BRICS: OS QUE ENTRAM E OS QUE FICAM FORA DO “CAMPEONATO”… PORÉM A CHINA É A ÚNICA A GANHAR O JOGO…
Seis países foram aceitos no “Clube Brics”, que até agora parecia fechado aos cinco originários. Entre eles estão dois do continente africano, Egito e Etiópia, além de Argentina, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Surpreendentemente, a candidatura argelina foi rejeitada devido à oposição da Índia. A expansão do suposto bloco econômico, na realidade está muito distante de ser um verdadeiro bloco comum, como a União Europeia ou mesmo o esquálido Mercosur, serve diretamente aos interesses comerciais chineses que utilizam exclusivamente o banco de fomento dos Brics para financiar projetos capitalistas privados de sua neófita burguesia. O Brics não tem uma política cambial comum, não tem regras tarifárias de exportação comum, não tem uma política industrial coordenada, não possuem um projeto agro-mineral conectado entre si, enfim o “Clube” é apenas uma incipiente articulação de negócios, para estabelecer uma pressão sobre os EUA, e pior é que se propõe a ser parceira do FMI e dos organismos financeiros imperialistas.
Os Brics , através do comando do governo “comunista” chinês, conseguiram encontrar um terreno comum em torno dos critérios de entrada e dos candidatos a aceitar, uma vez que a eleição teve de ser feita por unanimidade. Obviamente o Brasil se opunha a ampliação do Clube, porque enxergava que os poucos projetos de financiamento de empreendimentos chineses em seu país vão ficar mais escassos ainda.
A decisão de ampliar não é “histórica”, como anuncia a mídia chapa branca (do Brasil e dos outros governos) e certamente transformará a já reduzida dinâmica do grupo, com a incorporação de países que variam muito em termos de economias e afinidades políticas.
Talvez em um paralelo histórico os Brics correm o mesmo risco que o “Movimento
dos Não-Alinhados”, que fracassou porque dentro dele havia de “tudo um pouco”.
A questão é analisar os motivos pelos quais uns entram e outros não. Alguns são óbvios, como o caso do Irã, grande produtor de petróleo. Outros são mera propaganda, como a Argentina. Parece também evidente que foi a China quem introduziu o Egito e a Etiópia, dois países endividados “até às sobrancelhas”, por razões estratégicas: controle do Canal de Suez, do Mar Vermelho, e do “Chifre da África” e, em última análise, do Oceano Índico. A Argélia e o Mediterrâneo Ocidental estão fora do foco de influência dos Brics.
De resto, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, explicou honestamente a participação do seu país nos Brics: a colaboração com certos países (China, Rússia) não nos impede de manter boas relações com outros (os Estados Unidos).
Os Brics não formam um bloco e muito menos se opõem às potências imperialistas ocidentais. Embora tenha um pequeno banco próprio, com um caixa apenas para financiamento de projetos capitalistas chineses, também não é uma organização comum econômica. É apenas uma válvula de escape contra a pressão sufocante da Nova Ordem Mundial do Capital Financeiro, que diga-se de passagem a China “sonha” em chefiar…