POLÊMICA COM O CHAVISMO: PRESENÇA MILITAR RUSSA NA VENEZUELA
“DESENCORAJA” POSSÍVEIS “AVENTURAS” DE TRUMP E SEUS LACAIOS FASCISTAS BOLSONARO
E IVÁN DUQUE, MAS NÃO GARANTE AVANÇO SOCIALISTA NA EXPROPRIAÇÃO DA BURGUESIA
BOLIVARIANA
A Cônsul Geral da Venezuela no Brasil e a BLT |
Trotsky ao se referir sobre o caráter de classe da
burocracia stalinista a definia como “dual”, ou seja carregava ao mesmo tempo
elementos históricos progressivos mas também contrarrevolucionários. Para o
Marxismo Revolucionário a questão em “decifrar” o caráter dual de situações
políticas ou mesmo de fenômenos sociais contraditórios é saber colocar os
interesses estratégicos do proletariado sempre no primeiro plano histórico.
Hoje na Venezuela estamos vivendo uma conjuntura de profunda complexidade, onde
estão concentrados muitos elementos duais, muito parecidos (guardadas as
proporções e etapas históricas distintas) com aqueles que o “velho” Bolchevique
caracterizava em seu livro “ A Revolução Traída” como a “contradição do
contraditório”. A forte presença do moderno equipamento bélico russo (mísseis,
jatos, bombardeiros, tanques etc..) em solo venezuelano tem sido uma garantia
para desencorajar possíveis aventuras militares do palhaço reacionário Trump e
seus lacaios fascistas regionais como Bolsonaro e Iván Duque contra o regime
nacionalista burguês chavista. As recorrentes ameaças do Pentágono em um ataque
de suas forças militares, apoiado por tropas brasileiras e colombianas, se
esfumaçaram por completo diante da imensa superioridade operacional do regime comandado
por Maduro em relação aos governos direitistas que integram o chamado “Grupo de
Lima”. A chegada de novas armas balísticas em Caracas vindas de Moscou no
início desta semana fez com Trump perdesse novamente a “linha”, após o fiasco
completo da “Operação Caballo de Troya”. O potente armamento adquirido pelo
presidente Maduro (mísseis de longo alcance que podem atingir até o território
ianque) é a última remessa em equipamentos de um contrato de cooperação militar
bilateral celebrado ainda na época em que o comandante Hugo Chávez estava vivo,
e que de fato em conjunto com os caças Sukhoi, desequilibram a relação de
forças entre a Venezuela e o restante dos países do continente. O bufão Trump
voltou a falar em “opções de ataque”, mas além de esbravejar nada poderá fazer
sem colocar em risco a própria hegemonia do imperialismo ianque no plano
mundial, e isto o “falcões” do Pentágono não querem arriscar. Nós Trotskistas
defendemos o pleno direito do regime chavista armar-se “até os dentes”,
inclusive com artefato nuclear, para dissuadir os chacais imperialistas e seus
vassalos latino-americanos de atacarem as conquistas sociais instauradas pelo
regime nacionalista chavista. Com a mesma lógica Marxista condenamos o boicote
e a sabotagem econômica promovida pelos trustes capitalistas internacionais
contra o povo pobre e os trabalhadores da Venezuela. Porém se os Bolcheviques
acertam ao estabelecer uma justa frente única de ação com o regime chavista
contra o imperialismo ianque que pretende espoliar as riquezas minerais da
Venezuela, não podemos nos abster de caracterizar esta situação como
extremamente contraditória e dual, como defina Trotsky. Se ao mesmo tempo em
que os Marxistas arregimentamos forças ao lado de Maduro e Putin em oposição as
investidas da Casa Branca, nos colocamos na linha de frente do combate contra a
“boliburguesia” e suas medidas de opressão e exploração do proletariado
venezuelano. Para a fração capitalista que sustenta o regime chavista, basta
fiar-se no poderio militar russo para estabilizar a situação política e buscar
um acordo com os fascistas ligados a Trump. Por outro lado a pesada ajuda
logística do Kremlin a Maduro está orientada no sentido da manutenção da ordem
capitalista, assim como atua na Síria e Irã evitando qualquer ruptura
revolucionária com o sistema. Ao impulsionar o movimento de massas à
expropriação dos grupos capitalistas, inclusive a “boliburguesia” que hoje
controla o mercado interno, lutando pelo armamento popular e das milícias
chavistas, as Brigadas Trotskistas estão
sujeitas a dura repressão do governo Maduro, enquanto trata os sabotadores e
entreguistas como Guaidó com todas as garantias e “gentilezas” que não poderiam
ser dispensadas a um contrarrevolucionário manietado por Washington. É certo
que merece o vigoroso repúdio político da classe operária mundial as correntes
revisionistas (LIT, UIT, PTS) que se alinham ao imperialismo para derrotar
Maduro, porém não é menos nocivo o outro setor do revisionismo (PCO, CMI, SU)
que capitulam vergonhosamente embelezando o chavismo em nome de se opor a
Trump. Saber caminhar sobre a tênue linha programática que separa a plataforma
da capitulação e o projeto do esquerdismo do genuíno Bolchevismo, é a principal
arma política e militar dos Trotskistas na prova de fogo da crítica realidade
venezuelana.
Secretário Geral da LBI, Candido Alvarez, entrega a Cônsul Geral da Venezuela no Brasil, Sonia Jacqueline Rossel, o programa da BLT (Brigada Leon Trotsky) |