quinta-feira, 28 de março de 2019

POLÊMICA COM O CHAVISMO: PRESENÇA MILITAR RUSSA NA VENEZUELA “DESENCORAJA” POSSÍVEIS “AVENTURAS” DE TRUMP E SEUS LACAIOS FASCISTAS BOLSONARO E IVÁN DUQUE, MAS NÃO GARANTE AVANÇO SOCIALISTA NA EXPROPRIAÇÃO DA BURGUESIA BOLIVARIANA 

A Cônsul Geral da Venezuela no Brasil e a BLT 
Trotsky ao se referir sobre o caráter de classe da burocracia stalinista a definia como “dual”, ou seja carregava ao mesmo tempo elementos históricos progressivos mas também contrarrevolucionários. Para o Marxismo Revolucionário a questão em “decifrar” o caráter dual de situações políticas ou mesmo de fenômenos sociais contraditórios é saber colocar os interesses estratégicos do proletariado sempre no primeiro plano histórico. Hoje na Venezuela estamos vivendo uma conjuntura de profunda complexidade, onde estão concentrados muitos elementos duais, muito parecidos (guardadas as proporções e etapas históricas distintas) com aqueles que o “velho” Bolchevique caracterizava em seu livro “ A Revolução Traída” como a “contradição do contraditório”. A forte presença do moderno equipamento bélico russo (mísseis, jatos, bombardeiros, tanques etc..) em solo venezuelano tem sido uma garantia para desencorajar possíveis aventuras militares do palhaço reacionário Trump e seus lacaios fascistas regionais como Bolsonaro e Iván Duque contra o regime nacionalista burguês chavista. As recorrentes ameaças do Pentágono em um ataque de suas forças militares, apoiado por tropas brasileiras e colombianas, se esfumaçaram por completo diante da imensa superioridade operacional do regime comandado por Maduro em relação aos governos direitistas que integram o chamado “Grupo de Lima”. A chegada de novas armas balísticas em Caracas vindas de Moscou no início desta semana fez com Trump perdesse novamente a “linha”, após o fiasco completo da “Operação Caballo de Troya”. O potente armamento adquirido pelo presidente Maduro (mísseis de longo alcance que podem atingir até o território ianque) é a última remessa em equipamentos de um contrato de cooperação militar bilateral celebrado ainda na época em que o comandante Hugo Chávez estava vivo, e que de fato em conjunto com os caças Sukhoi, desequilibram a relação de forças entre a Venezuela e o restante dos países do continente. O bufão Trump voltou a falar em “opções de ataque”, mas além de esbravejar nada poderá fazer sem colocar em risco a própria hegemonia do imperialismo ianque no plano mundial, e isto o “falcões” do Pentágono não querem arriscar. Nós Trotskistas defendemos o pleno direito do regime chavista armar-se “até os dentes”, inclusive com artefato nuclear, para dissuadir os chacais imperialistas e seus vassalos latino-americanos de atacarem as conquistas sociais instauradas pelo regime nacionalista chavista. Com a mesma lógica Marxista condenamos o boicote e a sabotagem econômica promovida pelos trustes capitalistas internacionais contra o povo pobre e os trabalhadores da Venezuela. Porém se os Bolcheviques acertam ao estabelecer uma justa frente única de ação com o regime chavista contra o imperialismo ianque que pretende espoliar as riquezas minerais da Venezuela, não podemos nos abster de caracterizar esta situação como extremamente contraditória e dual, como defina Trotsky. Se ao mesmo tempo em que os Marxistas arregimentamos forças ao lado de Maduro e Putin em oposição as investidas da Casa Branca, nos colocamos na linha de frente do combate contra a “boliburguesia” e suas medidas de opressão e exploração do proletariado venezuelano. Para a fração capitalista que sustenta o regime chavista, basta fiar-se no poderio militar russo para estabilizar a situação política e buscar um acordo com os fascistas ligados a Trump. Por outro lado a pesada ajuda logística do Kremlin a Maduro está orientada no sentido da manutenção da ordem capitalista, assim como atua na Síria e Irã evitando qualquer ruptura revolucionária com o sistema. Ao impulsionar o movimento de massas à expropriação dos grupos capitalistas, inclusive a “boliburguesia” que hoje controla o mercado interno, lutando pelo armamento popular e das milícias chavistas, as Brigadas Trotskistas estão sujeitas a dura repressão do governo Maduro, enquanto trata os sabotadores e entreguistas como Guaidó com todas as garantias e “gentilezas” que não poderiam ser dispensadas a um contrarrevolucionário manietado por Washington. É certo que merece o vigoroso repúdio político da classe operária mundial as correntes revisionistas (LIT, UIT, PTS) que se alinham ao imperialismo para derrotar Maduro, porém não é menos nocivo o outro setor do revisionismo (PCO, CMI, SU) que capitulam vergonhosamente embelezando o chavismo em nome de se opor a Trump. Saber caminhar sobre a tênue linha programática que separa a plataforma da capitulação e o projeto do esquerdismo do genuíno Bolchevismo, é a principal arma política e militar dos Trotskistas na prova de fogo da crítica realidade venezuelana. 

Secretário Geral da LBI, Candido Alvarez, entrega a Cônsul Geral da Venezuela no Brasil,
Sonia Jacqueline Rossel, o programa da BLT (Brigada Leon Trotsky)