo, expressa no programa econômico "VAMOS" que nada mais é do
que a clonagem social democrata das teses neodesenvolvimentistas do PT, que o
professor Guido Mantega defendia ainda nos tempos quando era professor da PUC.
Por sinal as teses cepalinas (em referência a CEPAL) de construir um
"capitalismo autônomo e popular", não propriamente uma novidade no
cenário político nacional, foram postas em práticas com JK em meados da década
de 50, com a criação dos bancos de fomento e da SUDENE para a região do
nordeste. O regime militar fortaleceu os bancos estatais que sobreviveram a
predação do mercado financeiro internacional desembocando no governo Lula que
aproveitou a bolha de crédito internacional e "encharcou" o BNDES de
capital, tornando-o um dos dez maiores bancos de fomento do mundo. Mas longe de
criar um "capitalismo nacional", o resultado de toda política
neodesenvolvimentista ao longo da história do país foi resultar na maior
dependência da economia semi-colonial aos fluxos do capital financeiro
internacional. Sem a ruptura radical com este sistema imperialista mundial não
há nenhuma saída minimamente progressista, somente breves períodos de
interregno que logo se encaminham para novas crises econômicas.