Como em um filme reprisado de Hollywood, a cena repete-se mais uma vez. O
cenário agora é a Argélia e o Sudão... A mídia internacional “noticia” que
mobilizações populares espontâneas colocam em xeque “ditaduras sanguinárias”
desgastadas nos dois países africanos, não por acaso fronteiriços com a Líbia,
também com grandes reservas de petróleo e gás natural. Alguma semelhança com a
“revolução na Líbia” que derrubou o “regime assassino de Kadaffi”? De pronto
todo o arco pseudotrotskista seguiu como papagaio a versão das grandes
corporações de comunicação do imperialismo (Fox, CNN). A LIT logo cravou a manchete “Uma nova
primavera na África?” (site LIT, 17.04). No artigo lemos o lixo que “Alguns
analistas, jornalistas e historiadores começam a falar em uma 'nova era africana' que se inicia com revoluções democráticas e ditadores que não vão resistir por
muito tempo. O que poderíamos chamar de ‘Primavera Africana’, ou ‘Primavera
árabe 2.0’. Segue o caminho dos protestos que tomaram há mais de um ano a
Tunísia, Marrocos e Jordânia, mas, em uma conjuntura que pode ser muito mais
explosiva para a região, ao se combinar com a instabilidade gerada pelos
conflitos militares na Líbia, Síria e Iêmen”. Seus irmãos siamenses do PTS argentino seguiram na mesma “tonada” em termos quase indêticos: “Uma nova Primavera Árabe
no norte da África?” (ED, 11/04). Esta foi a manchete do “Esquerda Diário”,
porta voz de sua sucursal brasileira, o MRT. Nesse portal lemos
que “Nas principais cidades da Argélia e do Sudão, manifestações massivas
protestando contra seus respectivos governos foram reprimidas com intensa brutalidade...
Esses processos de luta democrática possuem muitas semelhanças entre si e
inevitavelmente leva à expectativa do ressurgimento da ‘Primavera Árabe’ contra
velhas ditaduras nacionalistas, inspirando o conjunto dos trabalhadores e das
minorias oprimidas da região, especialmente no continente africano, colocando
novamente em discussão mundial a implicação da luta de classes no cenário
político, econômico e social”. Bingo!!! Façamos no Sudão e na Argélia o que aplaudimos na Líbia, apoiemos “o ressurgimento da ‘Primavera Árabe’ contra velhas
ditaduras nacionalistas” clamam esses revisionistas. É preciso desenhar? Os
filisteus do PTS/MTR copiam mais uma vez a política tradicional do Morenismo de
apoiar manifestações orquestradas pelo imperialismo e as forças burguesas
direitistas locais para derrubar regimes nacionalistas em crise. Como podemos
ver, a família Morenista em seu conjunto, desde os membros oficiais (LIT, UIT)
até os “bastardos” (PTS) seguem firmes na linha de frente única com as forças
da reação burguesa contra os governos nacionalistas moribundos que são alvo da
Casa Branca. Alguma coincidência com as provocações de "massa" da direita na Venezuela, Nicarágua ou mesmo com o golpismo apoiador da Lava Jato e suas manifestações "verde-amarelo" no Brasil? Trump, aprofundando a linha de Obama, deseja aniquilar o regime como
de Bashar Al Assad na Síria como fez Obama e a OTAN com Kadaffi na Líbia. Nesse marco, planeja
varrer do mapa a FLN,
partido nacionalista que já governa quatro mandatos seguidos (desde 1999) na Argélia. O mais
trágico é que o próprio PTS/MRT descreve os passos da “revolução made in CIA”
na Argélia. Vejamos como nossos próprios olhos: “O ditador, pressionado pela
contestação popular, desistiu de disputar as eleições, entretanto, se mantinha
ainda no cargo presidencial. A população reagiu e voltou às ruas, e dessa vez
exigindo a saída definitiva de Bouteflika do poder. As Forças Armadas, um dos
pilares centrais do regime, e até ontem fiel aliada de Bouteflika, hoje declara
seu apoio à população, reiterando que o ditador se encontra inapto para dirigir
o país, no intuito de tentar salvar a própria imagem da instituição e garantir
assim uma posição privilegiada na transição de regime”. (Esquerda
Diário,11.04). Os generais controlam a transição planejada pela Casa Branca,
como fizeram no Egito ao derrubar o presidente eleito Morsi da Irmandade Muçulmana para impor uma
verdadeira ditatura militar assassina pró-imperialista, processo que foi apresentado
pela LIT e seus satélites como uma “revolução democrática”! No Sudão, o mesmo
script da farsesca “Primavera Árabe”. Segundo
a LIT “Depois de quatro meses de protestos contra o governo, o exército do
Sudão se viu obrigado a depor e prender o ditador Omar al Bashir, no poder há
30 anos”. Aqui também o alto-comando das FFAA assume as rédeas da “revolução”!
Os genuínos Trotskistas denunciam mais uma vez a fraude em curso: o que estamos
vendo é uma transição ordenada pelo imperialismo para impor regimes políticos
alinhados com seus ditames, retirando de cena governos nacionalistas senis que
de alguma forma não seguem fielmente os ritmos e os planos da Casa Branca. Os
Marxistas Revolucionários não fazem frente única com a reação burguesa para
derrubar governos nacionalistas decrépitos, lutam para que as massas superem as
velhas direções burguesas pela via da Revolução Proletária e não da
contrarrevolução, que não tem nada de democrática ou progressista! Seguimos os
ensinamentos de nosso mestre Leon Trotsky e as lições do Programa de Transição! A
Líbia mergulhada na barbárie social, em uma guerra civil fraticida com a volta
da escravidão em algumas regiões deveria ter deixado alguma lição para esses
canalhas que enlameiam o nome do Trotskismo, maculando a bandeira da IV
Internacional para as novas gerações de lutadores. Na Argélia e no Sudão, assim
como foi na Líbia de Kadaffi e segue na Síria de Assad, defendemos a luta
contra os agentes do imperialismo que manipulam os “protestos populares”,
combatemos para que os trabalhadores organizem seus próprios organismos de
poder e suas milícias armadas para derrotar os aliados de Trump dentro destes
países, tendo como programa a expropriação da burguesia e das empresas
estrangeiras. O Pentágono sabe mais que ninguém que a Argélia tem as quintas maiores reservas
de gás natural do mundo e é o segundo maior exportador de gás. É ainda o 14º
país com maiores reservas de petróleo. O Sudão segue o mesmo panorama propício à rapina das metrópoles capitalistas. Contra esse retrocesso, no curso
do combate vivo da luta de classes, fazemos unidade de ação pontual com as forças populares do regime que
resistem as investidas neocolonizadoras, mantendo nossa total independência
política para na trincheira de luta sentar as bases programáticas e ideológicas
pela construção do verdadeiro partido operário revolucionário que liberte esses
países do jugo do imperialismo e do sistema capitalista nativo!