ATO NA PAULISTA (27/11) E "OCUPA BRASÍLIA" (29/11): APESAR DA
DISPOSIÇÃO DE LUTA DAS BASES CONTRA O GOLPE, AS DUAS MANIFESTAÇÕES SÃO
DISTRACIONISTAS E BUSCAM SAÍDAS PARA A CRISE POLÍTICA NOS MARCOS DO REGIME
BURGUÊS (DIRETAS JÁ, IMPEACHMENT OU ASSEMBLEIA CONSTITUINTE)!
Neste domingo, 27, ocorreu o ato na Av. Paulista convocado
pela Frente Povo Sem Medo, sem a presença de Lula, Mujica e Chico Buarque, em
um claro freio na mobilização no momento de aguda crise do governo Temer. Na
terça, 29, está marcado o “Ocupa Brasília” pela Frente Brasil Popular para
pressionar o parlamento burguês na votação em primeiro turno da PEC-55 no
Senado. O que marca essa duas atividades é a completa ausência de mobilização
na base das categorias, na medida em que a direção do PT e seus satélites não
estão interessados em convocar uma Greve Geral para não polarizar a situação
política no país, uma verdadeira paralisação nacional poderia abrir caminho
para uma radicalização social e romperia a dinâmica política traçada pela
Frente Popular: desgastar Temer e esperar pelas eleições presidenciais de 2018,
tendo Lula como candidato. No máximo, alguns setores chegam a defender as “Diretas
Já”, a renúncia ou mesmo o impeachment de Temer, em uma estratégia que
fortalece uma alternativa burguesa ainda mais a direta, como a ascensão de
figuras como Moro ou Alckmin ao Planalto. Os limites da política reformista destas duas frentes são
claras. Boulos, por exemplo, pediu a renúncia de Temer (PMDB). “Não dá mais para
o Michel Temer continuar no comando do Brasil. Desde o princípio, é um governo
ilegítimo, governo que foi fruto de um golpe. Agora, além de ilegítimo, ele
perdeu as condições de governar. Vai embora Temer, renuncia”. Já o presidente
da CUT Vagner Freitas, que também esteve presente ao ato da Av. Paulista, afirmou: “O
Brasil precisa se livrar dele (Temer), mas não com eleição indireta, no
Congresso. O povo quer votar. O povo tem de escolher quem será o próximo
presidente. Ainda mais agora, que fica demonstrado que Temer pratica advocacia
administrativa usando o cargo de presidente, prevaricando de maneira direta”.
Como se observa essa é a “saída” apresentada pela CUT, enquanto na prática os
governadores do PT e PCdoB apoiam o ajuste neoliberal de Temer-Meirelles.
Dentro dessa perspectiva foi convocado o “Ocupa Brasília” para esse dia 29.
Segundo a UNE “Os estudantes vão pressionar senadores para que não aprovem a
mudança na constituição que, além de desvincular recursos para Saúde e
Educação, vai congelar os investimentos nas áreas durante 20 anos”. A proposta
da PEC 55 enviada pelo governo ao Congresso no primeiro semestre, já foi
aprovada na Câmara. Agora, para ir ao segundo turno no Senado, precisa do apoio
de pelo menos três quintos dos parlamentares, ou seja, 49 dos 81 senadores. A
votação em segundo turno está marcada para 13 de dezembro. De fato, o PT
prefere apostar suas fichas no lobby parlamentar ao invés de impulsionar a
Greve Geral e as multitudinárias mobilizações das massas, ficando evidente que
também é parceiro de Temer na finalização do “ajuste”, não por acaso os
governadores da Frente Popular selaram um pacto com o rentista Meirelles para
arrochar o funcionalismo público. O mais escandaloso é que todo o espectro
político aposta em uma saída eleitoral nos marcos do regime político “esquecendo-se”
que se houver a cassação de Temer pelo STF ainda no curso de 2017 desembocaria
na convocação de uma nova eleição indireta, restrita ao Congresso Nacional
convertido em Colégio Eleitoral. Neste cenário o "justiceiro" Moro
seria o candidato preferencial da burguesia, em uma saída política costurada
com o PSDB, a Globo e o Departamento de Estado ianque. Os Marxistas
Revolucionários devem intervir nesta conjuntura de extrema polarização política
com uma consigna de poder com um claro corte de classe, onde as reivindicações
democráticas sejam acaudilhadas pelo proletariado em combate direto,
denunciando a escalada reacionária da direita assim como a conduta de
colaboração de classes do PT. Desde a LBI nos opomos a todas estas receitas
pretensamente democratizantes (Diretas Já, Impeachment, Assembleia Constituinte) que visam reorganizar o regime político burguês,
mas que de fato favorecem a reação burguesa. Denunciamos que qualquer palavra
de ordem institucional para a agitação imediata voltada a pressionar o
parlamento, mesmo recorrendo a adereços de aparência radical, fortalecem as
pretensões “golpistas” da direita reacionária, que detém ampla maioria no
Congresso Nacional, são na verdade feitas sob medida para um recrudescimento
ainda maior do regime político vigente. Compreendemos que para forjar uma saída
progressista à debacle do governo Temer, sem abrir espaço para a direita e suas
manobras “golpistas” parlamentares e mesmo eleitorais, faz-se necessário forjar
a luta direta e revolucionária por um Poder Operário e Camponês, recorrendo à
tática da Frente Única de Ação Antifascista quando necessário. Defendemos que o
proletariado não deve apresentar uma “agenda democrática” para a crise
capitalista, como pretende todo arco reformista e revisionista. A única saída realmente progressista diante
da barbárie capitalista é por abaixo a ditadura de classe da burguesia e
construir o novo Estado Operário, a falência histórica da democracia formal
emoldurada pelas elites reacionárias já demonstrou para os trabalhadores que
sua única alternativa é a luta pelo socialismo!