quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A FARSA DO "SPCIRO" OU O VELHO ENGODO DA "BOLHA DE CRÉDITO" QUE TODOS QUEREM COPIAR DO PT: DE BOLSONARO A BOULOS...


Ciro, o candidato que alugou a legenda do PDT para disputar a corrida ao Planalto nestas eleições, vem tentando se recuperar das "rasteiras" sofridas em sua curta campanha com uma bombástica e demagógica proposta eleitoral, que "dialogaria" diretamente com o "bolso e a alma" do povão: tirar 60 milhões de inadimplentes do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Os "gurus" da campanha do ex-governador do Ceará, mais precisamente o economista Roberto Mangabeira Unger, tentaram com a proposta do "SPCiro", uma fusão das teses acadêmicas do neodesenvolvimentismo com a demagogia barata de prometer crédito "mais barato" para as camadas populares reativarem pela via do consumo a estagnada economia nacional. Se analisarmos com um pouco mais de cuidado a "proposta bomba" com que Ciro pensa em cravar seu lugar no segundo turno das eleições de outubro, vamos verificar que se trata de uma reedição da própria "plataforma" do SPC e Serasa que oferece para os inadimplentes de seus clientes (grandes empresas e bancos). Já algum tempo no país os consumidores inadimplentes recebem "cartas" de empresas de recuperação de crédito, oferecendo super descontos e parcelamento de dívidas, além da promessa de iniciada a quitação do débito retirar os devedores da temida "lista negra" do SPC e Serasa. Também não é novidade que financeiras de médio porte já oferecem "crédito novo"  aos chamados "negativados", com taxas de juros um pouco maiores em função do risco, a CREFISA, por exemplo, tem uma política agressiva na mídia nacional ofertando crédito consignado ao nicho de mercado considerado "negativado". A "pitada" neodesenvolvimentista da entourage cirista seria que os bancos públicos, como Caixa e BB, passariam a também oferecer o "crédito novo" aos milhões de inadimplentes para se endividarem um pouco mais. O que é realmente mais "fake", para usar uma expressão da moda, na proposta de Ciro Gomes é o fato de que mesmo saindo do SPC e Serasa os milhões de devedores não terão a menor garantia de que as grandes financeiras concederão crédito suplementar para além da quitação de seus débitos, ou seja, você pode estar com o nome absolutamente "limpo" na praça e nem por isso o Bradesco e Itaú são obrigados a lhe conceder novos cartões de crédito ou empréstimos pessoais, como ocorre com milhões de consumidores que estão totalmente adimplentes mas possuem um passado de restrições em suas "fichas" bancárias. Se o truque fajuto do candidato do PDT poderá engrupir alguns milhares de tolos, com toda certeza não terá a capacidade de levar Ciro sequer ao segundo turno das eleições presidenciais. Porém a falta de originalidade da proposta cirista , copiado "porcamente" do programa econômico que embalou os doze anos de governo da Frente Popular e que resultou no fiasco da recessão que hoje o país atravessa, parece atrair candidatos da esquerda até a direita. A equipe de assessoria do neofascista Bolsonaro também acenou com o reaquecimento da economia nacional pela senda do "crédito generoso", com a distinção de que a "operação" teria que ser manejada pela iniciativa privada. O PSOL, com seu candidato "Boulula", apresentou uma plataforma de governo, expressa no programa econômico "VAMOS" que nada mais é do que a clonagem social democrata das teses neodesenvolvimentistas do PT, que o professor Guido Mantega defendia ainda nos tempos quando era professor da PUC. Por sinal as teses cepalinas (em referência a CEPAL) de construir um "capitalismo autônomo e popular", não propriamente uma novidade no cenário político nacional, foram postas em práticas com JK em meados da década de 50, com a criação dos bancos de fomento e da SUDENE para a região do nordeste. O regime militar fortaleceu os bancos estatais que sobreviveram a predação do mercado financeiro internacional desembocando no governo Lula que aproveitou a bolha de crédito internacional e "encharcou" o BNDES de capital, tornando-o um dos dez maiores bancos de fomento do mundo. Mas longe de criar um "capitalismo nacional", o resultado de toda política neodesenvolvimentista ao longo da história do país foi resultar na maior dependência da economia semi-colonial aos fluxos do capital financeiro internacional. Sem a ruptura radical com este sistema imperialista mundial não há nenhuma saída minimamente progressista, somente breves períodos de interregno que logo se encaminham para novas crises econômicas.