HÁ
66 ANOS DA MORTE DE KOBA: OS GENUÍNOS TROTSKYSTAS NÃO EMBARCAM
NA CAMPANHA IMPERIALISTA E SOCIAL DEMOCRATA PARA DENEGRIR STALIN, UM
GRANDE APOLOGISTA DA COLABORAÇÃO DE CLASSES
Há
exatos 66 anos, no dia 05 de março de 1953, faleceu Josef Stalin.
Ele ascendeu a Secretário Geral do Partido Comunista da União
Soviética com a morte de Lênin, depois de derrotar e posteriormente
eliminar os dirigentes bolcheviques que resistiram a sua ascensão
política. Trotsky escreveu uma biografia política dedicada a Stálin
analisando detalhadamente esse processo. Sua morte anunciada
oficialmente na época como produto de um derrame cerebral fez parte,
na verdade, de uma feroz luta interna no interior do PCUS, a partir
da deflagração da própria sucessão de Stalin em função de sua
precária saúde e idade relativamente avançada, 73 anos. Na manhã
de 1º de março de 1953, depois de um jantar que durou a noite toda
e ter visto um filme, Stalin chegou à sua casa em Kuntsevo, a 15 km
a oeste do centro de Moscou com o Ministro do Interior, Lavrentiy
Beria, e os futuros ministros Georgy Malenkov, Nikolai Bulganin e
Nikita Khrushchev, retirando-se para o quarto para dormir. À tarde,
Stalin não saiu do quarto. Embora os seus guardas estranhassem que
ele não se levantasse à hora usual, tinham ordens estritas para não
o perturbar e deixaram-no sozinho o dia inteiro. À cerca das 22
horas Peter Lozgachev, o Comandante de Kuntsevo, entrou no quarto e
viu Stalin caído de costas no chão perto da cama, com o pijama e
ensopado em urina. Assustado, Lozgachev perguntou a Stalin o que
aconteceu, mas só obteve respostas ininteligíveis. Lozgachev usou o
telefone do quarto para chamar oficiais, dizendo-lhes que Stalin
tinha tido um ataque e pedia que mandassem doutores para a residência
de Kuntsevo imediatamente. Beria foi informado e chegou algumas horas
depois, mas os doutores só chegaram no início da manhã de 2 de
março, mudando as roupas da cama e deitando-o. Nikita Khrushchev
escreveu em suas memórias que, imediatamente após a morte de
Stalin, Beria teria começado a “vomitar seu ódio (contra Stalin)
e a zombá-lo”, e que quando Stalin demonstrou sinais de
consciência, Beria teria se colocado de joelhos e beijado as mãos
de Stalin. No entanto, assim que Stalin ficou novamente inconsciente,
Beria imediatamente teria se levantado e cuspido com nojo. Os meses
de janeiro e fevereiro daquele rigoroso inverno de 53 foram marcados
por intensas movimentações nos bastidores do partido, culminando
com o anúncio da descoberta do chamado “complô dos médicos”
onde fora relatado que catedráticos da Universidade de Moscou seriam
membros de uma organização de espionagem britânica empenhados em
assassinar as mais altas lideranças soviéticas. Estava dada a senha
para um novo processo de expurgos no Politburo, onde Stalin pretendia
“depurar” a lista de seus mais prováveis sucessores. Mas, o
temido Lavrentiy Beria, comissário do povo para assuntos internos,
teria agido mais rápido e de forma “preventiva”. Beria, temendo
a nova purga stalinista que certamente o atingiria, tratou de
envenenar o “Guia Genial dos Povos” e, por ironia da história,
com veneno para matar ratos, como ficou comprovado somente em 2003
por uma equipe de legistas e historiadores russos absolutamente
isenta. Segundo o grande historiador Isaac Deutscher, a absurda
preparação de mais um “julgamento espetáculo” por Stalin às
vésperas de sua morte, correspondia a sua já deteriorada condição
ideológica comunista (se mostrava cada vez mais simpático às
ideias de Mussolini) e, por consequência, em mudanças no caráter
do regime soviético. Como afirmou Trotsky, a burocracia atua como
uma casta que defende “até a morte” seus próprios privilégios
materiais (que só podem sobreviver sobre as bases sociais do Estado
operário), e nada mais coerente que diante da ameaça de Stalin de
solapar os fundamentos do Estado soviético os próprios stalinistas
dessem cabo de seu “chefe”. A verdade é que o homem de aço
(Koba), elogiado por Lenin pela sua determinação incorruptível,
vivia seus piores momentos no início da década de 50, após quase
ter levado a derrota da URSS na Segunda Guerra mundial com a
assinatura do pacto de cooperação com a Alemanha nazista, mais
conhecido como “Pacto Ribbentrop-Molotov”. Pressionado pelas
potências imperialistas consideradas “amigas” após a assinatura
dos acordos de cooperação e não agressão de Yalta (1945), na
Crimeia às margens do Mar Negro, Stalin leva às últimas
consequências sua política contrarrevolucionária de coexistência
pacífica com a burguesia mundial, debilitando assim sua própria
liderança no movimento comunista internacional. Revoluções no
mundo capitalista ocidental são “afogadas” pela URSS (França,
Itália e Grécia) em nome do respeito às “zonas de influência”,
neste período surge até o conceito do “socialismo só em meio
país”, como no Vietnã e Coreia. Na China, rompendo a orientação
de Stalin em dissolver o Partido Comunista no movimento nacionalista
burguês, se insurge Mao Tsé-Tung, assumindo assim a direção
política de um novo viés da esquerda revolucionária, que anos
depois se repetiria em Cuba. Passados sessenta e seis anos da morte
de Stalin, com todos seus graves erros de estratégia e traições ao
legado teórico leninista, desgraçadamente a vertente revisionista
do Trotskismo (seguida de toda intelectualidade pequeno-burguesa)
insiste em identificar o “fenômeno histórico” do Stalinismo
como sendo sinônimo de “ausência de democracia” e “provocador
de calúnias”. Com este binômio, que com certeza é um elemento
acessório da praxis stalinista, os revisionistas tentam enquadrar os
marxistas revolucionários que denunciam seu programa de colaboração
política permanente com o imperialismo, este sim um legítimo
tributo à continuação da estratégia stalinista da colaboração
de classes e subordinação ao “grande amo do norte”.
A
tentativa de apresentar a figura de Stalin como o “grande demônio”,
muito pior do que qualquer ditador fascista ou imperialista não é
propriamente uma “novidade”. O próprio Trotsky no final dos anos
30 teve que combater esta posição liquidacionista no seio da seção
norte-americana da IV Internacional, o SWP, representada pela fração
antidefensista de Shachtman e Burnham. Para este setor do “velho”
SWP que deu origem ao revisionismo atual, Stalin era igual a Hitler,
um “ditador sanguinário”, esta caracterização impediria,
portanto a possibilidade de se estabelecer qualquer política de
frente única com o Stalinismo na defesa das bases sociais do Estado
operário soviético. No seu livro “Em defesa do marxismo”,
Trotsky elaborou um artigo, “De um simples arranhão ao perigo de
uma gangrena”, onde desconstrói na gênese a stalinofobia, tanto
praticada pelos revisionistas da atualidade. Para Trotsky: “Stalin
derrubado pelos trabalhadores significava a revolução, mas Stalin
derrubado pelos imperialistas representava a contrarrevolução”.
Não por coincidência, os dirigentes revisionistas do SWP acabaram
seus dias de vida como colaboradores diretos do imperialismo
norte-americano, inclusive a serviço das suas intervenções
militares para “salvar a democracia”.
Os
revisionistas contemporâneos (LIT, UIT, CWI etc.) não em poucas
oportunidades se perfilaram no campo do imperialismo em nome da “luta
contra o autoritarismo Stalinista”. O processo
contrarrevolucionário que destruiu as conquistas sociais do Estado
operário soviético, e na sequência de todo Leste europeu, contou
com o apoio frenético de organizações revisionistas como o PSTU e
“similares” Morenistas. Para estes canalhas que enlameiam a
referência do genuíno Trotsquismo, a defesa das
“liberdades democráticas” formais estava acima da
luta para conservar as bases da economia socializada da URSS. Também
não tem a menor vergonha política de saírem na defesa de agentes
da contrarrevolução aberta em Cuba, como a blogueira da CIA Yoani
Sánchez, ou o fantoche Juan Guaidó, tudo em nome da “democracia”
e da “oposição ao Stalinismo”. Não por acaso, estes
revisionistas stalinofóbicos do PSTU/LIT tem seguido o mesmo caminho
político de seus “mestres” Shachtman e Burhnam, colaborando com
as ações militares da Casa Branca&OTAN contra as “ditaduras
sanguinárias” da Líbia , Síria e agora também da Venezuela.
66
anos anos após a morte de Stalin, os bolcheviques-leninistas
reafirmam todas as denúncias das traições da colaboração de
classes que levaram ao fim da III Internacional e ao enfraquecimento
das bases do Estado soviético, alimentando a ofensiva da
contrarrevolução interna, comandada pelo arrivista bêbado Boris
Yeltsin. Muito mais além das falsificações e da política de
extermínio dos quadros da “oposição de esquerda”, como Trotsky
e Zinoviev entre tantos dirigentes comunistas da revolução de
outubro, o grande “crime” de Stalin se concentra na adoção da
estratégia do “socialismo em só país” (ou até meio) e na
política de colaboração de classes com a burguesia mundial. A
linha do “reformismo” como “tática” oficial dos partidos
comunistas stalinizados em todo o mundo, tomada por empréstimo da
velha social democracia, parece que contaminou o conjunto da chamada
“esquerda socialista”, derivando até para um revisionismo
“trotsquista”, tão simpático às democracias imperialistas.