O resultado final das eleições para o parlamento israelense,
que no regime sionista determina o comando de fato do Estado Judeu, acabou por
dar a vitória ao reacionário partido Likud e por consequência a reeleição do
facínora Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu. O Likud obteve 36 cadeiras no
parlamento e a neófita coalizão eleitoral de “oposição”, batizada de “Azul e
Branco”, formada em janeiro deste ano ficou com 35 assentos em um total de
somente 120 postos no Knesset, como é chamado o parlamento israelense. Mesmo
que o Likud tivesse conquistado menos parlamentares do que a coalizão “Azul e
Branco” (que alguns veículos da mídia tem apresentado equivocadamente como um
partido), Netanyahu teria facilmente obtido sua recondução ao cargo de Primeiro
Ministro pelo fato de controlar uma coligação de partidos muito mais ampla do
que a frágil coalizão “Azul e Branco”, comandada pelo general assassino Benny
Gantz. Portanto é completamente falsa a análise da esquerda reformista de que
as eleições israelenses foram “apertadas” e que Netanyahu “ganhou por pouco”. O
presidente de Israel, Reuven Rivlin, a “rainha da Inglaterra” do gerdame
sionista, já encarregou Bibi Netanyahu de conformar seu quinto governo
consecutivo, superando desta forma o fundador do Estado Judeu, o histórico
líder trabalhista David Ben-Gurion. Se a tranquila vitória de Netanyahu não foi
surpresa alguma para nós Marxistas, refletindo diretamente o ambiente
ultradireitista do eleitorado das principais “cidadelas” de Israel , o total aniquilamento político do
Partido Trabalhista é sim um elemento novo e que precisa ser aprofundado. A
esquerda Trabalhista, filiada a Internacional Socialista, elegeu somente 6
parlamentares, o pior resultado em toda sua história, e seu tradicional aliado
de “centro-esquerda” o Meretz , a marca pífia de 4 cadeiras. O provável fim
melancólico do Partido Trabalhista de Israel, que até pouco anos atrás era o
principal fiador internacional da existência do Enclave sionista, detonará toda
uma mudança na correlação de forças da região, em particular com as
organizações palestinas, tanto a ANP como o Hamas. A esquerda trabalhista
israelense, uma reprodução regional da Social Democracia europeia, foi
organizada pelos principais quadros dirigentes do Estado Judeu, como David
Ben-Gurion, Yitzhak Rabin, Shimon Peres, Golda Meir e Ezer Weizman, entre
outras lideranças históricas. O iminente fim do “Labour Party” ameaça a manutenção dos “Acordos de
Oslo”, ou seja o atual “desenho” político do Enclave de Israel que deu origem
aos “territórios autônomos” controlados hoje pelo Hamas (Gaza) e
ANP (Cisjordânia). Celebrados pela então OLP, PT e os Democratas ianques na
figura de Bill Clinton , os “Acordos de Oslo”, são fruto do farsesco “processo
de paz” regido pelo imperialismo e consistiam em um artifício para paralisar e
amortecer o levante revolucionário que eclodiu com a primeira Intifada das
massas palestinas, em 1987 e que já durava sete anos.
Esses acordos de traição buscavam frear a onda
revolucionária aberta na região, que colocava em xeque não só o domínio
imperialista e a existência de Israel, como também questionava os próprios
regimes nacionalistas das corruptas burguesias árabes exportadoras de óleo cru.
Arafat e a OLP, vendendo ilusões ao povo palestino, colocaram em marcha uma orientação
contrarrevolucionária que se baseava na aceitação da existência do Estado
sionista e da pilhagem que este promoveu do território histórico palestino,
através de décadas de assassinatos em massa. A traição histórica da OLP às
massas palestinas dava-se em troca da promessa da criação de um fictício
“Estado autônomo” palestino restrito a uma pequena porção de seu território
histórico, pouco mais de dois mil km2 do total dos vinte e sete mil km2
roubados pelo sionismo e reduzido às terras mais áridas e sem acesso ao mar,
onde mais de 70% da população palestina vive abaixo da linha de pobreza.
Com o esgotamento do “pacto de paz” firmado entre os
Trabalhistas e a atual ANP, abençoado politicamente por Washington, já que a
esquerda burguesa sionista (PT) deixou de representar algum setor social
dominante no espectro político de Israel, a tendência é que as tropas militares
do Enclave recuperem em breve o controle dos chamados “territórios autônomos”
de Gaza e da Cisjordânia. Esta “demanda” inclusive foi uma das plataformas
levantadas nestas últimas eleições tanto pelo Likud como pela coalizão “Azul e
Branco”. A conjuntura no Oriente Médio, polarizada totalmente em direção à
ofensiva neoliberal e sionista, promete reaquecer aos níveis de quando a antiga
OLP organizava espetaculares ações guerrilheiras nos territórios ocupados, isto
sem falar no regime nacionalista sírio-libanês que após vencer a guerra de
fragmentação do seu país, planeja retomar o controle das Colinas de Golan,
anexadas fraudulentamente por Israel. Como o ocupante atual da Casa Branca, o
reacionário tresloucado Donald Trump, tem plena identidade política com os
planos intervencionistas de Netanyahu, assistiremos em breve a eclosão de uma
nova etapa da luta de classes no Oriente Médio, e a tarefa dos Trotskistas não
será reconstruir os cadáveres políticos do Trabalhismo e tampouco da OLP,
responsáveis pela “trégua dos cemitérios”, mas sim a organização de um
autêntico Partido Revolucionário que combata pela destruição total do Enclave
Sionista!