“MINHA CASA, MINHA MORTE”: NOVA TRAGÉDIA EXPÕE A BARBÁRIE SOCIAL EM UM RIO DE JANEIRO CONTROLADO PELAS MILÍCIAS EXPLORADORAS DO POVO, PARCEIRAS DOS GOVERNOS BOLSONARO, WITZEL E CRIVELLA
Em mais um capítulo do ciclo de tragédias em que se encontra literalmente mergulhado o Rio de Janeiro, dois prédios desabaram em área perto de mata em
Muzema, comunidade na Zona Oeste da cidade na manhã desta sexta-feira (12). Ao
menos cinco pessoas morreram e oito ficaram feridas, além de dezenas de
desaparecidos. As construções erguidas pelas milícias em áreas de risco vieram
abaixo após a chuva que atingiu o Rio de Janeiro nesta semana. Na área, há
cerca de 60 prédios em construção na região que é dominada por milícias,
sustentadas pelos bandos militares da PM e dos Bombeiros, grupos com relação
direta com o Estado burguês e seus governos de plantão. O que caiu não foram
barracos de pobres, destes que se vê pendurados milagrosamente nas encostas do
Rio de Janeiro. Foram prédios
construídos por chefes milicianos ligados diretamente aos governos burgueses,
um poder capaz de mobilizar muito dinheiro para erguer cinco ou seis andares,
com 20 ou 30 apartamentos. Quem é que investiria milhões em obras mambembes, se
corresse o risco de vê-las embargadas, de fato, e mandadas demolir, por
irregulares e inseguras? As milícias são o poder político de fato nestes
locais, sócias destes esquemas de grilagem de terras, construções irregulares e
venda lucrativa de arapucas para quem tem pouco dinheiro e muitos sonhos. É o
Estado capitalista militarizado e completamente privatizado onde impera a força
bruta sobre o povo trabalhador indefeso, sem moradia, saúde, diversão pública.
Esses bandos armados em parceira com o clã Bolsonaro, o prefeito Crivella e o
governador Witzel dominam a venda de imóveis irregulares na região, além de
praticar agiotagem e venda ilegal de serviços como luz, gás e TV a cabo. O
chefe da milícia na Muzema é o major Ronald Paulo Alves Pereira suspeito de
envolvimento, entre tantos crimes, na morte da vereadora Marielle Franco. De
acordo os moradores, as famílias do bairro estavam preocupadas com as
consequências da chuva e as construções que não paravam. “Eles construindo sem
fim, sem parar. Uma construção atrás da outra, uma loucura. Era
retroescavadeira, explosões constantes. Só querem construir e vender”, afirmou
a moradora. A prefeitura, como representante do poder estatal, busca se isentar
da culpa apontando para o envolvimento das milícias, mas o poder paraestatal
delas só cresce sob a conivência do Estado e os interesses de políticos
burgueses que nas eleições fazem destas zonas seus feudos eleitorais. Em
resumo, a nova tragédia é expressão da barbárie social em que se encontra
mergulhado o Rio de Janeiro. Para dar um fim a esse ciclo de morte que assola a
“Cidade Maravilhosa” faz-se necessário construir o poder dos trabalhadores por
fora das instituições burguesas e seu circo eleitoral, rompendo com as ilusões
patrocinadas pelo PT e o PSOL. Para isso é necessário lutar pela construção de
casas populares gratuitas para a população trabalhadora, com os movimentos
populares ocupando os prédios do centro da cidade, exigindo sua imediata
desapropriação para fins de moradia!