segunda-feira, 28 de agosto de 2023

40 ANOS DA CUT: A ENTIDADE HOJE É UM COVIL DE BUROCRATAS SINDICAIS RICOS E VENDIDOS AO GOVERNO BURGUÊS DA FRENTE AMPLA

Por: HYRLANDA MOREIRA - ex-membro da Direção Executiva da CUT

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) celebra neste 28 de agosto seus 40 anos de fundação. Fundada no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo, durante a ditadura militar na época sob o comando do general Figueiredo e opondo-se, via o chamado “novo sindicalismo”, aos pelegos do PCB, PCdoB e MR-8, a CUT hoje está completamente integrada ao Estado capitalista após os mandatos do PT no governo central. Durante os mandatos de Temer e Bolsonaro não esboçou qualquer reação aos governos direitistas, sendo apenas um apêndice eleitoral do Lulopestitismo. A entidade hoje é um covil de burocratas sindicais ricos e vendidos ao governo burguês da frente ampla de Lula&Alckmin. A CUT não tem quase poder de reação operária pelos seguidos anos de sua política de colaboração de classes.

Enquanto o ascenso das greves operárias no final dos anos 70 provocou o nascimento da CUT, uma central operária que centralizava a luta dos trabalhadores contra a ditadura militar, defendendo liberdade e autonomia sindical, significando um acontecimento histórico progressivo, a ascensão do governo de frente popular do PT, por sua vez, foi um acontecimento político importante porque completou o processo de integração e cooptação política e material da CUT ao Estado burguês. Tal fato representou também um marco histórico que decretou a morte e a falência política dessa entidade como instrumento de luta das massas exploradas.

Coube, por exemplo, ao VIII CONCUT em 2003 inaugurar essa nova etapa histórica em que a CUT dá um salto de qualidade no caráter de classe da Central. Se antes a CUT era um braço sindical do PT no movimento de massas, depois das gestões da Frente Popular ela consolidou-se como uma sucursal do próprio governo petista, intervindo como guardiã dos interesses econômicos e políticos da burguesia. 

Esse ciclo se “encerrou” com o Golpe Institucional contra Dilma em 2016. Depois a CUT atuou como uma das protagonistas da oposição consentida ao governo de Bolsonaro. Agora voltou a se integrar completamente ao governo Lula&Alckmin.

Desde o primeiro mandato de Lula, a CUT se transformou em uma autarquia no Ministério do Trabalho, integrada orgânica e materialmente ao governo da frente popular. Não é à toa que abandonou a luta pela reposição e aumentos salariais, estabilidade no emprego, passando a abraçar as propostas da burguesia industrial paulista como “crescimento econômico”, reivindicando mudanças na política econômica do governo, como redução de taxa básica de juros e isenção de impostos para o setor automotivo. Sem nenhum constrangimento, a CUT apoiou as reformas previdenciária, universitária, sindical e trabalhista do governo Lula que subtraíram direitos históricos dos trabalhadores e estudantes, além de representar, no caso da reforma sindical, a regulamentação legal do Estado para garantir à CUT o controle completo sobre os sindicatos, combinando centralização burocrática com a política de defesa dos interesses do capital.

A CUT, que neste momento comemora seus 40 anos, indicando seus “quadros” para assumirem postos-chaves no governo burguês da frente popular de Lula&Alckmin, o mesmo que ataca os trabalhadores. 

Diante disso, é necessário buscar uma intervenção independente das massas exploradas, capaz de romper as mordaças das direções governistas ao movimento operário, estudantil e popular, cujas greves e mobilizações dispersas são criminosamente abortadas. Esta situação, contraditoriamente, também abre uma possibilidade histórica que aponta para um processo de reorganização sindical e política que implica no reagrupamento de forças para superar a paralisia do movimento operário e popular. 

Neste sentido, a LBI, que foi a primeira organização a denunciar o caráter paraestatal da CUT, ao contrário daqueles que vendiam a farsa da “autonomia crítica” das entidades em relação ao primeiro governo Lula, tendo convocado toda a vanguarda classista e combativa do país a romper a CUT e iniciar o processo de construção de um polo sindical revolucionário, cujo caráter de frente única deve nuclear todos os setores explorados numa mesma perspectiva de classe para derrotar o governo da frente popular e suas medidas antioperárias.

A ascensão da frente popular ao gerenciamento do Estado burguês foi o golpe de misericórdia no espectro político de uma CUT que já há algum tempo tinha consolidado seu “espaço” burocrático, impermeável à luta das tendências classistas que ainda habitavam seu interior. 

Nós, da LBI, fomos pioneiros em caracterizar este processo e propor a construção de uma nova central, classista e independente dos patrões e seus capatazes da frente popular. Estávamos balizados não só por um “desejo”, mas sim pelo surgimento de toda uma nova vanguarda sindical e popular em clara rota de choque com os pelegos da CUT que tinham transformado a central em uma autarquia semiestatal, conselheira de “esquerda” do governo monetarista e pró-imperialista do PT.

Hoje, mais do que nunca, quando a CUT celebra seus 40 anos, faz-se necessário travar uma vigorosa delimitação programática com todas as variantes frente-populistas, além da inevitável disputa política no interior do movimento operário e popular em defesa da ruptura com a CUT, que deverá ser fruto não de uma manobra superestrutural de forças políticas centristas, mas sim produto das discussões e resoluções de um Congresso Nacional de Base do movimento de massas, convocado ampla e democraticamente, para preparar um plano de lutas com um eixo ofensivo de classe que, partindo das reivindicações históricas dos trabalhadores. 

Sabemos que não é tarefa fácil, ao contrário, trata-se de um hercúleo desafio que depende fundamentalmente da capacidade dos setores que não se vergaram à cooptação sindical e da disposição daqueles que fizeram a experiência no interior da Conlutas e sabem que ela está completamente esgotada como ferramenta de organização classista dos trabalhadores.

Neste combate, a LBI não poupará esforços políticos no sentido de agrupar em torno de uma plataforma revolucionária todas as oposições classistas e coletivos revolucionários que estejam dispostos a estabelecer uma frente única para apresentar esse reagrupamento como um canal de expressão política às lutas dos setores operários mais explorados contra o governo burguês da Frente Ampla! 

Ao contrário de apostar na pressão sobre o parlamento como defende a CUT e a Conlutas, uma política de colaboração de classes que vai nos levar a derrota em nome de fazer apenas alguns ajustes cosméticos da reforma neoliberal exigida pelos rentistas como o Arcabouço Fiscal, é necessário engajar a vanguarda classista na Oposição Operária e Revolucionária Lula&Alckmin.