O 11 DE SETEMBRO NOS EUA: A PIOR HUMILHAÇÃO INFRINGIDA A UMA
“SUPERPOTÊNCIA” IMPERIALISTA
Ontem foi o 22º aniversário do ataque ao World Trade Center e ao Pentágono, conhecido como 11/Setembro. Uma geração de jovens de 22 anos cresceu depois do 11 de setembro e o acontecimento provavelmente não significa nada para eles. Ficam sabendo que foi um ataque à “Grande América”, como o ataque japonês a Pearl Harbor na Segunda Guerra Mundial. É pouco provável que alguém com menos de 30 anos esteja muito preocupado com o 11 de setembro. Uma pessoa com 30 anos hoje teria 8 em 2001 e provavelmente rejeitaria as preocupações com o 11 de setembro como um sinal do declínio do Império Ianque.
Há exatos 22 anos, ocorria o 11 de Setembro nos EUA, com o Talibã impondo uma humilhação histórica ao imperialismo ianque. Os ataques as Torres Gêmeas que abrigavam várias corporações financeiras e também um dos maiores escritórios da CIA em território norte-americano, assim como ao quartel general do Pentágono em Washington, foi uma resposta militar ao terrorismo imperialista realizado por organizações fundamentalistas com meios militares não convencionais.
Os reformistas em geral e os revisionistas em particular, além da mídia a soldo do capital, continuam adeptos até hoje da “tese” de que se tratou de um atentado terrorista reacionário promovido por bárbaros muçulmanos contra o povo norte-americano. Mais de duas décadas depois os EUA passam outro vexame com a retirada humilhante às pressas de suas tropas do Afeganistão, foi o reconhecimento de uma derrota histórica do imperialismo ianque.
A esquerda social-democrata nesses dois episódios marcantes da luta de classes ficou vergonhosamente ao lado do Pentágono, enquanto os Marxistas Revolucionários da LBI estiveram na trincheira da resistências dos povos árabes e muçulmanos, com independência política da sua direções teocráticas porque compreendemos que tanto no 11 de Setembro de 2001 nos EUA como no Afeganistão em 2021, o imperialismo ianque foi golpeado o que fortalece a luta revolucionária do proletariado mundial.
A LBI
foi a única organização Trotskista no planeta a não pedir a “cabeça” do Talibã
após ao ataque às Torres Gêmeas no 11 de Setembro e tampouco se perfilar com as
tropas imperialistas na defesa da invasão do Afeganistão em 2001, saudamos
agora vigorosamente a atual derrota da Casa Branca, como uma primeira vitória
de todos os povos oprimidos do mundo, sem tampouco depositar ilusões políticas
no caráter burguês e fundamentalista do movimento islâmico que acaba de tomar o
poder estatal no país secularmente oprimido pelas grandes potências mundiais.
Recordemos que logo depois do ataque ao coração do monstro imperialista se formou uma enorme frente política mundial para combater a “ousadia” dos “fanáticos fundamentalistas orientais” da Al Qaeda, que em nossa avaliação responderam na mesma moeda com que os EUA “tratava” o povo muçulmano. Vale ressaltar que o 11 de setembro foi precedido de bombardeios ianques ao Afeganistão, cujo governo do Taliban foi considerado terrorista pela Casa Branca apesar de ter sido constitucionalmente eleito.
O 11 de Setembro de 2001 conseguiu conquistar um fato inédito na história do chamado movimento trotskista internacional ao longo dos últimos anos, qual seja, a unanimidade (ou quase, a exceção ficou por conta da LBI) monolítica à condenação do ataque ao Pentágono e às Torres Gêmeas, onde se localizava a sede da agência da CIA em New York, "pequeno detalhe" omitido completamente.
Invocando o velho bolchevique, os bastardos do trotskismo, os mesmos que enlameiam a bandeira da IV Internacional nos mastros da frente popular, logo se apressaram em prestar solidariedade às vítimas "inocentes", alvos da sanha "criminosa" de bárbaros muçulmanos que recorrendo aos métodos do "terrorismo individual" teriam provocado a fúria do grande império, trazendo enormes prejuízos aos seus "planos" políticos de ascenderem os degraus do Estado "democrático" pela via do sufrágio universal.
Estes revisionistas de todos os matizes, nem sequer envergonharam-se em somar na época ao coro do governo Bush e sua frente "antiterror" na condenação do ataque militar sofrido pelos EUA em 11 de setembro.
Na mão desses senhores, Trotsky é como uma espécie de "ungüento milagroso" que serve para todos os "males" derivados de suas "doenças crônicas" do centrismo, até a contra-revolução aberta, como foi no caso da ex-URSS. E como Trotsky se bateu programaticamente contra o terrorismo individual, nada mais "justo" do que "enquadrar", segundo as conveniências de plantão, os acontecimentos de 11 de setembro na categoria do terrorismo individual para depois derramarem suas lágrimas no caudal reacionário de solidariedade ao imperialismo.
A polêmica em torno dos métodos do terrorismo individual não é nova, remonta à própria gênese do Partido Bolchevique, que na figura de Lênin foi obrigado a estabelecer uma rigorosa delimitação política e programática com os "narodiniks", membros da organização "Narodnaia Volia" (Vontade do Povo, em russo).
Lênin teve nada mais que um irmão (o mais velho, que lhe introduziu as primeiras noções de marxismo) executado pelo regime tzarista sob a acusação de praticar "atos terroristas". A crítica radical elaborada por Lênin aos métodos do terrorismo individual partia sempre do pressuposto de sua ineficiência política para despertar a consciência de classe e a própria ação independente do proletariado. Nunca combateu o "terrorismo" sob a ótica da moral burguesa, mas sim pela pouca ou nenhuma função política de seus atos.
O método do terrorismo individual acaba por prostrar as massas de sua ação direta, fazendo crer que um "punhado" de militantes "iluminados" que sacrificam a própria vida pela causa dos oprimidos são capazes de liquidar os carniceiros e verdugos das classes dominantes. Lênin sempre ressaltou que sua crítica estava centrada na pouca utilidade política do método do terrorismo individual e jamais em sua condenação pelo "excesso" ou "barbaridade" de seus atos. Anos mais tarde, o próprio Partido Bolchevique recorreu aos métodos do "terror militar" no calor da guerra civil, completamente distintos, no conteúdo (apesar da similaridade da forma) dos métodos do terrorismo individual.
Herdeiro da tradição leninista, o velho Trotsky também polemizou contra os equívocos do terrorismo individual, sempre frisando que suas simpatias estão com os "vingadores" e nunca com os "vingados" pertencentes às camadas do establishment burguês. Como dirigente do exército vermelho em meio a duas guerras, Trotsky sabia muito bem distinguir entre um alvo militar e um alvo civil, mesmo que no primeiro caso nunca pudesse se obter uma "pureza total", o que implicaria que um ataque sobre um alvo justo, do ponto de vista da política militar dos oprimidos, poderia atingir vítimas civis e não diretamente vinculadas no conflito. Mesmo os fuzilamentos exemplares, como foi o caso da família do Tzar, tinham um conteúdo simbólico para as massas, apesar de não atingir exclusivamente personalidades políticas ou militares das classes dominantes. A diferença fundamental entre o terrorismo individual, praticado quase sempre por pequenos grupos isolados do movimento operário e o terrorismo militar, utilizado em meio a grandes conflitos (guerras internacionais ou civis, revoluções etc.), reside na motivação política justa para sua utilização.
Como Trotsky mesmo afirma, os oprimidos podem e devem utilizar-se dos recursos militares de que dispõem, regulares ou não, como a sabotagem em território inimigo, por exemplo.
Os revisionistas do genuíno trotskismo que condenaram com veemência os "atentados" de 11 de setembro, "esqueceramm-se" que o governo Clinton bombardeou o Afeganistão com mísseis de alta destruição, causando a morte de milhares de vítimas inocentes na cidade de Cabul.
Ressaltamos que os bombardeios sobre a capital afegã foram indiscriminados a bairros civis e não às sedes do governo Taleban. Não conseguimos lembrar de nenhum "choro" ou "lágrimas derramadas" pela mídia às vítimas afegãs de 1998.
Mas quando há uma resposta militar dos oprimidos, que se utilizam de meios semelhantes ao terrorismo individual para atacar, nos alvos militares e políticos, o coração do império, todos se levantaram em uníssono para condenar a "crueldade" do ataque ao Pentágono e às torres do WTC.
Valeria a pena lembrar que no mesmo dia 11 de setembro de 2001, a Unicef revelou que 36.000 crianças morreram de fome no chamado terceiro mundo, vítimas da política colonizadora do imperialismo genocida. Também não se ouviu falar de uma única "lágrima derramada".
Nós, marxistas revolucionários da LBI, fiéis à herança revolucionária de Lênin e Trotsky, não nos juntamos nem em 2001 nem muito menos agora, 22 anos depois, à frente contra-revolucionária para condenar o suposto "ato terrorista" perpetrado em 11 de setembro.
Apontamos sim sua incapacidade política em conduzir os oprimidos a uma vitória cabal sobre o imperialismo. Denunciamos vigorosamente as direções fundamentalistas na condução e execução equivocadas da "vingança" contra o monstro imperialista. O caráter reacionário destas direções, levaram inclusive à sua própria derrota política e militar frente à ocupação ianque no Afeganistão e parte do Paquistão.
Passados 22 anos de ocupação imperialista, a população em geral deu as boas-vindas ao Talibã e praticamente não houve resistência armada e tampouco política. Na verdade, os talibãs são verdadeiros afegãos que lutaram contra a ocupação imperialista do Afeganistão, derrotada com uma fuga humilhante das tropas ianques.