Roberto Amaral, vice-presidente
do PSB e “guardião” do viés de “esquerda” do partido, acusa a anturragem
Marineira de neoliberal
Um pouco antes do “velho”
nacionalista Miguel Arraes morrer (2005), único governador preso e cassado
pelos militares golpistas de 64, encarregou seu homem de confiança e
companheiro leal do bloco “autêntico” do antigo MDB, Roberto Amaral, de tentar
manter pelo menos um viés de “esquerda” burguesa ao PSB, partido que recém
controlava após sua saída do PMDB em 90. O receio do experiente ex-governador
de Pernambuco por três gestões era plenamente justificado, o PSB não possuía o
menor escopo ideológico socialista, poderia facilmente se transformar em uma
legenda burguesa de aluguel, dominada por oligarquias reacionárias do nordeste.
Também preocupava Arraes o fato de que com sua morte assumiria o controle do
partido, por herança política, seu neto Eduardo Campos, um jovem parlamentar
sem a menor vinculação com a esquerda e tampouco com os movimentos sociais. Por
estes motivos Roberto Amaral assumiu no PSB a função de “guardião”, uma espécie
de quadro dirigente encarregado de manter o perfil progressista do partido.
Campos hoje controla o PSB com “mão de ferro” apoiado no peso do governo de
Pernambuco, e vem se esforçando para desfigurar o caráter de “esquerda” do
partido herdado do avô. Depois de lotear o PSB entre as oligarquias mais
retrógradas e corruptas do Nordeste, como os Gomes no Ceará e os Maia no Rio
Grande do Norte, Campos agora abriu seu partido para um grupo político que
representa os interesses mais agressivos do imperialismo e capital financeiro
no país, estamos obviamente nos referindo ao REDE da eco-neoliberal Marina
Silva. A “pobre” ex-senadora que comprou um jato particular pela “bagatela” de
38 milhões de Reais, ao elaborar seu programa econômico de governo não
dissimulou suas intenções, cercando-se da “nata” de assessores privatistas da
era FHC como Lara Rezende e Gianetti. Temeroso de que o PSB venha a se
transformar em sigla da direita fundamentalista, Amaral rompeu o “pacto de
silêncio” e resolveu detonar a anturragem Marineira, elaborando o seguinte
recado: “De um lado estará o nosso adversário estratégico, o campo conservador,
que trabalha sob o marco da tragédia que foi o governo neoliberal de FHC,
definido como exemplar por Mailson, Malan, Armínio Fraga, Lara Rezende,
Gianetti e outros, incensados no cotidiano pela mídia vassala. Do outro lado, o
campo progressista” (sitio pessoal, www.ramaral.com). Amaral só não teve a
coragem de afirmar que o tal “campo conservador” está hoje parcialmente
entrincheirado na candidatura de Eduardo&Marina, que disputa com o Tucanato
a primazia da reação política.