terça-feira, 12 de setembro de 2023

FURACÃO “DANIEL” ATINGE A LÍBIA: UMA VERDADEIRA CATÁSTROFE SOCIAL PROVOCADA PELOS GENOCIDAS DA OTAN

A principal responsabilidade pelo desastre natural provocado pelo furacão “Daniel” que atingiu a Líbia, e que rapidamente se transformou em um gigantesco genocídio social, ceifando a vida de cerca de 20 mil cidadãos líbios, cabe às potências imperialistas da OTAN, cuja guerra de rapina em 2011 contra o regime burguês nacionalista de Muammar Gaddafi destruiu completamente a infraestrutura do país.

Um dos países mais ricos e desenvolvidos do norte da África em 2010, agora um terço da população da Líbia vive abaixo do limiar da absoluta pobreza. O seu PIB per capita é menos de um terço do que era às vésperas da guerra do saque imperialista, perpetrado sob maquiagem da farsesca “Revolução da Primavera Árabe”. A infraestrutura do país ficou em ruínas. De uma população de 6,7 milhões de habitantes, quase 1 milhão necessitam agora de assistência humanitária.

Além de lançar mais de 7.000 bombas e mísseis, a intervenção da OTAN baseou-se em forças islâmicas reacionárias e fundamentalistas. O caos social e político criado pela derrubada do regime nacionalista e pelo linchamento covarde de Kaddafi, deixou a Líbia em um estado fraturado e terminal.

O oeste do país é controlado a partir de Trípoli pelo Governo de Unidade Nacional liderado pelo primeiro-ministro Abdul Hamid Dbeibeh, enquanto o leste é dominado a partir de Sirte pelo Governo rival de Estabilidade Nacional liderado pelo Primeiro-Ministro Osama Hammad, apoiado pelo Exército Nacional Líbio de Khalifa Haftar. Os dois blocos de poder militar, e as várias facções dentro deles, são cortejados e manipulados de diversas maneiras por potências imperialistas, como os EUA e UE.

Praticamente nada foi fornecido pelo imperialismo para reconstruir a Líbia, muito pelo contrário a pirataria ocidental aumentou sua intensidade. Um relatório da organização de notícias digital “Middle East Eye”, em 2019 chamou a atenção para o fato da Grã-Bretanha ter gasto 320 milhões de libras bombardeando o país, contra 15 milhões de libras em “ajuda humanitária” nos quatro anos seguintes. As potências capitalistas europeias tratam a Líbia como uma fronteira do oeste selvagem, contratando bandos cruéis de “guardas costeiras” para interceptar refugiados e impedir a sua entrada na “Fortaleza Europa”.

O dinheiro do rentismo financeiro que entra no país é utilizado na exploração da sua vasta riqueza em petróleo e gás. Em Novembro passado, a “National Oil Corporation” da Líbia concedeu à “British Petroleum” e à empresa italiana “Eni” o direito de perfurar no oeste do país e ao largo da sua costa nordeste, perto da área inundada, um mega projeto de 800 milhões de dólares.

Os crimes do imperialismo norte-americano e dos seus aliados europeus subalternos, deixaram a classe trabalhadora e os pobres camponeses da Líbia expostos aos desastres naturais, mas principalmente a crise capitalista global. Os milhares de mortos na Líbia testemunham o caráter sociocida de um modo de produção capitalista em sua etapa de agonia mortal. Longe de enfrentar a ameaça dos desastres naturais, tudo o que as potências imperialistas podem proporcionar aos povos oprimidos é a miséria extrema e a guerra de rapinagem.