IMPASSE DO “BREXIT” NO PARLAMENTO BRITÂNICO: EXTREMA-DIREITA
AVANÇA COM O FRACASSO DA CONSERVADORA MAY ENQUANTO “ALA ESQUERDA” DO TRABALHISMO
MOSTRA-SE IMPOTENTE PARA APRESENTAR UMA SAÍDA OPERÁRIA! DIANTE DA CRISE, OS
MARXISTAS DEFENDEM A UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS DA EUROPA!
O Parlamento britânico recusou nesta sexta-feira (29), pela
terceira vez, o acordo de Theresa May para o Brexit. A reprovação do documento,
que já foi aceito pela União Europeia, deixa o Reino Unido cada vez mais
próximo de abandonar o bloco em 12 de abril sem estabelecer os parâmetros para
o período de transição ou para sua futura relação com os antigos parceiros.
Nesta manhã, 344 deputados votaram contra e 286 a favor do acordo – uma margem mais
apertada que nas duas votações anteriores, quando a premiê sofreu derrotas mais
contudentes. Uma vez revelados os votos, Theresa May disse que o resultado tem
"graves" consequências e admitiu que teme que o Parlamento tenha
chegado ao limite do processo. Com esta rejeição, o governo não poderá
prorrogar o Brexit para 22 de maio, como esperava, e a nova data para a saída
fica, em princípio, fixada em 12 de abril, quando o Reino Unido terá que deixar
o bloco europeu sem acordo nenhum, caso até lá não apresente novas propostas e
solicite uma prorrogação mais longa. Como afirmamos anteriormente, esse
resultado terá consequências diretas no processo de reorganização do fascismo
europeu, agora impulsionado a ingressar em uma escala estatal. É óbvio que
muito além das questões institucionais está em jogo poderosos interesses de
mercado do imperialismo ianque, que apontavam para manter a subordinação
comercial da Europa a indústria dos EUA. É neste ponto que se concentra o papel
econômico da UK, um forte entreposto comercial dos EUA no mercado comum
europeu. Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusão alguma na unidade do
capital financeiro europeu celebrada no Tratado de Maastricht, porém não
podemos assistir passivos a ofensiva fascista protoimperialista ganhar fôlego
com o triunfo do "BREXIT". Sabemos historicamente que o nazismo
necessita controlar um forte estado nacional para "desafiar" seus
concorrentes imperialistas "democráticos", a Inglaterra pode servir
de escada para esta escalada mundial, ao contrário da Alemanha atual que não
possui contingente militar autônomo da OTAN.
Uma prova contundente que a vitória do “Brexit” abriu a
senda para reorganização do imperialismo fascista europeu foi a reação dos
partidos de extrema-direita no continente. Após o Reino Unido decidir sair da
União Europeia, líderes da extrema-direita nacionalista de França, Holanda,
Itália e outros países também afirmaram que iriam pedir referendos para deixar
o bloco. Na França, o partido fascista Frente Nacional, comandado por Marine Le
Pen, comemorou em 2016 o “Brexit”: “Vitória da liberdade! Agora devemos
realizar o mesmo referendo na França e em outros países da UE”, escreveu ela em
sua conta do Twitter. A posição de Le Pen foi reforçada por outros membros de
seu partido, que lançaram o termo “Frexit” (France exit ou saída da França). Por
sua vez, o Partido Trabalhista em 2016 envidou todos seus esforços políticos e
materiais pela vitória do "SIM", com seu "renovado" líder
de "esquerda", Jeremy Corbyn, prometendo lutar por "medidas
anti-recessivas" e " mudanças políticas" na política
conservadora da cúpula estatal europeia. Atualmente, tenta capitalizar a crise
do governo May mas a extrema-direita vem ganhando terreno.
Como podemos observar, continua ascendente a tendência
política de deslocamento à direita na Europa, com o avanço do fascismo que
questiona pela direita a representatividade da democracia burguesa. Este
caminho está sendo pavimentado por um rebaixamento no nível de consciência das
massas, um giro à direita no terreno da política e um retrocesso no campo da
cultura que vem crescendo desde a queda contrarrevolucionária do Muro de Berlim
e a vitória da restauração capitalista na URSS. Nesse sentido, é preciso
alertar, preparar e organizar o proletariado e, particularmente, sua vanguarda
mais combativa para um período de fascistização dos regimes e de mais aventuras
militares neocolonialistas. Este processo reacionário está baseado em um
profundo retrocesso na consciência do proletariado (apesar do revisionismo do
trotskismo caracterizar que “revoluções” estão pipocando em todo o planeta) e
somente pode ser barrado com a resistência operária e popular aos planos do
imperialismo, apontando a Ditadura do Proletariado como alternativa
revolucionária à crise do capital e seu regime político senil, o que para os
comunistas se materializa por erguer em alternativa ao fascismo ascendente a
palavra de ordem pela "União das Repúblicas Socialistas da Europa". A
materialização deste longo e paciente combate passa pela construção de um partido
internacionalista e revolucionário que lute por derrotar a União Europeia
imperialista, sob a qual a vida das massas converte-se em uma bárbara
escravidão, para edificar em seu lugar uma União das Repúblicas Socialistas da
Europa, forjando a única saída verdadeiramente progressista para o velho
continente.