PROTESTOS NA ÁFRICA DO SUL: GOVERNO DO CNA MERGULHADO EM PROFUNDA CRISE FRENTE A DESILUSÃO DOS TRABALHADORES COM SUA POLÍTICA DE CONCILIAÇÃO DE CLASSES
Pelo menos 87 pessoas foram presas na África do Sul por "violência pública" devido aos protestos convocados pela oposição ao governo Ramaphosa, formada em grande maioria por grupos à esquerda que romperam com o CNA e a COSATU, capitalizando o descontentamento dos trabalhadores com a política de colaboração de classes da Frente Popular. A polícia e soldados do exército foram destacados por todo o país. Milhares de manifestantes reuniram-se hoje numa praça na capital Pretória preparando-se para marchar até aos Edifícios da União, a sede do Governo, onde a polícia e as tropas estavam em patrulha, para exigirr a renúncia do presidente e sua gerência de centro-esquerda burguesa.
Milhares de outros manifestantes se reuniram em partes do país, de acordo com imagens veiculadas nos meios de comunicação locais. "Os agentes da autoridade, através da Estrutura Nacional Conjunta de Operações e Inteligência (NATJOINTS), prenderam, nas últimas 12 horas, 87 manifestantes em todo o país por crimes relacionados com violência pública", referiu a polícia sul-africana (SAPS), em comunicado esta manhã.
A África do Sul encontra-se em estado alerta máximo devido aos protestos contra os "cortes de eletricidade crónicos" e uma economia em "colapso", pedindo ainda a renúncia do Presidente Cyril Ramaphosa, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), na gerência estatal desde 1994 no país.
Pelo menos 3.400 militares do exército sul-africano (SANDF, na sigla em inglês) foram destacados desde domingo (19.03) para apoiar a Polícia na "prevenção e combate a qualquer ato de criminalidade e para manter a ordem pública".
No sábado (18.03), um tribunal de Joanesburgo ordenou que não se fechassem escolas, lojas, empresas, comércio e vias públicas com o protesto, e que não incitasse à violência. A concessionária de eletricidade sul-africana Eskom, cancelou os cortes regulares de eletricidade para esta segunda-feira.
O Presidente Ramaphosa, referindo-se ao protesto, sublinhou que uma mudança de governo na África do Sul só pode acontecer através de votação.
Os partidos políticos Congresso Pan-Africanista da Azania (PAC); Movimento de Transformação Africana (ATM); o movimento Aliança da Transformação Econômica Radical Africana (ARETA), do ex-membro expulso do ANC Carl Niehaus, e a Federação dos Sindicatos da África do Sul (SAFTU), são algumas das organizações que se juntaram aos protestos.