Na primeira quinzena de março, a direção do sindicato dos bancários do Ceará, sem qualquer divulgação, consulta ou assembleia de base, lançou um plano de demissão “voluntária”, dirigido aos 28 funcionários restantes da entidade. Antes eram 34 funcionários, mas todos os seis advogados do jurídico tiveram seus contratos individuais rescindidos e o departamento jurídico foi terceirizado. Dos 28, 15 funcionários aderiram “voluntariamente” ao plano. Tudo feito em nome de uma reestruturação financeira para enfrentar o corte de receitas fruto da queda das mensalidades, seja por redução dos filiados que se aposentam ou aderem aos PDV’s dos bancos, seja pelo fim do imposto sindical que obrigava compulsoriamente os trabalhadores contribuírem com as entidades, servindo apenas para financiar direções sindicais pelegas, corruptas e vendidas aos interesses dos patrões. Ou ainda, com a recente medida provisória n.873 do governo da direita fascista de Bolsonaro, lançada em 1° de março, que obriga o pagamento da mensalidade ao sindicato só através de boleto bancário, ignorando, inclusive, o que está previsto em diversas convenções coletivas que é o desconto em folha. Não é à toa que os funcionários dos sindicatos de bancários do RJ e Londrina, por exemplo, decretaram até greve contra as medidas da burocracia sindical. Há quem diga, inclusive, que esta última iniciativa do governo contra as entidades seria para usá-la como moeda de troca com as centrais sindicais nas negociações da reforma da previdência.
Esta é uma realidade nacional que as entidades estão
enfrentando, mas longe de mobilizarem os trabalhadores para barrar a ofensiva
da direita fascista contra os trabalhadores, a exemplo das reformas trabalhista
e da previdência, arrocho salarial e demissões em massa, as privatizações e as
ameaças aos bancos públicos, a burocracia sindical prefere que os trabalhadores
paguem pela crise. Não organizou nenhuma resistência nacional. Depois do acordo
rebaixado de 2 anos da última campanha salarial, parece até que estão de férias
da luta de classes ou apenas confere um verniz de luta com manifestações
isoladas e sem consequência.
Ao contrário de reproduzir as medidas dos banqueiros contra
os trabalhadores (assédio, terceirização, demissão, etc), é preciso que a base
da categoria se organize e rompa com a política de conciliação de classes da
burocracia sindical da CUT/CTB que adota uma postura patronal que está na
contramão de prestar contas de forma transparente, convocar assembleias de
base, reuniões com os delegados sindicais, encontro nacionais abertos e de base
etc. Afinal, o que esperar dessas direções sindicais que sequer convocou
assembleia para paralisar os bancários no Dia nacional de luta contra a Reforma
da Previdência.
Não é novidade que o Estado capitalista queira tutelar,
sufocar, controlar e cooptar as entidades sindicais, enfim, interferir na
gestão e organização dos sindicatos, tentando estrangulá-los material e
financeiramente, além de cooptar politicamente suas direções sindicais que adotam
uma política de colaboração de classes, acostumada a locupletar-se com as
benesses sindicais como pró-labores, diárias, viagens, celulares, gasolina,
etc.
Enquanto isso, a iniciativa de luta dos trabalhadores,
restrita a meros dias nacionais de luta, sem qualquer plano de combate que
construa uma poderosa greve geral para derrotar essa direita fascista e suas
reformas neoliberais, fica contida por direções pelegas e traidoras que
subordinam os interesses históricos dos trabalhadores à estabilidade do mercado
e do regime burguês, escolhendo como palco privilegiado de luta as eleições e
voto como instrumento transformadores. E desse modo, alimentam ilusões na
democracia dos ricos!
O Movimento de Oposição Bancária (MOB) convoca o ativismo
classista e combativo para construir um polo alternativo de direção que defenda
uma política de independência de classe para unificar as lutas rumo a uma
grande greve geral no país, cujo eixo seja um programa operário e
anticapitalista que rompa a camisa de força das direções traidoras da CUT/CTB e
organize pela base os comitês de autodefesa física e política dos
trabalhadores.
MOVIMENTO DE OPOSIÇÃO BANCÁRIA - MOB