CARTOLAS DA CHAPECOENSE, CBF E CONMEBOL SÃO OS RESPONSÁVEIS
PELA TRAGÉDIA: FRETARAM A BAIXO CUSTO UM AVIÃO (JUMBOLINO) SEM AS MENORES
CONDIÇÕES TÉCNICAS PARA TRANSPORTAR A DELEGAÇÃO PARA A COLÔMBIA
Os verdadeiros responsáveis pelo acidente aéreo que vitimou 71
pessoas, quase a totalidade do time de futebol da Chapecoense e os jornalistas
que iam cobrir o jogo da Copa Sul-Americana na Colômbia são os cartolas da
Chapecoense, da CBF e da CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol). Os
dirigentes do clube paranaense em nome do baixo custo de locação da aeronave
optaram por contratar uma companhia “aeropirata” (LaMia) cujo avião tinha
péssimas condições de uso, basta saber que havia deixado de ser fabricado em
2002, há 17 anos. O piloto, um venezuelano, era o proprietário da própria
empresa familiar, proibida de voar na Venezuela por questões de segurança, mas
que conseguiu uma licença para operar na Bolívia como “operador de pequeno
porte”. Por se tratar de uma verdadeira “sucata aérea” o aluguel do Avro RJ-85
(popularmente conhecido como Jumbolino) custou R$ 500 mil enquanto especula-se
que as outras companhias aéreas brasileiras (TAM e GOL) cobraram 4 vez mais, R$
2 milhões para fazer o trajeto Guarulhos-Medellín de forma mais segura e menos
desgastante. Na Copa Sul-Americana (promovida pela CONMEBOL) os times pagam as
despesas com deslocamento e hospedagem, recebendo suas “cotas” depois das
partidas, o que gera ainda mais pressão pela redução dos custos com viagens e
hotéis. Como a ANAC não permitiu o vôo da LaMia no Brasil, a direção do time
decidiu irresponsavelmente em função da ânsia de reduzir custos, que os
jogadores da Chapecoense (que estavam em São Paulo devido a partida de domingo
com o Palmeiras) voariam em avião de carreira para Bolívia (Santa Cruz de la
Sierra) e de lá embarcariam rumo a Colômbia (Medellín) na companhia “aeropirata” venezuelana, dona do avião que caiu. Aqui prevalece de forma cristalina a lógica
capitalista da busca da maior taxa de lucro, sacrificando a segurança dos
jogadores e da comissão técnica, os trabalhadores do futebol. Não por acaso, o
presidente da Chapecoense, assim como o prefeito da cidade paranaense não
embarcaram na temerária aeronave. Mesmo sem grandes conhecimentos técnicos em
aeronáutica, fica evidente que o jato apelidado de “Jumbolino” não possuía
condições mínimas de transporte em longas distâncias, sem maior reserva de combustível e com lotação e peso
máximo a bordo. Um avião fora de linha e “remontado” por outra empresa
representa sempre um risco de vida a sua tripulação e passageiros, mas foi
fretado levando em conta seu baixo custo. A fabricante inglesa chegou a vender
quase 500 aeronaves deste modelo, porém a grande maioria destes jatos já estão
“aposentados”, a cartolagem da Chapecoense fretou uma das poucas unidades em
atividade que tinha tradição em transportar equipes de futebol na América do
Sul justamente porque os dirigentes do continente desejam sempre reduzir os
custos de deslocamento. Nossa solidariedade com a família dos jogadores, da
comissão técnica e dos jornalistas soma-se a necessária denúncia vigorosa dessa conduta
venal da cartolagem do futebol que ceifou a vida de 71 pessoas, mortes que
poderiam ser evitadas, mas foram sacrificadas em nome de reduzir custos com os vôos e garantir para os capitalistas empresários-investidores do futebol e donos do clube uma parcela maior das
cotas milionárias que receberiam devido a Chapecoense ser finalista da Copa Sul-Americana.