sábado, 12 de setembro de 2020

CONGRESSO DO PERU APROVA MOÇÃO PARA DESTITUIR PRESIDENTE: NENHUM APOIO AO PARLAMENTO FUJIMORISTA E TAMPOUCO AO NEOLIBERAL DE DIREITA VIZCARRA! CONSTRUIR UMA ALTERNATIVA INDEPENDENTE DOS TRABALHADORES!

O Congresso peruano de maioria Fujimorista aprovou nesta sexta-feira,11.09, a moção de vaga com a qual o presidente neoliberal Martín Vizcarra poderia ser destituiído, após estar envolvido em um suposto caso de corrupção. Em meio a uma nova crise política no país, o parlamento avançou com o processo com o qual poderia declarar a vacância do presidente por “incapacidade moral permanente”. A moção recebeu 65 votos a favor, 36 contra e 24 abstenções. Precisou do apoio de 52 legisladores para ser admitido e levado a debate e votação, passo que deve ocorrer entre os próximos 3 e 10 dias. Vizcarra é acusado de pedir a dois de seus assessores que mentissem em uma investigação legislativa sobre um escândalo de corrupção que compromete seu governo. As massas populares e campesinas já mostram total desconfiança em relação a direita fugimorista e sua “alma gêmea” a reação neoliberal de Vizcarra, vergonhosamente apoiada pelos reformistas. O único caminho que o combativo proletariado peruano, que protagonizou heróicas lutas nacionais, tem a trilhar é o da revolução socialista sem prestar nenhum apoio aos bandos burgueses!

O neoliberal de direita Vizcarra demonstrou que conta com o apoio político de todo o aparelho repressivo do regime de exceção peruano, que desde o golpe militar dado por Alberto Fujimori na década de 90, é responsável pela morte e prisão de milhares de ativistas sociais e de esquerda. Os episódios conflituosos desta semana no Peru são apenas o estopim de uma crise que começou em 2018, quando o presidente eleito, Pedro Pablo Kuczynski, renunciou ao cargo e lançou o país num cenário de instabilidade política e institucional.

A profunda crise do regime burguês, que se baseia no pilar de repressão das Forças Armadas, desde o período fugimorista (início dos anos 90), quando foi acionada para “eliminar” a guerrilha do Sendero Luminoso, se arrasta de governo em governo. Alan García, que governou o país duas vezes (1985-1990) e (2006-2011), cometeu suicídio. Os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) respondem judicialmente a processos decorrentes das investigações da famigerada “Lava Jato” peruana.

Uma das principais líderes da oposição, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, também foi acusada de receber irregularmente dinheiro da Odebrecht para suas campanhas políticas e foi presa. Também o líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzman, continua preso há mais de vinte anos, apesar de pregar a “conciliação nacional” desde o cárcere da base militar de Callao.

A instabilidade política do regime é baseado em um modelo neoliberal de agressivas exportações minerais, principalmente o ouro (que no último período atingiu cotações recordes internacionais) degradante para o meio ambiente e solapando uma das principais riquezas naturais do país. Este “modelo” de pilhagem do país por mineradoras imperialistas, vem atiçando a disputa intestinal da burguesia pelo botim do Estado capitalista. Razão das violentas disputas fratricidas no seio de uma classe dominante que só enxerga a venda do seu próprio país para o mercado imperialista. 

A “chave” para a superação política da intensa crise crônica em que se arrasta o regime bonapartista no Peru, reside na possibilidade da construção de uma alternativa independente e revolucionária dos trabalhadores. Tanto a esquerda foquista (Sendero e MRTA), como os reformistas do PCP fracassaram na sua tentativa de levar adiante uma política de colaboração de classes, visando estabelecer um governo do tipo de Frente Popular. O caminho é construir uma alternativa independente dos trabalhadores!