segunda-feira, 28 de novembro de 2016

ATO NA PAULISTA (27/11) E "OCUPA BRASÍLIA" (29/11): APESAR DA DISPOSIÇÃO DE LUTA DAS BASES CONTRA O GOLPE, AS DUAS MANIFESTAÇÕES SÃO DISTRACIONISTAS E BUSCAM SAÍDAS PARA A CRISE POLÍTICA NOS MARCOS DO REGIME BURGUÊS (DIRETAS JÁ, IMPEACHMENT OU ASSEMBLEIA CONSTITUINTE)!



Neste domingo, 27, ocorreu o ato na Av. Paulista convocado pela Frente Povo Sem Medo, sem a presença de Lula, Mujica e Chico Buarque, em um claro freio na mobilização no momento de aguda crise do governo Temer. Na terça, 29, está marcado o “Ocupa Brasília” pela Frente Brasil Popular para pressionar o parlamento burguês na votação em primeiro turno da PEC-55 no Senado. O que marca essa duas atividades é a completa ausência de mobilização na base das categorias, na medida em que a direção do PT e seus satélites não estão interessados em convocar uma Greve Geral para não polarizar a situação política no país, uma verdadeira paralisação nacional poderia abrir caminho para uma radicalização social e romperia a dinâmica política traçada pela Frente Popular: desgastar Temer e esperar pelas eleições presidenciais de 2018, tendo Lula como candidato. No máximo, alguns setores chegam a defender as “Diretas Já”, a renúncia ou mesmo o impeachment de Temer, em uma estratégia que fortalece uma alternativa burguesa ainda mais a direta, como a ascensão de figuras como Moro ou Alckmin ao Planalto. Os limites da política reformista destas duas frentes são claras. Boulos, por exemplo, pediu a renúncia de Temer (PMDB). “Não dá mais para o Michel Temer continuar no comando do Brasil. Desde o princípio, é um governo ilegítimo, governo que foi fruto de um golpe. Agora, além de ilegítimo, ele perdeu as condições de governar. Vai embora Temer, renuncia”. Já o presidente da CUT Vagner Freitas, que também esteve presente ao ato da Av. Paulista, afirmou: “O Brasil precisa se livrar dele (Temer), mas não com eleição indireta, no Congresso. O povo quer votar. O povo tem de escolher quem será o próximo presidente. Ainda mais agora, que fica demonstrado que Temer pratica advocacia administrativa usando o cargo de presidente, prevaricando de maneira direta”. Como se observa essa é a “saída” apresentada pela CUT, enquanto na prática os governadores do PT e PCdoB apoiam o ajuste neoliberal de Temer-Meirelles. Dentro dessa perspectiva foi convocado o “Ocupa Brasília” para esse dia 29. Segundo a UNE “Os estudantes vão pressionar senadores para que não aprovem a mudança na constituição que, além de desvincular recursos para Saúde e Educação, vai congelar os investimentos nas áreas durante 20 anos”. A proposta da PEC 55 enviada pelo governo ao Congresso no primeiro semestre, já foi aprovada na Câmara. Agora, para ir ao segundo turno no Senado, precisa do apoio de pelo menos três quintos dos parlamentares, ou seja, 49 dos 81 senadores. A votação em segundo turno está marcada para 13 de dezembro. De fato, o PT prefere apostar suas fichas no lobby parlamentar ao invés de impulsionar a Greve Geral e as multitudinárias mobilizações das massas, ficando evidente que também é parceiro de Temer na finalização do “ajuste”, não por acaso os governadores da Frente Popular selaram um pacto com o rentista Meirelles para arrochar o funcionalismo público. O mais escandaloso é que todo o espectro político aposta em uma saída eleitoral nos marcos do regime político “esquecendo-se” que se houver a cassação de Temer pelo STF ainda no curso de 2017 desembocaria na convocação de uma nova eleição indireta, restrita ao Congresso Nacional convertido em Colégio Eleitoral. Neste cenário o "justiceiro" Moro seria o candidato preferencial da burguesia, em uma saída política costurada com o PSDB, a Globo e o Departamento de Estado ianque. Os Marxistas Revolucionários devem intervir nesta conjuntura de extrema polarização política com uma consigna de poder com um claro corte de classe, onde as reivindicações democráticas sejam acaudilhadas pelo proletariado em combate direto, denunciando a escalada reacionária da direita assim como a conduta de colaboração de classes do PT. Desde a LBI nos opomos a todas estas receitas pretensamente democratizantes (Diretas Já, Impeachment, Assembleia Constituinte) que visam reorganizar o regime político burguês, mas que de fato favorecem a reação burguesa. Denunciamos que qualquer palavra de ordem institucional para a agitação imediata voltada a pressionar o parlamento, mesmo recorrendo a adereços de aparência radical, fortalecem as pretensões “golpistas” da direita reacionária, que detém ampla maioria no Congresso Nacional, são na verdade feitas sob medida para um recrudescimento ainda maior do regime político vigente. Compreendemos que para forjar uma saída progressista à debacle do governo Temer, sem abrir espaço para a direita e suas manobras “golpistas” parlamentares e mesmo eleitorais, faz-se necessário forjar a luta direta e revolucionária por um Poder Operário e Camponês, recorrendo à tática da Frente Única de Ação Antifascista quando necessário. Defendemos que o proletariado não deve apresentar uma “agenda democrática” para a crise capitalista, como pretende todo arco reformista e revisionista. A única saída realmente progressista diante da barbárie capitalista é por abaixo a ditadura de classe da burguesia e construir o novo Estado Operário, a falência histórica da democracia formal emoldurada pelas elites reacionárias já demonstrou para os trabalhadores que sua única alternativa é a luta pelo socialismo!