40 ANOS DA CUT: A ENTIDADE HOJE É UM COVIL DE BUROCRATAS
SINDICAIS RICOS E VENDIDOS AO GOVERNO BURGUÊS DA FRENTE AMPLA
Por: HYRLANDA MOREIRA - ex-membro da Direção Executiva da CUT
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) celebra neste 28 de
agosto seus 40 anos de fundação. Fundada no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo,
durante a ditadura militar na época sob o comando do general Figueiredo e
opondo-se, via o chamado “novo sindicalismo”, aos pelegos do PCB, PCdoB e MR-8,
a CUT hoje está completamente integrada ao Estado capitalista após os mandatos
do PT no governo central. Durante os mandatos de Temer e Bolsonaro não esboçou qualquer
reação aos governos direitistas, sendo apenas um apêndice eleitoral do Lulopestitismo.
A entidade hoje é um covil de burocratas sindicais ricos e vendidos ao governo
burguês da frente ampla de Lula&Alckmin. A CUT não tem quase poder de
reação operária pelos seguidos anos de sua política de colaboração de classes.
Enquanto o ascenso das greves operárias no final dos anos 70
provocou o nascimento da CUT, uma central operária que centralizava a luta dos
trabalhadores contra a ditadura militar, defendendo liberdade e autonomia
sindical, significando um acontecimento histórico progressivo, a ascensão do
governo de frente popular do PT, por sua vez, foi um acontecimento político
importante porque completou o processo de integração e cooptação política e
material da CUT ao Estado burguês. Tal fato representou também um marco
histórico que decretou a morte e a falência política dessa entidade como instrumento
de luta das massas exploradas.
Coube, por exemplo, ao VIII CONCUT em 2003 inaugurar essa nova etapa histórica em que a CUT dá um salto de qualidade no caráter de classe da Central. Se antes a CUT era um braço sindical do PT no movimento de massas, depois das gestões da Frente Popular ela consolidou-se como uma sucursal do próprio governo petista, intervindo como guardiã dos interesses econômicos e políticos da burguesia.
Esse ciclo se “encerrou” com o Golpe Institucional
contra Dilma em 2016. Depois a CUT atuou como uma das protagonistas da oposição
consentida ao governo de Bolsonaro. Agora voltou a se integrar completamente ao
governo Lula&Alckmin.
Desde o primeiro mandato de Lula, a CUT se transformou em
uma autarquia no Ministério do Trabalho, integrada orgânica e materialmente ao
governo da frente popular. Não é à toa que abandonou a luta pela reposição e
aumentos salariais, estabilidade no emprego, passando a abraçar as propostas da
burguesia industrial paulista como “crescimento econômico”, reivindicando
mudanças na política econômica do governo, como redução de taxa básica de juros
e isenção de impostos para o setor automotivo. Sem nenhum constrangimento, a
CUT apoiou as reformas previdenciária, universitária, sindical e trabalhista do
governo Lula que subtraíram direitos históricos dos trabalhadores e estudantes,
além de representar, no caso da reforma sindical, a regulamentação legal do
Estado para garantir à CUT o controle completo sobre os sindicatos, combinando
centralização burocrática com a política de defesa dos interesses do capital.
A CUT, que neste momento comemora seus 40 anos, indicando seus “quadros” para assumirem postos-chaves no governo burguês da frente popular de Lula&Alckmin, o mesmo que ataca os trabalhadores.
Diante disso, é necessário buscar uma intervenção independente das massas exploradas, capaz de romper as mordaças das direções governistas ao movimento operário, estudantil e popular, cujas greves e mobilizações dispersas são criminosamente abortadas. Esta situação, contraditoriamente, também abre uma possibilidade histórica que aponta para um processo de reorganização sindical e política que implica no reagrupamento de forças para superar a paralisia do movimento operário e popular.
Neste sentido,
a LBI, que foi a primeira organização a denunciar o caráter paraestatal da CUT,
ao contrário daqueles que vendiam a farsa da “autonomia crítica” das entidades
em relação ao primeiro governo Lula, tendo convocado toda a vanguarda classista e
combativa do país a romper a CUT e iniciar o processo de construção de um polo sindical revolucionário, cujo
caráter de frente única deve nuclear todos os setores explorados numa mesma
perspectiva de classe para derrotar o governo da frente popular e suas medidas
antioperárias.
A ascensão da frente popular ao gerenciamento do Estado burguês foi o golpe de misericórdia no espectro político de uma CUT que já há algum tempo tinha consolidado seu “espaço” burocrático, impermeável à luta das tendências classistas que ainda habitavam seu interior.
Nós, da LBI, fomos
pioneiros em caracterizar este processo e propor a construção de uma nova
central, classista e independente dos patrões e seus capatazes da frente
popular. Estávamos balizados não só por um “desejo”, mas sim pelo surgimento de
toda uma nova vanguarda sindical e popular em clara rota de choque com os pelegos da CUT que tinham transformado a central em uma autarquia
semiestatal, conselheira de “esquerda” do governo monetarista e
pró-imperialista do PT.
Hoje, mais do que nunca, quando a CUT celebra seus 40 anos, faz-se necessário travar uma vigorosa delimitação programática com todas as variantes frente-populistas, além da inevitável disputa política no interior do movimento operário e popular em defesa da ruptura com a CUT, que deverá ser fruto não de uma manobra superestrutural de forças políticas centristas, mas sim produto das discussões e resoluções de um Congresso Nacional de Base do movimento de massas, convocado ampla e democraticamente, para preparar um plano de lutas com um eixo ofensivo de classe que, partindo das reivindicações históricas dos trabalhadores.
Sabemos que não é tarefa fácil, ao contrário, trata-se de um hercúleo desafio que depende fundamentalmente da capacidade dos setores que não se vergaram à cooptação sindical e da disposição daqueles que fizeram a experiência no interior da Conlutas e sabem que ela está completamente esgotada como ferramenta de organização classista dos trabalhadores.
Neste combate, a LBI não poupará esforços políticos no sentido de agrupar em torno de uma plataforma revolucionária todas as oposições classistas e coletivos revolucionários que estejam dispostos a estabelecer uma frente única para apresentar esse reagrupamento como um canal de expressão política às lutas dos setores operários mais explorados contra o governo burguês da Frente Ampla!
Ao contrário de apostar na pressão sobre o parlamento como defende a CUT e a Conlutas, uma política de colaboração de classes que vai nos levar a derrota em nome de fazer apenas alguns ajustes cosméticos da reforma neoliberal exigida pelos rentistas como o Arcabouço Fiscal, é necessário engajar a vanguarda classista na Oposição Operária e Revolucionária Lula&Alckmin.