EM NOME DA “$IÊNCIA”: UNIÃO EUROPEIA ESCONDE NEGOCIATA BILIONÁRIA COM A PFIZER NA COMPRA DAS VACINAS PARA COVID-19
A cada dia que passa as negociações realizadas entre a Comissão Europeia e a Pfizer sobre o maior contrato de vacina covid-19 assemelham-se menos a um “negócio normal”. A negociata fica mais evidente após o Tribunal de Contas Europeu ter publicado, um relatório denunciando que a UE se recusa a revelar quaisquer detalhes do papel pessoal da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nas conversações nebulosas com a Big Pharma. O New York Times noticiou que a líder da UE tinha trocado mensagens de texto com Albert Bourla, o chefe executivo da Pfizer, no período que antecedeu o acordo. O que está em discussão é um negócio de 35 bilhões de euros. A controvérsia gira em torno do terceiro contrato da Comissão para a vacina mRNA da BioNTech/Pfizer. Os dois contratos anteriores tinham garantido um total de até 600 milhões de doses. Mas este previa ir até às 1,8 milhões de doses, de longe o maior de todos os contratos assinados por Bruxelas. Previa a compra antecipada de 900 milhões de doses, com a opção de encomendar mais 900 milhões, para entrega em 2022 e 2023.
O contrato era significativo, tanto em termos de volume como de preço. De acordo com os detalhes vazados, as doses custaram 15,50 euros cada, no início, com o preço a subir, posteriormente, para 19,50 euros de acordo com o Financial Times, o que significa que o contrato teria um valor de cerca de 35 bilhões de euros se fosse totalmente exercido. “É o maior contrato de vacinas da covid-19 assinado pela Comissão e dominará a carteira de vacinas da UE até ao final de 2023”, observa o tribunal. Apesar deste relatório, o tribunal não pode obrigar a Comissão a divulgar as informações em falta.
Os laboratórios foram subsidiados em milhares de milhões de
euros pelos Estados e pela Comissão Europeia - que pagaram mais de dois bilhões
durante o desenvolvimento das vacinas. No entanto, a Big Pharma mantêm o
controle sobre as patentes, negociam duramente os preços com os Estados.
Apesar da investigação ter sido em grande parte paga pelos governos, as grandes empresas privadas aumentaram o preço das vacinas a seu belo prazer. A Pfizer aumentou o preço da sua vacina covid-19 em mais de um quarto e a Moderna em mais de um décimo nos últimos contratos de fornecimento da UE.