REELEIÇÃO DE DANIEL ORTEGA: FSLN MANTÉM-SE NO COMANDO DE UM
DÓCIL GOVERNO DA CENTRO-ESQUERDA BURGUESA NA NICARÁGUA
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, foi reeleito neste
domingo (06.11) com 71,3% dos votos. O ex-guerrilheiro dos “Contra”, Maximino
Rodríguez, da opositora aliança Partido Liberal Constitucionalista (PLC), ficou
em segundo lugar, com 16,4% dos votos, em uma representação eleitoral
distorcida do conflito armado que o país viveu há décadas atrás. Antes da
leitura destes primeiros resultados, milhares de militantes da FSLN saíram às
ruas e praças de Manágua para comemorar antecipadamente sua vitória. Cerca de
4,34 milhões de nicaraguenses foram convocados neste domingo para escolher um
presidente, um vice-presidente, 90 deputados da Assembleia Nacional e 20
representantes do Parlamento Centro-Americano. Atualmente convertida a um
partido da centro-esquerda burguesa e paladina do já falido “Socialismo do
Século XXI”, a FSLN voltou a governar o país de forma completamente adaptada a
democracia burguesia e sem grandes conflitos com o imperialismo ianque,
chegando, no máximo, a ajudar o chavismo a impulsionar organismos políticos
“independentes” da OEA, como a Unasul e a Celac. A reeleição de Daniel Ortega a
presidência do país em nossos dias não representa qualquer ameaça ao domínio da
Casa Branca no continente centro-americano, ao contrário, faz parte da própria
política levada a cabo por Obama até agora da “reação democrática”, apoiada
pelo Papa Francisco e muitas vezes celebrada como “progressista” pela esquerda
reformista. A reeleição de Ortega ocorre 37 anos após o triunfo da revolução
sandinista e de sua posterior derrota pela via “democrática” para a reação
burguesa podemos afirma que ao contrário das organizações centristas
pequeno-burguesas como a FSLN, um verdadeiro partido revolucionário baseia-se
fundamentalmente na vanguarda consciente da classe mais progressista do
capitalismo, a classe operária, nos seus organismos de poder (milícias
proletárias, conselhos populares, sovietes), suas formas de organização de luta
(greves, ocupações, expropriações) e seus métodos (violência revolucionária e
ditadura proletária), o que o torna porta-voz de uma classe com determinação a
impor uma nova forma de organização da economia (planificação econômica,
coletivização dos meios de produção, controle da produção interna pelos
sovietes e controle do comércio exterior pelo Estado operário) e da política,
fusão das funções dos poderes do Estado burguês (Legislativo, Executivo e
Judiciário) em um único organismo de poder, o soviete, baseado na mais ampla
democracia operária. A ausência desse programa revolucionário foi a grande
lição nos legada pelo fracasso do Sandinismo, que hoje governa a Nicarágua como
um dócil governo da centro-esquerda, convertido a gerente dos negócios da
burguesia em comum acordo com o imperialismo, no máximo aplicando ao lado dos
ajustes neoliberais algumas “políticas compensatórias” que mantém intactas as
estruturas do poder capitalista de um país que foi palco de uma heroica luta
revolucionária dos trabalhadores do campo e da cidade, com milhares pagando com
sangue não só para derrotar a ditadura somozista mas para erguer o Socialismo
na pátria de Sandino!