“NOVO ACORDO” ENTRE AS FARC E SANTOS: HUMILHANTE RENDIÇÃO
RECRUDESCE PERSEGUIÇÃO A GUERRILHA EM SUA INTEGRAÇÃO AO REGIME DA
DEMOCRACIA DOS RICOS NA COLÔMBIA
O governo colombiano e as FARC anunciaram neste 14.11 os
pontos do “novo acordo de paz”, refazendo parte do pacto que foi rejeitado no
referendo realizado no começo de outubro. Sobre pressão da extrema-direita
comandada por Álvaro Uribe e com a vitória de Trump nos EUA, a direção da
guerrilha cedeu ainda mais e aceitou de forma humilhante impor mais regras de
perseguição a seus militantes assim como se compromete a indenizar as “vítimas”
da guerra civil provocada pela oligarquia dominante. A versão original já dizia
que ex-combatentes que reconhecessem o envolvimento em crimes ligados ao
conflito e entregassem informações a esse respeito poderiam cumprir a pena
dentro de áreas desmilitarizadas, mas não necessariamente na prisão - como
ocorre nas condenações ao regime aberto.
Na nova versão, explicita a restrição de mobilidade que será imposta aos
guerrilheiros nessas condições, determinando diferentes tipos de zonas com
restrição de movimento e com liberdade vigiada. Além disso, os guerrilheiros
que não confessarem seus crimes, mas forem condenados, continuam sujeitos a
penas de até 20 anos no regime fechado. A nova versão diz agora explicitamente
que “nada do estabelecido no acordo deve afetar o direito constitucional à
propriedade privada”. O novo texto também afirma de forma clara a prevalência
da reacionária Corte Constitucional sobre o Tribunal Especial para a Paz, que
tornou-se ainda mais decorativo. O chefe negociador das Farc, Iván Márquez,
declarou “De nossa parte cedemos, inclusive estendendo as fronteiras que
tínhamos traçado, levando-as até os limites do razoável e aceitável para uma
organização político-militar, cujas armas não foram vencidas”, buscando uma
aceitação rápida do novo texto por parte do parlamento. Na verdade, parte das
condições impostas por Uribe foram incorporadas ao “novo acordo” como o
endurecimento da chamada “Jurisdição Especial para a Paz”, a entrega total dos
bens e finanças das FARC através de um inventário em 180 dias assim como a
reafirmação da garantia plena de defesa da propriedade privada. As reacionárias
Igrejas evangélicas também arrancaram concessões com relação a manter a
opressão da mulher em contrate com o papel de vanguarda das guerrilheiras. O
mais escandaloso é que a direção das FARC defende a prisão dos guerrilheiros
que não se subordinarem ao novo acordo, em uma clara chantagem contra o ELN e
as frentes dissidentes da guerrilha. Em entrevista a BBC, Iván Márquez afirmou:
“Aqueles que se recusam a ir a tribunal paz, tem que pagar uma sanção punitiva
e deve ir para a cadeia” (13.11). A LBI denunciou desde o início das
negociações o conteúdo contrarrevolucionário dos “acordos de paz”, baseado em
uma rendição unilateral da guerrilha e sua adaptação a democracia burguesa. Não
apoiamos nem o Sim e muito menos o Não no referendo, apresentamos uma saída
revolucionária para a crise do regime burguês colombiano contra o engodo da
democracia dos ricos: Não ao falso "Acordo de Paz"! Unidade da
guerrilha com o movimento operário para lutar contra o governo Santos, Uribe e o
imperialismo. Alertamos que esse “novo acordo” se celebra me um quadro em
totalmente fragilizada e vulnerável do ponto de vista político e militar, as
FARC tornou-se um alvo fácil das reacionárias FFAA e dos grupos paramilitares
aliados a Uribe e das oligarquias que patrocinaram a campanha do Não. Apesar do
quadro extremamente difícil em que a direção das FARC impôs ao conjunto da
guerrilha, cabe a seus militantes romperem com essa orientação pacifista e
suicida, para voltar a empunhar as armas contra Santos, Uribe e o capitalismo
na Colômbia, em unidade de ação com o movimento de massas e com o ELN e outras
frentes guerrilheiros que já tinham denunciado os termos inaceitáveis do
primeiro “Acordo de Paz” que agora se recrudescem ainda mais!
Os Marxistas Revolucionários sempre declararam seu apoio
incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e
do aparato repressivo de Santos. Simultaneamente, apontamos como alternativa a
superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na
reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada
com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para
liquidar o regime facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados
colombianos. Defendemos que uma política justa para o confronto entre as forças
guerrilheiras (ELN, Frente 1 e 7) e o
Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais
absoluta independência política em relação ao programa destes agrupamentos. Ao
lado dos heroicos guerrilheiros e honrando o sangue derramado pelos comandantes
Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que morreram em combate, apontamos
como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e
da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de
construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres, como
hoje desgraçadamente defende o atual comandante das FARC, Timoleón Jiménez.