sexta-feira, 15 de março de 2019

ATAQUES A MESQUITAS EM NOVA ZELÂNDIA: XENOFOBIA, RACISMO, ANTICOMUNISMO E ÓDIO DE CLASSE SÃO A “MUNIÇÃO” DA EXTREMA DIREITA QUE DEIXOU 49 MUÇULMANOS MORTOS


Ataques a tiros simultâneos contra duas mesquitas na cidade de Christchurch, na ilha sul da Nova Zelândia, deixaram pelo menos 49 mortos e 58 feridos nesta sexta-feira (15). No Facebook, um dos assassinos se identificou como um australiano de 28 anos, defensor da extrema-direita e contrário à imigração. Os alvos dos ataques foram as mesquitas de Masjid Al Noor, ao lado do Parque Hagley, e de Linwood, que estava lotada com mais de 300 pessoas, reunidas para as tradicionais orações do meio-dia de sexta-feira. Os detidos são três homens (um deles australiano) e uma mulher. O primeiro relato de tiros foi na mesquita de Al Noor, na região central da cidade. Um homem com um rifle automático invadiu o prédio 10 minutos após o início das orações, que começaram às 13h30 desta sexta-feira (22h30 no horário de Brasília). Com uma câmera instalada em um capacete, o criminoso conseguiu transmitir o massacre, ao vivo, pelo Facebook. O vídeo mostra que ele atirou indiscriminadamente contra homens, mulheres e crianças enquanto caminhava. O autor do ataque terrorista a mesquitas deixou um Manifesto de extrema-direita, um documento em que defende superioridade racial branca e ataca muçulmanos, imprensa, universidade e democracia. No documento de 74 páginas, Brenton Tarrant desenvolve ideias rascistas contra muçulmanos e defende uma “identidade branca”. Ele também afirma que seu objetivo é “criar uma atmosfera de medo” e “incitar a violência” contra imigrantes, dizendo que, para isso, sua estratégia é se valer da cobertura midiática do ataque para propagar as suas ideias: “Eu sou apenas um homem branco normal de 28 anos. Nasci na Austrália, meus pais são descendentes de escoceses, irlandeses e ingleses”, ele começa, no documento chamado “A grande substituição”. Em seguida, o atirador afirma que realizou o ataque “para se vingar da escravidão de milhares de europeus tirados de suas terras por escravocratas islâmicos” e se vingar “pelas centenas de milhares de mortes provocadas por invasores contra europeus ao longo da história”. O Manifesto evoca o documento escrito por Anders Behrink Breivik, terrorista cristão norueguês de extrema direita, que, antes de cometer um ataque que deixou 77 mortos em 2011 em um atentado contra um acampamento da juventude do Partido Trabalhista (social-democrata), publicou um documento de mais de 1.500 páginas defendendo a superioridade racial branca. Brenton diz que travou “breve contato” com Breivik, que foi a sua “única inspiração verdadeira”. “A democracia é o domínio da máfia, e a própria máfia é comandada por nossos inimigos. A imprensa global, dominada por corporações, a controla, o sistema educacional (há muito decaído, devido às instituições controladas pelos marxistas) a controlam, o Estado (há muito perdido devido a seus apoiadores corporativos) o controlam e a imprensa antibrancos a controla”, escreve. Por fim o assassino homenageia Donald Trump como "um símbolo de uma identidade branca renovada e de um propósito em comum". Em resumo: xenofobia, racismo, anticomunismo e ódio de classe são a “munição” da extrema direita que deixou 50 muçulmanos mortos! Um elemento chama a atenção, a ação desse atirador representa uma tendência latente global dentro do regime político capitalista: a da expansão política do neonazismo como produto de uma época de barbárie e de guerras de rapina colonial perpetradas pelo império, um caldo de cultura propício para o crescimento e fortalecimento da ultradireita em todo o planeta, trata-se de uma clara perseguição racial-política, uma vez que o agressor assassinou-os porque são muçulmanos, os quais encarnariam o “eixo do mal” como definiu o carniceiro George Bush filho ao desencadear a sua cruzada anti-islâmica em 2001, após os ataques às Torres Gêmeas, sanha hoje aprofundada por Trump. Uma classe média decadente e descontente com os rumos da crise estrutural do capitalismo são as raízes das profundas tendências à fascistização dos regimes políticos e com isto dá vazão a crimes de cunho neonazistas. Portanto, ataques como o que aconteceu hoje, não são algo isolado, mas o resultado de uma época de ofensiva bélica e ideológica contra quem se coloque no caminho da sanha colonialista do império ianque. Somente a entrada em cena da classe operária, com uma direção revolucionária genuinamente comunista, poderá reverter esta “linha evolutiva” do capitalismo rumo à barbárie cultural e social. Neste momento, trata-se de resistir política e ideologicamente à onda neonazista que assola o planeta!