terça-feira, 22 de agosto de 2023

BRICS: LULA E A ESTRATÉGIA CONTRA-REVOLUCIONÁRIA DE UM MUNDO CAPITALISTA “MULTIPOLAR” COEXISTINDO EM HARMONIA COM O IMPERIALISMO IANQUE

O velho pelego Lula afirmou, nesta terça-feira (22/08), durante sua live semanal “Conversa com o Presidente”, na África do Sul onde ocorre a reunião dos BRICs, que “A gente não quer ser contraponto ao G7, a gente não quer ser contraponto ao G20, a gente não quer ser contraponto aos Estados Unidos”. Os governos populistas de “esquerda” que encabeçam os BRICS estão muito longe de pretenderem estabelecer alguma resistência real a poderosa ofensiva imperialista em curso contra os povos e nações oprimidas. Como governos capitalistas lacaios reproduzem em seus próprios países a destruição das conquistas nacionais e operárias que amortece a luta de classes. A esquerda reformista que patrocina ilusões no caráter “alternativo” dos BRICS, deve explicações a classe operária da Líbia, país arrasado pela sanha imperialista, que contou com a “neutralidade” criminosa dos governos “bricianos”. Nesta reunião dos BRICS em curso aponta que devem seguir na mesma trilha da covardia política e impotência militar diante da guerra imperialista da OTAN na Ucrânia. Por sua vez, segundo os dirigentes do Brics no momento, o bloco está focado em promover o comércio direto usando as moedas nacionais dos países membros e os projetos de desenvolvimento apoiados pelo Brics continuam dependentes do dólar. Um gesto simbólico que coloca por terra a ilusão disseminada pelos reformistas, que já abdicaram há muito tempo do combate anti-imperialista, que o tal “mundo multipolar” capitalista seria antagônico aos interesses da Governança Global do Capital Financeiro.

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O próprio Lula anteriormente não deixou de fazer a apologia de uma “Nova Governança Mundial”, instigando o PC chinês a assumir um maior protagonismo político na arena internacional, diante da hegemonia absoluta dos EUA nos últimos 30 anos. Acontece que a realidade concreta da luta de classes está muito longe da tradicional demagogia populista do Lulopetismo, agora abraçada integralmente pelo conjunto da esquerda domesticada pelo capital financeiro. 

Em primeiro lugar é preciso “esclarecer” aos reformistas que a China não pretende nem de longe acabar ou enfraquecer o dólar. O governo do PCC é o maior comprador de dólar em todo mundo, o próprio FED (Banco Central dos EUA) reconhece que a China é o seu maior cliente, proprietária da maior reserva cambial em dólar depositada na instituição, ficando praticamente no mesmo patamar da Casa Branca, a emissora da moeda. Se não bastasse essa “forcinha” dada ao dólar pelos chineses, os imperialistas ianques também retribuem esta “generosidade” como o maior investidor econômico global no gigante asiático. 

O “sonho chinês” de se configurar como a nova “sede” da Governança Global do Capital Financeiro (no momento já é o coração global da indústria) depende muito mais da própria decadência do imperialismo ianque do que da autonomia política e econômica dos burocratas ditos “comunistas” em relação ao poder do rentismo internacional.

A defesa enfática que Lula faz da “paz” na guerra da Ucrânia, não passa de um chamado dissimulado para a rendição total da Rússia, nos marcos dos “Acordos de Minsk”, impostos pela OTAN em 2014 no curso da chamada “Revolução Colorida”. 

No lado da diplomacia brasileira, o Governo da Frente Ampla, mostrando-se totalmente submisso ao imperialismo ianque, advoga pela retirada total das forças militares russas das regiões ucranianas recuperadas dos fascistas de Kiev. 

Voltando a ilusão difundida pela esquerda reformista de um novo “mundo multipolar”, onde o dólar deixe de “reinar” sobre o planeta, é muito fácil compreender a ênfase dada por Lula, e também por dezenas de outros governos neoliberais, sobre uma nova relação cambial entre os países, e essa questão não tem nada de revolucionária ou mesmo anti-imperialista, trata-se de um ângulo meramente comercial. 

Não por acaso a China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, em 2022, importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, especialmente soja e minérios, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional, como existe um superávit para o Brasil seria muito mais vantajoso que fosse pago em uma moeda que não fosse o dólar, fugindo desta forma da forte desvalorização cambial provocada pela instabilidade da moeda norte-americana no mercado financeiro internacional. 

Obviamente, se o governo brasileiro acumular em sua cesta de moedas internacionais uma boa quantidade de yuans, poderá comprar um volume maior de mercadorias chinesas do que se pagasse a mesma quantidade em dólar a Pequim, da mesma forma que o contrário também é verdadeiro.

A China não é somente o principal e maior parceiro comercial do Brasil, também é dos principais países do mundo, incluindo os EUA! O comércio entre os dois países aumentou para US$ 39,7 bilhões somente em abril, alta de mais de 40% em relação ao mês anterior, superando México e Canadá. 

Somente midiotas ou ignorantes completos em conjuntura mundial, podem caracterizar a movimentação econômica e comercial da China das últimas três décadas como “anti-imperialista”, isso sem falar de sua orientação política internacional, totalmente alinhada com a Casa Branca nos principais fatos da luta de classes (Iraque, Líbia, Síria, África), excluindo é claro a questão nacional de Taiwan. 

Não precisamos neste breve artigo lembrar a posição chinesa na mega produção global da farsa da pandemia Covid, onde em estreita colaboração com o Deep State ianque, Fórum de Davos e Big Pharma/Tech, patrocinaram o ingresso da Nova Ordem Mundial sob os auspícios da Governança Global do Capital Financeiro. Portanto não há nenhum aspecto revolucionário para o proletariado mundial ou chinês na “Rota da Seda”, ou na pretendida “equalização“ entre dólar e yuan no mercado cambial do planeta. 

As aspirações chinesas de desenvolver um novo “imperialismo não voraz e humanitário”, que ainda estão longe de se materializar, não são de forma alguma um fator progressista para a classe operária mundial, trata-se de uma estratégia contra-revolucionária que hoje domina a reunião dos Brics na África do Sul.