O levante de Baltimore ocorreu no final de abril de 2015,
quando a polícia dos Estados Unidos, prendeu 34 pessoas que participavam de
protestos por causa da morte do jovem negro Freddie Gray, de 25 anos, que
estava sob custódia policial na cidade e morreu após sofrer lesões na coluna
vertebral. Forças policiais circularam com ele no carro durante 30 minutos,
antes de chamar socorro médico. Várias pessoas e organizações afirmam que o
jovem foi torturado até a morte. As circunstâncias da morte do jovem negro são
de clara violência policial contra o preso, como demonstram os vídeos no
momento da sua detenção. O assassinato provocou uma série de protestos e
manifestações da população negra local. Desde o ano passado, dois casos
mobilizam os explorados na luta contra o rascimo. O primeiro ocorreu em julho
de 2014, com o assassinato do jovem negro Michael Brown, de 18 anos. O policial
branco que, de acordo com a promotoria e com os familiares do rapaz teria
atirado no garoto, foi inocentado pela Justiça de Fergunson. Em outro caso,
Eric Garner, de 43 anos, foi espancado até a morte no mesmo mês em Nova York.
Ele morreu estrangulado. O processo de Garner teve o julgamento adiado, segundo
a Justiça, por falta de provas contra os policiais envolvidos. Os protestos se
estenderam a várias cidades dos EUA expondo mais uma vez a divisão de classe e
de cor no coração do monstro imperialista! Este cenário reafirma o estado de
terror policial imposto contra o povo pobre enquanto o imperialismo ianque
incrementa sua ofensiva belicista por todo o planeta.
Freddie Gray morreu em um hospital no dia 19 de abril de
2015. O jovem havia sido interpelado no dia 12 e sofreu uma ruptura de vértebra
durante a detenção, segundo a polícia, que o acusou de portar um canivete. De
acordo com a imprensa, o jovem também teria sofrido um trauma na laringe.
Vídeos gravados por pedestres mostram como a polícia atirou Gray no chão no
momento da detenção, enquanto o jovem negro, gritando de dor, era colocado em
um furgão. "Foi dobrado como se fosse um caranguejo ou uma figura de
origami", disse Keven Moore, que fez um dos vídeos ao jornal Baltimore
Sun. "Gritava por sua vida". "Sabemos que ele estava bem quando
entrou no veículo da polícia, mas já não reagia na saída", afirmou a
prefeita Stephanie Rawlings-Blake. Cinicamente, no começo do funeral, a polícia anunciou ter
recebido a ameaça de que "várias gangues da cidade se associaram para
'eliminar' agentes policiais". A cerimônia, realizada na Igreja Batista
New Shiloh, contou com cerca de 3 mil pessoas, durou cerca de duas horas e meia
e teve um forte viés político. O pastor Jamal Bryant disse que Freddie Gray
"fez o que é proibido aos homens negros: olhar nos olhos de um
policial". "Estamos aqui por Freddie Gray, mas também porque há
muitos Freddie Gray", complementou o advogado da família, Billy Murphy,
sob aplausos. Um monitor no interior do local onde o jovem era velado exibia a
mensagem "a vida dos negros importa e todas as vidas importam." Mais
uma vez, diante do risco de revolta popular da população negra por todo o país,
Obama cinicamente declarou na época que a morte do jovem era uma “tragédia”,
porém pediu “calma a população” e que a “lei será cumprida”. O lobo em pele de
cordeiro só não disse que as “leis” estão a serviço da burguesia e seu estado
policial... A morte de Freddie Gray faz
lembrar um caso recente, mas que tomou rumo totalmente contrário. O jovem negro
Troy Davis foi executado com a pena capital após ser acusado com testemunhas
falsas de ter matado um policial branco. Num caso, um jovem negro é executado
no meio da rua e o policial assassino é protegido pelo Estado burguês. Noutro
caso, a justiça penal não teve muitas dúvidas do que ocorreu e executou Troy
Davis em setembro de 2011. Outro exemplo é o de Mumia Abu Jamal até os dias de
hoje preso por acusação falsa de ter morto um policial.
Os ataques de claro conteúdo fascista e racistas estão em
consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica
preconizada pelo imperialismo ianque do qual Trump é porta-voz, como vemos, por
exemplo, no Egito cujo governo golpista é apoiado pelos EUA. Como não há um
contraponto revolucionário à degradação de uma sociedade doente que recorre a
um estado policial contra seu próprio povo, a humanidade tende a caminhar para
a barbárie imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma
direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o
planeta, assassinatos racistas, carnificinas neonazistas e guerras genocidas
acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a
intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante em defesa da
liquidação deste estado policial e pela liberdade imediata dos negros e
trabalhadores encarcerados, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de
podre, ao contrário, arrastará a humanidade para a barbárie. Estamos vendo a
volta com força do fascismo ianque em escala interna e planetária. Para que não
se repitam novas cenas sanguinárias como o assassino do jovem negro Freddie
Gray dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado
mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela
liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição
de seu próprio projeto de poder socialista. Em uma etapa de frontal ofensiva neofascista,
agora comandada pelo racista Donald Trump, o “ Levante de Baltimore”, é um
exemplo histórico de luta para todos os povos oprimidos do planeta.