sábado, 30 de março de 2019

IMPASSE DO “BREXIT” NO PARLAMENTO BRITÂNICO: EXTREMA-DIREITA AVANÇA COM O FRACASSO DA CONSERVADORA MAY ENQUANTO “ALA ESQUERDA” DO TRABALHISMO MOSTRA-SE IMPOTENTE PARA APRESENTAR UMA SAÍDA OPERÁRIA! DIANTE DA CRISE, OS MARXISTAS DEFENDEM A UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS DA EUROPA!


O Parlamento britânico recusou nesta sexta-feira (29), pela terceira vez, o acordo de Theresa May para o Brexit. A reprovação do documento, que já foi aceito pela União Europeia, deixa o Reino Unido cada vez mais próximo de abandonar o bloco em 12 de abril sem estabelecer os parâmetros para o período de transição ou para sua futura relação com os antigos parceiros. Nesta manhã, 344 deputados votaram contra e 286 a favor do acordo – uma margem mais apertada que nas duas votações anteriores, quando a premiê sofreu derrotas mais contudentes. Uma vez revelados os votos, Theresa May disse que o resultado tem "graves" consequências e admitiu que teme que o Parlamento tenha chegado ao limite do processo. Com esta rejeição, o governo não poderá prorrogar o Brexit para 22 de maio, como esperava, e a nova data para a saída fica, em princípio, fixada em 12 de abril, quando o Reino Unido terá que deixar o bloco europeu sem acordo nenhum, caso até lá não apresente novas propostas e solicite uma prorrogação mais longa. Como afirmamos anteriormente, esse resultado terá consequências diretas no processo de reorganização do fascismo europeu, agora impulsionado a ingressar em uma escala estatal. É óbvio que muito além das questões institucionais está em jogo poderosos interesses de mercado do imperialismo ianque, que apontavam para manter a subordinação comercial da Europa a indústria dos EUA. É neste ponto que se concentra o papel econômico da UK, um forte entreposto comercial dos EUA no mercado comum europeu. Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusão alguma na unidade do capital financeiro europeu celebrada no Tratado de Maastricht, porém não podemos assistir passivos a ofensiva fascista protoimperialista ganhar fôlego com o triunfo do "BREXIT". Sabemos historicamente que o nazismo necessita controlar um forte estado nacional para "desafiar" seus concorrentes imperialistas "democráticos", a Inglaterra pode servir de escada para esta escalada mundial, ao contrário da Alemanha atual que não possui contingente militar autônomo da OTAN.


Uma prova contundente que a vitória do “Brexit” abriu a senda para reorganização do imperialismo fascista europeu foi a reação dos partidos de extrema-direita no continente. Após o Reino Unido decidir sair da União Europeia, líderes da extrema-direita nacionalista de França, Holanda, Itália e outros países também afirmaram que iriam pedir referendos para deixar o bloco. Na França, o partido fascista Frente Nacional, comandado por Marine Le Pen, comemorou em 2016 o “Brexit”: “Vitória da liberdade! Agora devemos realizar o mesmo referendo na França e em outros países da UE”, escreveu ela em sua conta do Twitter. A posição de Le Pen foi reforçada por outros membros de seu partido, que lançaram o termo “Frexit” (France exit ou saída da França). Por sua vez, o Partido Trabalhista em 2016 envidou todos seus esforços políticos e materiais pela vitória do "SIM", com seu "renovado" líder de "esquerda", Jeremy Corbyn, prometendo lutar por "medidas anti-recessivas" e " mudanças políticas" na política conservadora da cúpula estatal europeia. Atualmente, tenta capitalizar a crise do governo May mas a extrema-direita vem ganhando terreno.

Como podemos observar, continua ascendente a tendência política de deslocamento à direita na Europa, com o avanço do fascismo que questiona pela direita a representatividade da democracia burguesa. Este caminho está sendo pavimentado por um rebaixamento no nível de consciência das massas, um giro à direita no terreno da política e um retrocesso no campo da cultura que vem crescendo desde a queda contrarrevolucionária do Muro de Berlim e a vitória da restauração capitalista na URSS. Nesse sentido, é preciso alertar, preparar e organizar o proletariado e, particularmente, sua vanguarda mais combativa para um período de fascistização dos regimes e de mais aventuras militares neocolonialistas. Este processo reacionário está baseado em um profundo retrocesso na consciência do proletariado (apesar do revisionismo do trotskismo caracterizar que “revoluções” estão pipocando em todo o planeta) e somente pode ser barrado com a resistência operária e popular aos planos do imperialismo, apontando a Ditadura do Proletariado como alternativa revolucionária à crise do capital e seu regime político senil, o que para os comunistas se materializa por erguer em alternativa ao fascismo ascendente a palavra de ordem pela "União das Repúblicas Socialistas da Europa". A materialização deste longo e paciente combate passa pela construção de um partido internacionalista e revolucionário que lute por derrotar a União Europeia imperialista, sob a qual a vida das massas converte-se em uma bárbara escravidão, para edificar em seu lugar uma União das Repúblicas Socialistas da Europa, forjando a única saída verdadeiramente progressista para o velho continente.