quarta-feira, 30 de agosto de 2023

GABÃO INSURGENTE: GOLPE MILITAR ACABA COM A FARSA ELEITORAL PARA FAVORECER O IMPERIALISMO FRANCÊS 

Há alguns dias escrevíamos sobre às rebeliões africanas contra o imperialismo europeu. Agora foi a vez do Gabão se rebelar. Neste país se processou um golpe militar em consequência do anseio popular para dar um fim ao “aparelho de propaganda” dos colonialistas franceses, que interferiam fraudulentamente nas eleições presidenciais a favor do seu candidato fantoche, o oligarca corrupto Ali Bongo.

As eleições foram fraudadas a favor de Bongo e um golpe militar foi desferido esta manhã de quarta-feira (30/08). Desde o anúncio da reeleição de Bongo, hoje cedo, os soldados anularam as eleições e ordenaram a dissolução das instituições do regime títere. Os militares afirmaram que querem “acabar com o regime atual” e fecharam as fronteiras do país até novo aviso. Na capital, Libreville, há trocas de tiros com armas automáticas.

O general Brice Oligui Nguema, chefe da Guarda Republicana, lidera o golpe de Estado. A televisão pública transmite um “comunicado de imprensa” lido por um coronel rodeado por oficiais da Guarda Republicana anunciando que o velhaco Bongo está em prisão domiciliar.

Ex-colónia francesa, o Gabão não teve mais de três presidentes desde a sua independência em 1960. Foi liderado durante mais de 41 anos por Omar Bongo Ondimba, até que o seu filho, Ali, foi eleito após a sua morte em 2009. A família Bongo é, portanto, a pilar do neocolonialismo francês na África.

A família de Ali Bongo está envolvida na política burguesa do país há mais de 50 anos. O seu pai, Omar Bongo, governou o Gabão com mão de ferro durante mais de 40 anos, até à sua morte em 2009, quando foi sucedido por Ali Bongo.

Os Bongos aparecem no elenco corrupto dos “Pandora Papers”.  A família controlava duas empresas de fachada, cujos fins são desconhecidos, nas Ilhas Virgens Britânicas e 9 dos seus filhos são arguidos numa investigação levada a cabo desde 2010 pelos tribunais franceses pelos “bens mal adquiridos” e imóveis adquiridos em França com dinheiro público desviado no Gabão.

O dinheiro veio, entre outras fontes, de subornos pagos pela petrolífera Elf, hoje Total. Um país muito rico, uma população muito pobre. O imperialismo francês está a desmoronar como um castelo de cartas no Continente Negro e não tem meios para sustentar a sua política de guerra.

A atual série de golpes de Estado anti-imperialistas na África está diretamente relacionada com as farsescas “Primaveras Árabes” e com a crise provocada pela OTAN na Líbia em 2011. É uma virada irreversível. 

Os países submetidos à França desde a sua independência foram libertados um após o outro. Depois do Mali, do Burkina Faso, da República Centro-Africana e do Níger, é a vez do Gabão, outro país francófono da África Central que prevê uma série de golpes de Estado nos próximos dias e semanas, com um efeito dominó que afetará inevitavelmente todos os países membros da CEDEAO.

Não é coincidência que Macron tenha ameaçado os seus governos vassalos na África Ocidental, instando-os a intervir militarmente no Níger antes que eles próprios sofram o mesmo destino.

O Gabão é um dos países mais ricos de África em termos de PIB per capita (8.820 dólares em 2022), graças, em particular, ao seu petróleo, madeira e manganês, e a uma pequena população (2,3 milhões). Está entre os primeiros produtores de petróleo bruto na África Subsaariana. Em 2020, representava 38,5 por cento do seu PIB e 70,5 por cento das suas exportações. Apesar da sua riqueza natural, um terço da população vive abaixo do limiar da pobreza. Agora a tarefa dos Marxistas Leninistas é impulsionar a ação anti-imperialista das massas africanas rumo a revolução socialista!