quinta-feira, 3 de novembro de 2016

ONTEM O CORAJOSO HERÓI DA LUTA CONTRA O GOLPE, HOJE UMA AMEAÇA A HEGEMONIA DA LIDERANÇA DE LULA: CIRO O NEOCORONEL QUE SONHA EM OCUPAR O PLANALTO


A cena de Ciro Gomes expulsando agressivamente os "coxinhas" que se concentravam na porta da residência de seu irmão, o ex-governador Cid, viralizou nas redes sociais dos defensores do governo Dilma. Ciro rapidamente se transformou no "valente herói" da luta contra o golpe, diante de uma patente covardia da grande maioria dos dirigentes petistas. Até mesmo o PCO, que agora se reivindica como a ala esquerda da Frente Popular, projetou a ação de Ciro em março deste ano como um "exemplo a ser seguido por todos que lutam contra o golpe". O que não foi dito na época pela esquerda reformista (petistas e "parceiros") é que a suposta "valentia" de Ciro contra os manifestantes pró-impeachment estava resguardada por vários PM's que lhe prestam serviço de segurança permanente, afinal o governo do estado do Ceará faz parte do "espólio" de sua oligarquia familiar. Todos já conhecem a trajetória de Ciro Gomes, não perderemos tempo biografando sua vida política no interior das legendas que acumulou, desde a Arena até o atual PDT, porém o que talvez muitos não saibam é que hoje controla o PT cearense através de um estafeta do seu clã, nada menos do que o governador Camilo Santana. É a partir de um "pé dentro" do PT e o outro no controle nacional do PDT, que a oligarquia Gomes pretende se lançar ao comando geral de uma Frente Ampla, bem mais "folgada" do que a Frente Popular, para postular a presidência da república em 2018. Hoje a oligarquia Gomes representa um dos grupos econômicos mais fortes no Nordeste, de um pequeno patrimônio de uma família de classe média na cidadezinha de Sobral, Ciro tornou-se um próspero burguês regional somente às custas de sua atividade política, gerenciando negócios estatais há mais de vinte  anos consecutivos. As guinadas políticas "a direita e a esquerda" da oligarquia Gomes correspondem todas aos interesses comerciais de seu grupo econômico, tendo um ou mais "testas de ferros" formais, como o empresário Arialdo Pinho por exemplo. Quando era extremamente vantajoso ficar na sombra do tucanato, na condição de sócio minoritário do bilionário Tasso Jereissati, Ciro foi um disciplinado dirigente do PSDB, ali fez sua "base" para depois assumir o protagonismo da oligarquia industrial que controla com mão de ferro o Ceará há mais de trinta anos. Com os primeiros sinais dos estertores tucanos, Ciro que já tinha assumido o governo do Ceará e o ministério da Fazenda, começa a se metamorfosear de "liderança de esquerda" ingressando no PPS, antigo PCB. Logo após a vitória de Lula em 2002, os Ferreira Gomes pulam para o PSB e passam a administrar boa parte dos recursos federais para todo o Nordeste. Em 2012 numa disputa intestina com a oligarquia Campos de Pernambuco, deixam o PSB, transitando pelo PROS até desembarcarem no PDT em 2015. Neste período que permeia a saída do ninho tucano em 1998 até hoje, os Gomes "ramificaram" seus apêndices para outras legendas, Patricia Ferreira (a esposa de Ciro) já estava no PDT desde 2000 e o "afilhado" Camilo Santana no PT desde 2006. Ciro mantém uma obstinação política de entrar para história como presidente do Brasil, a pequena Sobral, o modesto Ceará e resignado Nordeste já não lhe cabem mais em seu "sonho de poder". A oportunidade da conjuntura parece bater à porta das ambições de Ciro, com o colapso do PT e o profundo desgaste da imagem de Lula, o posto da liderança maior da esquerda burguesa no país está prestes a estar vaga... Porém a etapa histórica contemporânea é marcada pela ofensiva ideológica reacionária e até mesmo fascista, não há muito espaço para caudilhos nacionalistas como Brizola ou "radicais" como Lula, que não são bem vindos pela Departamento de Estado dos EUA e sua mídia corporativa. A tendência conjuntural das classes dominantes aponta para um governo de direita com características bonapartistas, encerando o ciclo histórico do modelo de conciliação de classes inaugurado pela Frente Popular. É exatamente nesta modelagem conservadora que o ex-herói da luta contra o golpe quer se apresentar nas próximas eleições, ou seja, como um bom oportunista Ciro busca agora uma imagem de "centro-esquerda", aliado a nomes da escória política como Paulinho do SD e o fisiológico PROS seu antigo partido no qual também deixou "afilhados". Neste cenário o PT que via com simpatia a conformação de uma Frente Ampla com o PDT, PSOL e PCdoB, começa a se preocupar com a pretensões direitistas dos Ferreira Gomes, que poderão arrastar Lula para uma empreitada eleitoral que não leve nenhum traço do velho populismo nacionalista de esquerda. Por esta razão os reformistas que ontem bradavam o heroísmo de Ciro contra o golpe, como o PCO, começaramm a se incomodar com uma possível aliança no campo da hegemonia dos Ferreira Gomes. Como escudeiros caninos Ciro só pode contar mesmo é com o PCdoB, que em Fortaleza apoiou a oligarquia dos Gomes, apesar de estar coligada com o DEM do fascista Moroni Torgan. O mercado eleitoral de 2018 ainda não está totalmente aberto, por isso é cedo para diagnosticar com precisão o rumo dos Gomes, sempre muito preocupados com seus negócios e "concorrentes", a única certeza é que quando o PT e seus acólitos corruptos (PCO e suas pulgas) proclamou o falso "heroísmo" de uma oligarquia reacionária e covarde contra os trabalhadores, decretou a morte da independência de classe, seja qual for a fórmula eleitoral da Frente Popular para 2018. O neocoronel Ciro Gomes, o feroz repressor dos movimentos sociais, já "comprou" uma parcela da corrompida esquerda reformista para seu obstinado sonho presidencial, entretanto está muito distante de conquistar o suporte político do movimento operário e camponês mais combativo, que sabe muito bem distinguir seus verdadeiros inimigos de classe.