Há há sete anos atrás a “grande mídia” apresentou a visita da
presidente Dilma a Obama, em 09 de abril de 2012, como um encontro que
consolidaria as “boas relações” comerciais entre Brasil e os EUA. Quando
pastelões como o Estadão e a Folha de São Paulo dão esse tom a visita não só
estão fazendo pressão para que o governo brasileiro se aproxime ainda mais da
Casa Branca, refletem de fato a conduta de subserviência aos EUA que vem
marcando as gestões da Frente Popular. Já alguns porta-vozes da esquerda reformista
que estavam diretamente aboletados no governo, como Emir Sader e Altamiro
Borges, insistiram em apresentar o contrário: será um encontro de “afirmação”
da soberania brasileira frente ao imperialismo ianque. Nada mais falso! Obama,
o mesmo que destruiu a Líbia, reafirmou junto a Dilma os interesses econômicos
do império em nosso país, porém o mais importante, foi reforçar a necessidade
do alinhamento do Palácio do Planalto e do Itamaraty com Washington. Dilma, que
tinha recebido Obama no Rio de Janeiro em março de 2011, ficando absolutamente
em silêncio quando o carniceiro ianque autorizou o bombardeio à Líbia, seguiu
sua política de submissão ao imperialismo ianque, todavia mantendo alguma
margem de manobra frente aos ditames do amo do norte, o que permitiu a Frente
Popular manter seu demagógico discurso de defesa da soberania nacional. Quanto
aos acordos comerciais propriamente ditos , celebrados na “histórica” viagem da
ex-presidente à Washington foram pífios, o único assinado é o que reconhece a
cachaça como produto genuinamente brasileiro a ser exportado para os EUA. Por
fim, enquanto Obama preparava a guerra
contra a Síria para depois de sua reeleição, Dilma em meio às provocações
imperialistas contra o regime nacionalista de Bashar Assad, e a ameaça
explícita de uma guerra de ocupação sionista contra o Irã, a ex-presidente se
limitava a pedir uma “solução negociada” para o conflito, omitindo-se de
assumir uma posição política claramente anti-imperialista. Os votos do governo
petista contra a Síria e o Irã na ONU já revelaram o verdadeiro conteúdo dessa
“saída política”, em um claro sinal verde a próxima guerra ianque de rapina
contra uma nação oprimida. Foi assim quando o Brasil se absteve na votação
sobre a Líbia, de fato avalizando a intervenção militar da OTAN para logo
depois saudar a vitória da “democracia” no país do Magreb africano quando o
mercenário CNT anunciou o controle de Trípoli. Longe da versão fantasiosa da “inserção soberana” no mercado capitalista
mundial alardeada pela esquerda reformista, que está bem aquém da política de
impulsionar uma indústria nacional de substituição de importações dos países
imperialistas, como pregavam os governos nacionalistas burgueses como Vargas ou
mesmo Jango, Dilma buscou um acordo para manter nossa economia em crescimento
artificial, totalmente refém em última instância da enxurrada de dólares
ianques que inundam o país e depois voltam aos seus países de origem indexados
pelas taxas de juros mais caras do mundo pagas pelo Estado brasileiro. Como se
viu a plataforma da Frente Popular em nada representava um desenvolvimento
nacional independente dos centros imperialistas, ao contrário, esteve
umbilicalmente ligada à crise financeira internacional, onde o Brasil com suas
gordas reservas cambiais e seu pujante mercado consumidor é um porto seguro
para a agiotagem internacional, já que não tem qualquer capacidade tecnológica
e industrial para se contrapor aos monopólios imperialistas. O fato mais
importante da reunião de cúpula entre a presidente petista e o representante
estatal “Democrata”, foi um “pequeno detalhe” no qual a imprensa não tocou, nem
mesmo a chamada “mídia progressista”. Tratou-se de um detalhado relatório
produzido pelo Departamento de Justiça (DJ) ianque que Obama acabara de ter
acesso, neste “dossiê” o DJ apontava um processo “degenerativo” na Petrobrás e
que por consequência estaria lesando acionistas e investidores norte-americanos
com participação societária na estatal brasileira. Dilma se comprometeu a não
interferir nem tampouco “bloquear” a espionagem imperialista, muito pelo
contrário deu “carta branca “ para que seguissem as “investigações” e com o
apoio do governo brasileiro. O “ovo da serpente” da malfadada “Operação Lava
Jato” foi chocado neste encontro de lideranças nos EUA e viria a eclodir dois
anos depois em março de 2014 ainda em pleno governo da Frente Popular. O final
desta história todos nós sabemos, os bandidos togados da “Lava Jato” arruinaram
a Petrobras e depois depuseram a própria presidente Dilma Rousseff, acabando
por encarcerar o próprio Lula...