37 ANOS DA GUERRA DAS MALVINAS: ONTEM COM A ARGENTINA CONTRA
A USURPAÇÃO DO IMPERIALISMO BRITÂNICO, HOJE COM A VENEZUELA NO ENFRENTAMENTO
COM O IMPERIALISMO IANQUE
Há 37 anos atrás, mais precisamente no dia 02 de abril de
1982, sob a intensa pressão do movimento operário e popular, com a ditadura
genocida em colapso, a Junta Militar de Galtieri determinou a invasão das
Malvinas com o objetivo de desviar o foco das manifestações contra o regime e
recuperar o apoio popular, explorando o justo ódio antiimperialista das massas
exploradas. Na verdade, a Junta Militar não tinha nenhuma intenção de entrar em
conflito armado com o imperialismo. Os generais argentinos alimentavam ilusões
de que não haveria uma resposta militar enérgica do império britânico, devido a
um suposto desinteresse deste em manter seu domínio sobre as ilhas. Ademais,
esperavam contar com o apoio do imperialismo norte-americano, através do
"cawboy" Ronald Reagan, considerado como um aliado incondicional da
ditadura fascistizante, para intermediar
um acordo diplomático. A resposta da primeira ministra Thatcher foi uma
imediata declaração de guerra com o envio da frota real britânica para iniciar
o contra-ataque, que contou com aliados de primeira hora como os EUA e o Chile
de Augusto Pinochet, que cedeu o território chileno para base de operações e de
abastecimento das forças armadas do Reino Unido.A reação do governo
“conservador” de Margaret Thatcher, em parte, foi uma conseqüência da situação
política interna marcada pela queda de popularidade provada pela recessão
econômica, o crescimento do desemprego e as medidas de ajuste, conhecidas como
“políticas neoliberais”, que incluíam as privatizações e o corte dos direitos
sociais, enfrentando a reação dos trabalhadores, como a histórica greve dos
mineiros. Nessas circunstâncias, um revés na arena militar enfraqueceria ainda
mais o governo e aprofundaria a crise social. Além disso, o império britânico
não podia admitir que a falta de uma resposta à ocupação das Malvinas fosse
vista pelos povos de todo o mundo como um símbolo de debilidade de seu poder
bélico. Por outro lado, para os Estados Unidos, ainda que a ditadura argentina
fosse um importante parceiro dos ianques na América Latina, a Inglaterra era um
aliado mais importante na sua cruzada reacionária anticomunista em nível
mundial, sobretudo contra a URSS e os estados operários do Leste Europeu. Dessa
forma todas as expectativas que nortearam a aventura militar da Junta Militar
argentina foram frustradas, não lhes restando outra saída no âmbito de sua
estratégia a não ser a completa e vergonhosa rendição, após o cerco aéreo e
naval imposto as tropas argentinas, praticamente abandonadas com fome e frio nas
Malvinas. Objetivamente, o conflito entre a Argentina e a Inglaterra despertou
um sentimento antiimperialista não só entre as massas argentinas, mas entre os
povos oprimidos de todo o mundo. Contra a ofensiva militar do imperialismo
britânico, ocorrem massivas manifestações em vários países latino-americanos.
No Peru, por exemplo, cerca de 150.000 manifestantes marcharam sobre a capital,
Lima. Nos Estados Unidos, milhares de imigrantes latinos realizaram
manifestações nas ruas de Los Angeles e São Francisco. Na Argentina a postura
antiimperialista da maioria da população ficou marcada num conjunto de
iniciativas protagonizadas pelas massas, como a suspensão dos serviços de
comunicação com o Reino Unido pelos trabalhadores telefônicos, a organização de
campanhas de coletas de dinheiro, alimentos e roupas para as tropas e a
apresentação de mais de 100 mil voluntários para combater.Por outro lado os
vizinhos regimes militares "muy amigos", se bandearam para o campo
militar da Inglaterra temendo o pequeno apoio que a Argentina recebera da
URSS.No campo da esquerda revisionista que reivindicava o trotskismo, a
corrente de maior peso no movimento operário e de massas, o então PST
(organização morenista que antecedeu o MAS, anos depois partido fundador da
LIT) defendeu a derrota militar do Reino Unido como eixo central para o
desenvolver uma mobilização de massas que, ao mesmo tempo, prepararia a luta
contra a ditadura. Essa posição estava expressa na consigna “No a la paz sin
soberania”. Os morenistas do PST afirmavam estar “no mesmo campo militar do
governo argentino, enquanto este continue a guerra contra o imperialismo”.
Hoje, a LIT que foi fundada então pelo MAS argentino passou de paladina da
correta unidade de ação militar com o carniceiro Galtieri em defesa das
Malvinas contra a agressão anglo-imperialista a Argentina no começo dos anos
80, a apologista da democracia burguesa na Venezuela atacada e sabotada pelo
imperialismo ianque. Segundo a LIT e sua família morenista (UIT), o presidente
Nicolas Maduro é um “ditador” que deveria ser derrubado por uma ampla frente
democrática opositora, o que inclui neste amálgama político os fantoches da
Casa Branca, ocupada pelo palhaço fascista Donald Trump. Passados 37 anos, a LIT que à época foi duramente criticada
por outras correntes revisionistas européias por uma suposta capitulação a um
regime militar assassino de mais de trinta mil militantes de esquerda, se
converteu hoje em partidária da “frente única circunstancial” com o
imperialismo ianque , em nome da defesa das “liberdades democráticas” e do
“combate a ditadura de Maduro ”. Estes revisionistas jogaram no lixo o ABC do
leninismo e do trotskismo, além de esquecerem as próprias lições deixadas por
Moreno, quando afirmava que “preferia estar no campo militar dos generais
facínoras do que em nome da democracia apoiar a ocupação da Argentina pela
frota imperial da Inglaterra”. Tanto há 37 anos atrás na Argentina como hoje na Venezuela a
posição dos verdadeiros marxistas revolucionários é a defesa incondicional da
nação oprimida contra a agressão imperialista, inclusive em frente única
militar com as forças do regime, tendo claro a incapacidade de qualquer
burguesia nacional em conduzir um confronto militar com o imperialismo até a
plena vitória. Esta tática deve estar baseada no princípio da mais completa
independência política dos explorados e subordinada à estratégia revolucionária
da tomada do poder pelo proletariado. Nesse sentido, a defesa de uma frente
militar com o governo Galtiere, com absoluta independência política, passava
pela criação de organismos próprios de poder proletário e a formação de
milícias armadas de voluntários, não submetidas à disciplina e à hierarquia das
reacionárias forças armadas do regime, responsáveis pelo assassinato de 30.000
lutadores. O mesmo programa se impõe na Venezuela hoje para derrotar a ameaça
colonialista do Pentágono!