quinta-feira, 9 de março de 2023

VITORIOSA JORNADA DE GREVE GERAL NA FRANÇA: PARA DERROTAR MACRON É PRECISO NÃO DEPOSITAR NENHUMA CONFIANÇA NA BUROCRACIA SINDICAL! 

Ontem houve sérios confrontos entre manifestantes e policiais em várias cidades francesas durante o dia de luta e paralisações contra a reforma da previdência proposta pelo governo neoliberal “civilizatório” Macron. Até o final da tarde, a polícia havia feito cerca de mais de cinquenta prisões em todo o país. A França viveu o maior dia de protestos desde 2010. Mais de 300 manifestações foram convocadas em diferentes locais. A polícia estimou o número de manifestantes entre mais de um milhão e meio de trabalhadores e jovens. As estimativas da CGT são de 3,5 milhões de trabalhadores de rua.

Desde meados de janeiro é a sexta grande mobilização convocada na França contra a reforma da Previdência. A adesão à greve tem sido massiva no setor ferroviário, um dos mais mobilizados historicamente, já que apenas 20% dos trens de alta velocidade funcionaram normalmente e as conexões internacionais foram totalmente suspensas. Os grevistas bloquearam a saída de combustível em todas as refinarias da França, bem como a circulação nas vias de acesso de algumas cidades. Os caminhoneiros decidiram cortar algumas das estradas principais.

A greve dos controladores de tráfego aéreo fez com que entre 20 e 30 por cento dos voos fossem suspensos em cidades como Paris, Bordéus, Lille ou Lyon.No setor de energia, os trabalhadores conseguiram retirar da rede um total de 9,9 gigawatts de produção de eletricidade de usinas nucleares, térmicas e hidrelétricas, o que equivale a aproximadamente 18% da produção total.

Outro dos setores sociais onde a greve mais se alastrou é o da educação, onde muitas aulas foram suspensas, poucos alunos foram às salas de aula e estima-se que mais de 30 por cento dos professores não tenham ido ao trabalho. Quase mil manifestantes ergueram barricadas em Paris, em Port-Royal, por volta das 16h00, para impedir as investidas policiais. Os ativos então atacaram e queimaram duas agências bancárias.

Em Nantes, onde a manifestação reuniu entre 30.000 (segundo a polícia) e 75.000 pessoas (segundo os sindicatos), projéteis e gás lacrimogêneo foram disparados no centro da cidade, uma hora após o início da manifestação.A marcha seguiu até a ilha de Nantes, onde os manifestantes ergueram várias barricadas com material de um canteiro de obras. A polícia prendeu 11 pessoas durante a manifestação, a mais tensa desde o início do movimento contra a reforma da previdência em Nantes. 

Em Rennes a manifestação transformou-se rapidamente num confronto entre a polícia e os manifestantes, que atiraram tinta, queimaram contentores e colocaram barricadas nas ruas, quebrando as vidraças dos centros comerciais. A noite, cerca de 200 manifestantes bloquearam a rodovia nacional que sai de Rennes com barricadas e filas de carrinhos de supermercado, às vezes incendiados, antes de serem despejados pela polícia. Além desse corte, vários comércios foram saqueados, entre eles uma loja de iluminação e um posto de gasolina. Em Guingamp também houve sérios confrontos de rua entre a polícia e os manifestantes. Um manifestante ficou gravemente ferido.

É preciso impulsionar mais o movimento nacional grevista e não dispersar as forças. Para essa tarefa é fundamental a organização popular e de base e não depositar nenhuma confiança política na burocracia sindical e na traidora esquerda reformista.