quarta-feira, 30 de novembro de 2016

CARTOLAS DA CHAPECOENSE, CBF E CONMEBOL SÃO OS RESPONSÁVEIS PELA TRAGÉDIA: FRETARAM A BAIXO CUSTO UM AVIÃO (JUMBOLINO) SEM AS MENORES CONDIÇÕES TÉCNICAS PARA TRANSPORTAR A DELEGAÇÃO PARA A COLÔMBIA


Os verdadeiros responsáveis pelo acidente aéreo que vitimou 71 pessoas, quase a totalidade do time de futebol da Chapecoense e os jornalistas que iam cobrir o jogo da Copa Sul-Americana na Colômbia são os cartolas da Chapecoense, da CBF e da CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol). Os dirigentes do clube paranaense em nome do baixo custo de locação da aeronave optaram por contratar uma companhia “aeropirata” (LaMia) cujo avião tinha péssimas condições de uso, basta saber que havia deixado de ser fabricado em 2002, há 17 anos. O piloto, um venezuelano, era o proprietário da própria empresa familiar, proibida de voar na Venezuela por questões de segurança, mas que conseguiu uma licença para operar na Bolívia como “operador de pequeno porte”. Por se tratar de uma verdadeira “sucata aérea” o aluguel do Avro RJ-85 (popularmente conhecido como Jumbolino) custou R$ 500 mil enquanto especula-se que as outras companhias aéreas brasileiras (TAM e GOL) cobraram 4 vez mais, R$ 2 milhões para fazer o trajeto Guarulhos-Medellín de forma mais segura e menos desgastante. Na Copa Sul-Americana (promovida pela CONMEBOL) os times pagam as despesas com deslocamento e hospedagem, recebendo suas “cotas” depois das partidas, o que gera ainda mais pressão pela redução dos custos com viagens e hotéis. Como a ANAC não permitiu o vôo da LaMia no Brasil, a direção do time decidiu irresponsavelmente em função da ânsia de reduzir custos, que os jogadores da Chapecoense (que estavam em São Paulo devido a partida de domingo com o Palmeiras) voariam em avião de carreira para Bolívia (Santa Cruz de la Sierra) e de lá embarcariam rumo a Colômbia (Medellín) na companhia “aeropirata” venezuelana, dona do avião que caiu. Aqui prevalece de forma cristalina a lógica capitalista da busca da maior taxa de lucro, sacrificando a segurança dos jogadores e da comissão técnica, os trabalhadores do futebol. Não por acaso, o presidente da Chapecoense, assim como o prefeito da cidade paranaense não embarcaram na temerária aeronave. Mesmo sem grandes conhecimentos técnicos em aeronáutica, fica evidente que o jato apelidado de “Jumbolino” não possuía condições mínimas de transporte em longas distâncias, sem maior reserva de combustível e com lotação e peso máximo a bordo. Um avião fora de linha e “remontado” por outra empresa representa sempre um risco de vida a sua tripulação e passageiros, mas foi fretado levando em conta seu baixo custo. A fabricante inglesa chegou a vender quase 500 aeronaves deste modelo, porém a grande maioria destes jatos já estão “aposentados”, a cartolagem da Chapecoense fretou uma das poucas unidades em atividade que tinha tradição em transportar equipes de futebol na América do Sul justamente porque os dirigentes do continente desejam sempre reduzir os custos de deslocamento. Nossa solidariedade com a família dos jogadores, da comissão técnica e dos jornalistas soma-se a necessária denúncia vigorosa dessa conduta venal da cartolagem do futebol que ceifou a vida de 71 pessoas, mortes que poderiam ser evitadas, mas foram sacrificadas em nome de reduzir custos com os vôos e garantir para os capitalistas empresários-investidores do futebol e donos do clube uma parcela maior das cotas milionárias que receberiam devido a Chapecoense ser finalista da Copa Sul-Americana.