DESORIENTAÇÃO DA ESQUERDA REFORMISTA DIANTE DO MOVIMENTO
"#ELENÃO": PCO AFIRMA QUE FOI IMPULSIONADO PELA DIREITA PARA
PREJUDICAR O PT, PSTU SIMPLESMENTE CLASSIFICA BOLSONARO COMO UM "CANDIDATO
MACHISTA" E O PSOL SE DILUI JUNTO COM O PT NA POLÍTICA DE CONCILIAÇÃO DE CLASSES
Seria até risível, se não fosse trágica a análise das
correntes da esquerda acerca do movimento multitudinário que tomou conta do
país no último sábado de setembro. O chamado "#EleNão", convocado
inicialmente de forma quase espontânea pelas redes sociais, para confrontar a
candidatura do fascista Bolsonaro, tomou corpo nacional e hoje às vésperas das
eleições é o principal fato político da conjuntura nacional. Quase meio milhão
de pessoas saíram às ruas das principais cidades do país, principalmente as mulheres
e a juventude, suplantado em mais de cem vezes numericamente os atos de apoio
ao fascista que acabara de receber alta hospitalar neste mesmo final de semana.
O "#EleNão" catalisou um sentimento de resposta popular de massas a
ofensiva direitista de uma candidatura que não só representa o machismo
reacionário contra as mulheres, mas incorpora toda uma plataforma de ataque as
conquistas históricas da classe trabalhadora de conjunto, potencializando a
pauta de ajuste neoliberal iniciada desde o governo Dilma e muito incrementada
com o golpe institucional protagonizado pela quadrilha do PMDB de Temer. É bem
verdade que a expressiva mobilização "#EleNão" carece de uma
perspectiva da classe operária (sendo dirigida por uma coalizão de partidos da Frente
Popular) e está completamente embriagada no leito do atual circo eleitoral
fraudado. Por este mesma razão exigiria das forças da esquerda revolucionária
um escopo programático de intervenção, delimitando nosso campo de classe e
apontando o norte político da derrota cabal do fascismo pela única via da ação
direta das massas na perspectiva do socialismo. Desgraçadamente está longe de
ser esta a vereda construída pela esquerda reformista no curso dramático dos
atuais acontecimentos, no meio a uma etapa permeada por um regime de exceção
instaurado na sequência do golpe parlamentar, onde a camarilha togada parece
ter a última palavra. O PCO poderia ganhar o "título" da corrente
mais exótica e oportunista nesta conjuntura, depois de terem se transformado em
"lulistas de pura cepa", conseguem praticar as mais delirantes
acrobacias políticas, e a última delas foi justamente caracterizar o
"#EleNão" como um movimento impulsionado pelo PSDB e a direita para
prejudicar a campanha do petista Haddad. Chegam a afirmar que Bolsonaro
"não é tão fascista assim", e que seria um mero "espantalho
eleitoral" criado para ajudar a derrota do PT no segundo turno. O mais
"curioso" desta seita revisionista corrompida é que até agora não
declararam apoio formal a Haddad, alegando uma fidelidade absoluta ao
ex-presidente Lula, embora tenham lançado candidatos estaduais que nos
bastidores estão apoiando não só Haddad mas uma série de
"personalidades" petistas, como Dilma e o governador Fernando
Pimentel. Porém depois deste sábado "29S" ficará muito difícil
convencer alguém com um mínimo de lucidez política que os grandes beneficiários
do "#EleNão" foram justamente os partidos da Frente Popular, no caso
PT, PDT e PSOL, ameaçando inclusive um segundo turno sem a presença Bolsonaro e
Alckmin. Na esteira do oportunismo vem o PSTU, que não chega a ter delírios
como o PCO, mas nem por isso é isento do mesmo "vírus" político. Para
os Morenistas não existe nenhuma ofensiva neoliberal fascista no país e
tampouco no mundo, só enxergam "revoluções" onde na realidade campeou
a barbárie imperialista, como na Líbia. Por isso o PSTU se integrou ao
"#EleNão" com sua tradicional plataforma sindicalista, acusando
Bolsonaro simplesmente de "machista e misógino", propondo uma
"rebelião" no sentido mais rebaixado deste termo, ou seja, sem relação
alguma com uma ruptura revolucionária que conduza a destruição violenta do
Estado burguês. O PSOL não poderia sair do seu clássico cardápio Social
Democrata e foi com toda sua militância e grupos satélites (internos e externos) defender
no "29S" uma política de conciliação de todas as classes sociais,
policlassista, para derrotar Bolsonaro nas urnas...fazem o papel de força
política auxiliar do PT e já se preparam para festejar uma provável vitória de
Fernando Haddad. Os Marxistas Leninistas da LBI vem de há muito tempo
combatendo a ofensiva reacionária imperialista mundial, identificando o
fenômeno contemporâneo do neofascismo como um produto direto da crise
estrutural do capitalismo, fundindo os ingredientes mais ácidos da xenofobia e
do neoliberalismo econômico. Não disseminamos ilusões de que o nazifascismo
poderá ser sepultado combatendo limitadamente no terreno institucional e
alertamos a classe trabalhadora e sua vanguarda que somente o triunfo da
revolução socialista poderá deter a barbárie que ameaça o conjunto da
humanidade.