sexta-feira, 10 de março de 2023

MANIFESTAÇÕES DIREITISTAS NA GEÓRGIA: UMA CÓPIA DO MAIDAN UCRANIANO A SERVIÇO DA UNIÃO EUROPEIA E DOS EUA

Manifestantes foram às ruas da capital da Geórgia, Tbilisi, em 7 e 8 de março contra um projeto de lei apresentado pelo governo que visava regular a influência estrangeira (UE e EUA) sobre ONG´s e a imprensa. Diante desses protestes pro-imperialistas, a Rússia considera que os recentes acontecimentos na Geórgia lembram muito o chamado "Maidan" na Ucrânia em 2014. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. declarou que "a situação relacionada ao projeto de lei sobre agentes estrangeiros foi apenas uma desculpa para uma tentativa de mudar o governo pela força". Lavrov disse, nesse sentido, que "é muito parecido com o Maidan de Kiev. Não há dúvida de que o projeto de lei sobre o registro daquelas organizações não-governamentais que recebem fundos estrangeiros equivalentes a apenas 20% de seu orçamento foi apenas um desculpa." O chanceler russo avaliou, por outro lado, que o próprio projeto de lei "torna-se insignificante diante de como as atividades de organizações sem fins lucrativos são regulamentadas nos Estados Unidos, França, Índia e Israel".

Ele insistiu que "por violação de uma lei semelhante nos Estados Unidos, há multa de até $ 250.000 e pena de prisão de até cinco anos". Por outro lado, disse que o responsável pela Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, fez declarações que qualificou de hipócritas. "No entanto, apesar de em vários países europeus existirem as mesmas regras, regras muito mais rígidas no mesmo domínio, Borrell, sem pestanejar, afirmou que a lei que o partido Dream Georgian defendia contrariava os valores europeus e colocava um obstáculo no caminho da adesão da Geórgia à União Europeia. Em geral, essa hipocrisia é óbvia", disse Lavrov.

Ele lembrou que agora as forças que promoveram os distúrbios anunciaram que os protestos continuarão apesar de a proposta legislativa ter sido revogada.

Após dias de intensas manifestações na Geórgia, a coalizão governista do país emitiu uma declaração conjunta anunciando a retirada do projeto de lei sobre "agentes estrangeiros". O projeto foi encarado por manifestantes como um protótipo de uma outra lei análoga na Rússia que é destinada a limitar a influência ocidental no país.

O texto prevê a elaboração de uma lista de empresas ou organizações que recebam 20% ou mais de investimento internacional. Essas instituições recebem o rótulo de "agentes estrangeiros".

"Vemos que o projeto de lei adotado causou polêmica na sociedade. A máquina de mentiras soube apresentar a proposta de forma negativa e enganar uma certa parte do público. O projeto foi denominado com um rótulo falso de 'lei russa' e sua adoção em primeira leitura foi apresentado à sociedade como um afastamento do curso europeu", diz o comunicado da coalizão do governo.

Os manifestantes tentaram entrar no parlamento para interferir na votação dos deputados tendo a frase "Não à lei russa" como lema.

Os líderes ocidentais saudaram a decisão de arquivar o projeto de lei na quinta-feira (9), com o escritório da União Europeia na Geórgia dizendo que encorajou os legisladores do país “a retomar as reformas pró-UE”.

Embora a Geórgia não tenha recebido o status de candidatura à UE após solicitar a adesão em março de 2022, o Conselho Europeu expressou disposição para conceder esse status se o país implementar certas reformas neoliberais.

Enquanto isso, Moscou declarou estar monitorando de perto as chamadas “provocações” na Geórgia com “grande preocupação” depois que protestos em massa forçaram a anulação da controversa lei proposta.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que a decisão da Geórgia de retirar o projeto de lei é “repleta de provocações” e negou a influência russa ao propor o projeto de lei de “agentes estrangeiros” no estilo de Putin.

“A situação que desencadeou esses distúrbios populares e manifestações insurgentes não tem nada a ver com a Federação Russa”, disse Peskov, acrescentando que “a Rússia não tem nada a ver com isso, nem em essência, nem em forma. Não interferimos nos assuntos internos da Geórgia.”

Em vez disso, Peskov alegou a interferência dos EUA nos assuntos da Geórgia e afirmou que Washington estava “tentando diligentemente adicionar novamente um elemento anti-russo a isso”.

Os manifestantes do lado de fora do parlamento georgiano saudaram a retirada do projeto de lei, mas disseram que continuarão lutando para que seu país se junte à UE na forma de um plano de 12 pontos.

“Esta é uma vitória do nosso povo. Dispersamos muitas vezes, mas voltamos com uma ideia comum, europeia e nacional. A principal demanda desse protesto era a rejeição desse projeto de lei, mas nossa aspiração é que a Geórgia se torne membro da União Europeia”, disse Tamar Jakeli, um dos organizadores do protesto, segundo o First Channel.