terça-feira, 21 de março de 2023

GOVERNO COMUNISTA NEOLIBERAL CHINÊS VAI A MOSCOU PARA SELAR UM “SEGURO DEFESA” CONTRA OS EUA: KREMLIN QUER COMPROMISSO ESTRATÉGICO DE XI JINPING MAS AINDA É MUITO CEDO PARA PEQUIM…

O presidente chinês, Xi Jinping, está em uma visita de Estado à Rússia neste 21 de março. A convite de Putin, o dirigente do Partido Comunista que restaurou o capitalismo no país asiático, pretende demonstrar ao imperialismo ianque que poderá estreitar a cooperação militar entre as duas nações, mas para isso primeiro o Kremlin terá que abrir mão da estreita aliança com a Índia, adversária frontal de Pequim.

Rússia e China divulgaram uma declaração oficial conjunta sobre o aprofundamento da parceria global e da cooperação estratégica, após a reunião de hoje de suas respectivas delegações diplomáticas no Kremlin. Uma “carta de intenções” no primeiro momento, mas que pode se transformar em bloco sólido, a depender da ofensiva da Casa Branca sobre a área de influência e segurança chinesa, principalmente no Pacífico.

Como já assinalamos, Moscou e Pequim destacaram que suas relações “não têm caráter de bloco ou confronto e não são dirigidas contra terceiros países". É ainda uma cooperação defensiva, operada pelo governo restauracionista do PCC, que não tem o menor interesse em romper seus laços com a Governança Global do Capital Financeiro que investiu trilhões de dólares no país para definir historicamente a restauração capitalista no antigo Estado Operário.

Obviamente que em um primeiro momento a visita de Xi a Rússia tem como centro político a Guerra na Ucrânia. Após sua ação diplomática bem-sucedido em restaurar as relações entre o Irã e a Arábia Saudita, a China gostaria de fazer o mesmo no conflito entre a OTAN e o Kremlin. A China mantém relações comerciais com a Rússia, mas principalmente com a Europa e os EUA, o que constitui um importante trunfo diplomático. 

Pequim esboçou um “plano de paz“ proposto em 24 de fevereiro, tentando evitar uma vitória russa sobre os fascistas de Kiev. O presidente Volodymyr Zelensky demonstrou certo interesse em uma resolução diplomática da China, mas a recusa em mencionar a retirada das tropas russas da Ucrânia (incluindo Donbass) neste “plano de paz” significou que a iniciativa de Pequim não exigia uma humilhação total da Rússia, como pretende a Casa Branca. Por sua vez, Putin também busca um compromisso com o imperialismo, caso contrário já teria defenestrado facilmente Zelensky. Entretanto como não há um ponto comum de convergência, a via diplomática chinesa continua sendo a possibilidade de uma “trégua sem vencedores”.

Embora se apresentem como “amigos de longa data”, a cooperação entre China e Rússia é um acordo de circunstâncias, está cercado por interesses capitalistas, principalmente da indústria armamentista e está longe de se configurar como um bloco anti-imperialista, ou como sonha a esquerda reformista: parir um “mundo multipolar”.