segunda-feira, 11 de março de 2019

TRUMP QUER “FAZER DA NICARÁGUA UMA NOVA VENEZUELA”: IMPERIALISMO IANQUE ORGANIZA NOVAS PROVOCAÇÕES ENQUANTO GOVERNO ORTEGA CONVOCA “DIÁLOGO” COM A OEA... COMPLETA IMPOTÊNCIA POLÍTICA DA GESTÃO BURGUESA DA FSLN ALIMENTA REAÇÃO DA DIREITA!


O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, revelou neste sábado (09.03) sua agenda para as negociações com a oposição burguesa. Inicialmente ele descarta uma antecipação das eleições e ofereceu a libertação dos presos durante protestos orquestrados pela direita contra o governo da FSLN, no momento em que o "diálogo" vive um impasse devido à retirada dos bispos da reacionária Igreja Católica. Ortega divulgou suas propostas para a negociação com a golpista Aliança Cívica pela Justiça e Democracia (ACJD). Os anúncios foram feitos após oito dias de reuniões. Em comunicado, o governo apresentou “propostas de reformas que aprimorem processos eleitorais livres, justos e transparentes recomendados pela Organização de Estados Americanos (OEA)”. Em uma tentativa desesperada de salvar o “processo de negociação”, o governo recorreu hoje à OEA, segundo um comunicado conjunto entregue à imprensa. O órgão anunciou que, a pedido do governo, enviará nesta segunda-feira, 11.03, o representante Luis Ángel Rosadilla para analisar, juntamente com os participantes das negociações, uma eventual participação da OEA no processo. Por sua vez, a Conferência Episcopal da Nicarágua decidiu que bispos não participarão da mesa do Diálogo nacional.  Em resumo, enquanto o imperialismo ianque organiza novas provocações o governo Ortega procura o “diálogo” com a OEA, trata-se de uma prova da completa impotência política da gestão burguesa da FSLN, alimentando a reação da extrema-direita! Não nutrimos a menor simpatia política pelo atual governo burguês da FSLN, que "entregou e enterrou" a grande maioria das conquistas da grande revolução armada que derrubou o ditador Somoza em 1979. Desgraçadamente Ortega seguiu os conselhos contrarrevolucionários do Castrismo e negou-se a "transformar a Nicarágua em uma nova Cuba". De lá pra cá, a FSLN converteu-se em uma organização pequeno burguesa, alinhada ao "regime da Democracia dos Ricos", e compondo seu governo de "União Nacional" com setores capitalistas nativos. Porém uma questão é estabelecer a oposição da classe operária ao Sandinismo, outra completamente distinta é lutar contra o governo Ortega na mesma trincheira da reação local e do imperialismo ianque, como faz vergonhosamente a LIT e sua pequena seção no país, que afirma assim como faz na Venezuela, que o governo Ortega é uma ditadura assassina que deve ser derrubada imediatamente, chamando inclusive a unidade de ação com a direita! O grupo Resistência (PSOL) segue na Nicarágua os passos vergonhosos do Morenismo. Como Lenin nos ensinou "o pior inimigo dos povos é o imperialismo", com Ortega, Maduro ou Assad nos entrincheiramos para derrotá-lo, porém com nossa própria política e os métodos de combate revolucionário da classe operária mundial!
LIT na Nicarágua: De mãos dadas com o imperialismo!


Lembremos que a grave crise desatada na Nicarágua desde 2018, teve como pretexto uma malfadada reforma da previdência social, editada pelo governo Sandinista nos moldes impostos pelo FMI. Os Marxistas sabemos que a profunda degradação política dos Sandinistas teve como "inspiração" os governos do PT, do qual foram diretamente aconselhados (inclusive com assessoria econômica) em mais de uma década de gestão estatal. Se é plena verdade que Daniel Ortega hoje não já não tem o menor traço do antigo guerrilheiro socialista, podemos afirmar o mesmo do "sindicalista combativo" Lula, ambas lideranças políticas corrompidas ideologicamente pelo poder do capital financeiro em suas "gerências" do Estado Burguês. Porém da mesma forma que a reação não poderia tolerar mais de uma década de gestões da Frente Popular no Brasil, com sua política de "compensação social" e conciliação de classes, bastou eclodir com força a crise econômica para que o imperialismo "pautasse" a derrocada do governo petista, impulsionando as "Jornadas de Junho" em 2013. A Nicarágua, sob o governo neoliberal de "centro-esquerda" de Daniel Ortega, vem sendo alvo das provocações imperialistas, no ano passado atravessou sua "Jornada de Abril", com o pretexto de combater mais um "ajuste" monetarista da FSLN, setores reacionários da classe média e juventude de direita (uma espécie de MBL brasileiro) saíram violentamente às ruas para exigir a sumária deposição dos antigos guerrilheiros, atualmente convertidos ao "Consenso de Washington". O mais "peculiar" desta conjuntura política nicaraguense é que os setores organizados da classe trabalhadora, que ainda seguem a disciplina da FSLN, embora não apoiassem a desastrada reforma da previdência, não se mobilizaram contra o governo do casal Ortega, para obviamente não se confundirem com setores nacionais reacionários, historicamente ligados à Casa Branca. Os EUA querem ver fora do governo da Nicarágua, o mais rápido possível, a direção da FSLN. Os motivos são claros, Ortega tenta estabelecer um novo eixo econômico de seu país com a China e Venezuela, naturalmente em uma perspectiva capitalista de desenvolvimento, como tentou no Brasil os governos petistas com os BRIC's.

O governo Trump não pode admitir esta "via de competição" no próprio "quintal" do império ianque, por isso impulsiona uma vigorosa campanha logística para derrubar o governo da FSLN, que ameaça se manter no poder central por um longo período histórico.  O Sandinista Ortega, uma espécie de "Chavez que já foi Fidel", apesar de sua "dura" política econômica monetarista que não pretende quebrar o pacto capitalista celebrado com a velha burguesia somozista, sofre uma oposição cerrada dos setores patronais diretamente vinculados ao imperialismo ianque, inconformados com os sucessivos êxitos eleitorais de Daniel e sua esposa. Os Marxistas Revolucionários que não nutrem a menor simpatia política pelo "Neosandinismo", responsável por sufocar a maioria das conquistas da gloriosa revolução nicaraguense de 1979, não podem apoiar as iniciativas "populares" da reação burguesa impulsionadas pelo Departamento de Estado dos EUA, por mais justas que sejam as críticas a malfadada e neoliberal "reforma da previdência".