Um cenário surreal ocorre hoje na Itália, governada pela
extrema direita. Um promotor de justiça responsável institucionalmente pela
acusação dos acusados se transforma em porta voz do preso e confessa ele mesmo
os supostos crimes do acusado que não pode se manifestar por estar em regime
especial de isolamento total. Vejam que se trata de uma “inovação” radical no
país que fundou os alicerces do “Direito Romano”, referência histórica mundial
de garantias jurídicas individuais, porém agora na Itália semifascista quem
fala pelos acusados não é mais o advogado de defesa e sim o próprio responsável
do Estado pela acusação, o promotor! Estamos falando do caso concreto de Cesare
Battisti, que está encarcerado em um regime fechado na prisão de Oristano
destinado a “terroristas”. Segundo o procurador fascista Alberto Nobili,
responsável pelo grupo antiterrorista da cidade de Milão, Cesare Battisti
admitiu envolvimento em quatro assassinatos durante interrogatório, fato
relatado amplamente pela mídia corporativa italiana nesta última
segunda-feira (25/03). Também o procurador-geral de Milão, Francesco Greco,
afirmou que ele admitiu "suas responsabilidades" em quatro
assassinatos, nos ferimentos causados a outras três pessoas e em muitos roubos
feitos pela grupo, em uma declaração dada ao jornal “Corriere della Sera”. Ou
seja um Battisti torturado e silenciado e sem direito a defesa alguma, agora
fala pelo boca de seus algozes, os promotores e procuradores da justiça
italiana. Por quase 40 anos, Battisti ficou foragido e morou na França e no
Brasil. Ele chegou a conseguir refúgio no Brasil em 2009, mas o status,
concedido a ele pelo então presidente Lula, foi revisto em dezembro do ano
passado, pelo golpista Michel Temer, que autorizou sua extradição. Cesare foi
para a Bolívia no início deste ano em busca de asilo político, mas
desgraçadamente o governo Social Democrata do traidor Evo Morales o prendeu
entregando o Battisti para a polícia fascista italiana. A LBI e outras
organizações políticas, além de várias entidades democráticas, estamos
impulsionando uma campanha internacional de solidariedade a Cesare Battisti,
exigindo do governo italiano de Giuseppe Conti a imediata liberdade do ex-dirigente do grupo Proletários Armados pelo Comunismo(PAC).