segunda-feira, 1 de abril de 2019

37 ANOS DA GUERRA DAS MALVINAS: ONTEM COM A ARGENTINA CONTRA A USURPAÇÃO DO IMPERIALISMO BRITÂNICO, HOJE COM A VENEZUELA NO ENFRENTAMENTO COM O IMPERIALISMO IANQUE


Há 37 anos atrás, mais precisamente no dia 02 de abril de 1982, sob a intensa pressão do movimento operário e popular, com a ditadura genocida em colapso, a Junta Militar de Galtieri determinou a invasão das Malvinas com o objetivo de desviar o foco das manifestações contra o regime e recuperar o apoio popular, explorando o justo ódio antiimperialista das massas exploradas. Na verdade, a Junta Militar não tinha nenhuma intenção de entrar em conflito armado com o imperialismo. Os generais argentinos alimentavam ilusões de que não haveria uma resposta militar enérgica do império britânico, devido a um suposto desinteresse deste em manter seu domínio sobre as ilhas. Ademais, esperavam contar com o apoio do imperialismo norte-americano, através do "cawboy" Ronald Reagan, considerado como um aliado incondicional da ditadura fascistizante,  para intermediar um acordo diplomático. A resposta da primeira ministra Thatcher foi uma imediata declaração de guerra com o envio da frota real britânica para iniciar o contra-ataque, que contou com aliados de primeira hora como os EUA e o Chile de Augusto Pinochet, que cedeu o território chileno para base de operações e de abastecimento das forças armadas do Reino Unido.A reação do governo “conservador” de Margaret Thatcher, em parte, foi uma conseqüência da situação política interna marcada pela queda de popularidade provada pela recessão econômica, o crescimento do desemprego e as medidas de ajuste, conhecidas como “políticas neoliberais”, que incluíam as privatizações e o corte dos direitos sociais, enfrentando a reação dos trabalhadores, como a histórica greve dos mineiros. Nessas circunstâncias, um revés na arena militar enfraqueceria ainda mais o governo e aprofundaria a crise social. Além disso, o império britânico não podia admitir que a falta de uma resposta à ocupação das Malvinas fosse vista pelos povos de todo o mundo como um símbolo de debilidade de seu poder bélico. Por outro lado, para os Estados Unidos, ainda que a ditadura argentina fosse um importante parceiro dos ianques na América Latina, a Inglaterra era um aliado mais importante na sua cruzada reacionária anticomunista em nível mundial, sobretudo contra a URSS e os estados operários do Leste Europeu. Dessa forma todas as expectativas que nortearam a aventura militar da Junta Militar argentina foram frustradas, não lhes restando outra saída no âmbito de sua estratégia a não ser a completa e vergonhosa rendição, após o cerco aéreo e naval imposto as tropas argentinas, praticamente abandonadas com fome e frio nas Malvinas. Objetivamente, o conflito entre a Argentina e a Inglaterra despertou um sentimento antiimperialista não só entre as massas argentinas, mas entre os povos oprimidos de todo o mundo. Contra a ofensiva militar do imperialismo britânico, ocorrem massivas manifestações em vários países latino-americanos. No Peru, por exemplo, cerca de 150.000 manifestantes marcharam sobre a capital, Lima. Nos Estados Unidos, milhares de imigrantes latinos realizaram manifestações nas ruas de Los Angeles e São Francisco. Na Argentina a postura antiimperialista da maioria da população ficou marcada num conjunto de iniciativas protagonizadas pelas massas, como a suspensão dos serviços de comunicação com o Reino Unido pelos trabalhadores telefônicos, a organização de campanhas de coletas de dinheiro, alimentos e roupas para as tropas e a apresentação de mais de 100 mil voluntários para combater.Por outro lado os vizinhos regimes militares "muy amigos", se bandearam para o campo militar da Inglaterra temendo o pequeno apoio que a Argentina recebera da URSS.No campo da esquerda revisionista que reivindicava o trotskismo, a corrente de maior peso no movimento operário e de massas, o então PST (organização morenista que antecedeu o MAS, anos depois partido fundador da LIT) defendeu a derrota militar do Reino Unido como eixo central para o desenvolver uma mobilização de massas que, ao mesmo tempo, prepararia a luta contra a ditadura. Essa posição estava expressa na consigna “No a la paz sin soberania”. Os morenistas do PST afirmavam estar “no mesmo campo militar do governo argentino, enquanto este continue a guerra contra o imperialismo”. Hoje, a LIT que foi fundada então pelo MAS argentino passou de paladina da correta unidade de ação militar com o carniceiro Galtieri em defesa das Malvinas contra a agressão anglo-imperialista a Argentina no começo dos anos 80, a apologista da democracia burguesa na Venezuela atacada e sabotada pelo imperialismo ianque. Segundo a LIT e sua família morenista (UIT), o presidente Nicolas Maduro é um “ditador” que deveria ser derrubado por uma ampla frente democrática opositora, o que inclui neste amálgama político os fantoches da Casa Branca, ocupada pelo palhaço fascista Donald Trump. Passados 37 anos, a LIT que à época foi duramente criticada por outras correntes revisionistas européias por uma suposta capitulação a um regime militar assassino de mais de trinta mil militantes de esquerda, se converteu hoje em partidária da “frente única circunstancial” com o imperialismo ianque , em nome da defesa das “liberdades democráticas” e do “combate a ditadura de Maduro ”. Estes revisionistas jogaram no lixo o ABC do leninismo e do trotskismo, além de esquecerem as próprias lições deixadas por Moreno, quando afirmava que “preferia estar no campo militar dos generais facínoras do que em nome da democracia apoiar a ocupação da Argentina pela frota imperial da Inglaterra”. Tanto há 37 anos atrás na Argentina como hoje na Venezuela a posição dos verdadeiros marxistas revolucionários é a defesa incondicional da nação oprimida contra a agressão imperialista, inclusive em frente única militar com as forças do regime, tendo claro a incapacidade de qualquer burguesia nacional em conduzir um confronto militar com o imperialismo até a plena vitória. Esta tática deve estar baseada no princípio da mais completa independência política dos explorados e subordinada à estratégia revolucionária da tomada do poder pelo proletariado. Nesse sentido, a defesa de uma frente militar com o governo Galtiere, com absoluta independência política, passava pela criação de organismos próprios de poder proletário e a formação de milícias armadas de voluntários, não submetidas à disciplina e à hierarquia das reacionárias forças armadas do regime, responsáveis pelo assassinato de 30.000 lutadores. O mesmo programa se impõe na Venezuela hoje para derrotar a ameaça colonialista do Pentágono!