Ataques a tiros simultâneos contra duas mesquitas na cidade
de Christchurch, na ilha sul da Nova Zelândia, deixaram pelo menos 49 mortos e 58 feridos nesta sexta-feira (15). No Facebook, um dos assassinos se
identificou como um australiano de 28 anos, defensor da extrema-direita e
contrário à imigração. Os alvos dos ataques foram as mesquitas de Masjid Al
Noor, ao lado do Parque Hagley, e de Linwood, que estava lotada com mais de 300
pessoas, reunidas para as tradicionais orações do meio-dia de sexta-feira. Os
detidos são três homens (um deles australiano) e uma mulher. O primeiro relato
de tiros foi na mesquita de Al Noor, na região central da cidade. Um homem com
um rifle automático invadiu o prédio 10 minutos após o início das orações, que
começaram às 13h30 desta sexta-feira (22h30 no horário de Brasília). Com uma
câmera instalada em um capacete, o criminoso conseguiu transmitir o massacre,
ao vivo, pelo Facebook. O vídeo mostra que ele atirou indiscriminadamente
contra homens, mulheres e crianças enquanto caminhava. O autor do ataque
terrorista a mesquitas deixou um Manifesto de extrema-direita, um documento em
que defende superioridade racial branca e ataca muçulmanos, imprensa,
universidade e democracia. No documento de 74 páginas, Brenton Tarrant
desenvolve ideias rascistas contra muçulmanos e defende uma “identidade
branca”. Ele também afirma que seu objetivo é “criar uma atmosfera de medo” e
“incitar a violência” contra imigrantes, dizendo que, para isso, sua estratégia
é se valer da cobertura midiática do ataque para propagar as suas ideias: “Eu
sou apenas um homem branco normal de 28 anos. Nasci na Austrália, meus pais são
descendentes de escoceses, irlandeses e ingleses”, ele começa, no documento
chamado “A grande substituição”. Em seguida, o atirador afirma que realizou o
ataque “para se vingar da escravidão de milhares de europeus tirados de suas
terras por escravocratas islâmicos” e se vingar “pelas centenas de milhares de
mortes provocadas por invasores contra europeus ao longo da história”. O
Manifesto evoca o documento escrito por Anders Behrink Breivik, terrorista
cristão norueguês de extrema direita, que, antes de cometer um ataque que
deixou 77 mortos em 2011 em um atentado contra um acampamento da juventude do
Partido Trabalhista (social-democrata), publicou um documento de mais de 1.500
páginas defendendo a superioridade racial branca. Brenton diz que travou “breve
contato” com Breivik, que foi a sua “única inspiração verdadeira”. “A
democracia é o domínio da máfia, e a própria máfia é comandada por nossos
inimigos. A imprensa global, dominada por corporações, a controla, o sistema
educacional (há muito decaído, devido às instituições controladas pelos
marxistas) a controlam, o Estado (há muito perdido devido a seus apoiadores
corporativos) o controlam e a imprensa antibrancos a controla”, escreve. Por
fim o assassino homenageia Donald Trump como "um símbolo de uma identidade
branca renovada e de um propósito em comum". Em resumo: xenofobia,
racismo, anticomunismo e ódio de classe são a “munição” da extrema direita que
deixou 50 muçulmanos mortos! Um elemento chama a atenção, a ação desse atirador
representa uma tendência latente global dentro do regime político capitalista:
a da expansão política do neonazismo como produto de uma época de barbárie e de
guerras de rapina colonial perpetradas pelo império, um caldo de cultura
propício para o crescimento e fortalecimento da ultradireita em todo o planeta,
trata-se de uma clara perseguição racial-política, uma vez que o agressor
assassinou-os porque são muçulmanos, os quais encarnariam o “eixo do mal” como
definiu o carniceiro George Bush filho ao desencadear a sua cruzada
anti-islâmica em 2001, após os ataques às Torres Gêmeas, sanha hoje aprofundada
por Trump. Uma classe média decadente e descontente com os rumos da crise
estrutural do capitalismo são as raízes das profundas tendências à
fascistização dos regimes políticos e com isto dá vazão a crimes de cunho
neonazistas. Portanto, ataques como o que aconteceu hoje, não são algo isolado,
mas o resultado de uma época de ofensiva bélica e ideológica contra quem se
coloque no caminho da sanha colonialista do império ianque. Somente a entrada
em cena da classe operária, com uma direção revolucionária genuinamente
comunista, poderá reverter esta “linha evolutiva” do capitalismo rumo à
barbárie cultural e social. Neste momento, trata-se de resistir política e
ideologicamente à onda neonazista que assola o planeta!